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ELEIÇÕES 2006
Tucanos tentam minimizar efeitos de declarações; pefelistas se solidarizam com governador
Críticas de Lembo agravam crise entre Alckmin e o PFL
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência ardeu
em fogo amigo ontem. Além de o
PFL ter contrariado Alckmin na
escolha do senador José Jorge para vice de sua chapa, o governador
de São Paulo, Cláudio Lembo, traduziu, em entrevista à Folha, a
turbulência no relacionamento
do PSDB com seu aliado.
Incomodado com declarações
de Alckmin sobre a crise de segurança no Estado, Lembo co-responsabilizou o antecessor ao afirmar que herdara a estrutura de segurança. Ele também foi irônico
quando contou ter recebido dois
telefonemas do tucano, porque
"pulsos são tão caros".
"Essa conversa é pequena demais para o tamanho do fato.
Agora, precisamos de união para
enfrentar a crise. E quem fizer
apropriação política disso vai se
dar mal", reagiu o coordenador-geral da campanha de Alckmin,
senador Sérgio Guerra (PE).
Guerra negou que Alckmin tenha defendido o uso de força federal no Estado, uma das causas
da irritação de Lembo. Segundo
ele, o candidato afirmou que, "em
princípio", não descartaria o
apoio. Alckmin, por sua vez, afirmou ter conversado com Lembo
todos os dias. Mas alegou que não
pretendia interferir em seu trabalho. A situação, porém, pode se
agravar caso Lembo demita, como se cogita, o secretário de Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, herdado do PSDB.
Alto custo
Embora se esforçassem para
minimizar a idéia de crise, tucanos se queixavam do alto custo
imposto pelo PFL para a aliança,
com exigências nos Estados. Em
conversas informais, um deles declarava ódio à "pefelândia".
Enquanto, ao menos publicamente, os tucanos tentavam apagar o incêndio, os pefelistas manifestavam apoio ao governador.
Segundo o prefeito do Rio, Cesar Maia, Lembo contrariou a tradição de desaparecer em crises e
"inovou, foi de peito aberto ao
contato público": "Ele se mostrou
um sucessor muito mais de Covas
que de Alckmin", ironizou o prefeito. Líder do PFL na Câmara,
Rodrigo Maia (RJ), disse que o
partido lembra a máxima do governo Fernando Henrique Cardoso, que "não recolhia os corpos de
aliados abatidos no caminho".
Segundo pefelistas, Lembo se
expôs ao rejeitar a ajuda federal, o
que acabou preservando Alckmin
da imagem de ineficiência no
combate à criminalidade. O próprio Alckmin teria descartado a
necessidade de envio de tropas.
Mas, após se reunir com o senador Antônio Carlos Magalhães
(PFL-BA) -um crítico de Lembo-, Alckmin disse que não descartaria o apoio. Lembo estrilou:
"Foi um desabafo", disse o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.
A eleição de José Jorge em detrimento do líder do PFL no Senado
e preferido de Alckmin, José Agripino Maia (RN), também produziu desconforto. Questionado por
um tucano sobre a escolha do pior
vice, um pefelista respondeu que
o PSDB também optara pelo pior
candidato à Presidência.
A entrevista de Lembo também
respingou na candidatura do tucano José Serra ao governo do Estado. O governador disse à Folha
que não recebeu um único telefonema do ex-prefeito desde a explosão da crise. Serra passa uma
semana ao lado do filho na Itália.
Segundo Kassab e o secretário
de governo de São Paulo, Aloysio
Nunes Ferreira, Serra telefonou
diariamente para dar sugestões
para o enfrentamento da crise.
"Serra é solidário à atitude do governador. Mas o que adiantaria
telefonar a Lembo? Quem quer tirar casquinha da situação é o
[Aloizio] Mercadante", disse Nunes Ferreira, chamando de factóide a oferta de ajuda federal.
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