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ELEIÇÕES 2006
Disputa pela vaga de vice do tucano foi decidida por seis votos e reflete a divisão entre os grupos de ACM e do presidente do partido, Jorge Bornhausen
PFL ignora Alckmin e escolhe José Jorge
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O PFL escolheu para ser vice na
chapa de Geraldo Alckmin à Presidência o nome que menos agradava ao tucano, o senador José
Jorge (PE). Alckmin preferia que
o também senador José Agripino
Maia (RN), derrotado ontem na
disputa interna do partido, fosse
seu companheiro na campanha.
A aliança entre os dois partidos
será formalizada no próximo dia
29, em Recife.
Após o anúncio do resultado,
Alckmin telefonou para Agripino,
disse esperar "contar com o apoio
dele na campanha e no governo"
e lamentou o resultado: "Raspamos na trave, hein?".
Em público, Alckmin desconversou. "A minha preferência era
pelo José. Havia dois Josés, o Jorge
e o Agripino. Se eu pudesse escolher, teria dois vices. Mas esta é
uma escolha que cabe ao PFL. O
senador José Agripino vai nos
ajudar, vai cooperar conosco",
disse Alckmin ontem, em Belém.
Vencedor da prévia, Jorge afirmou que trabalhará para desatar
os últimos nós que ainda emperram a aliança em alguns Estados e
que montará "pontos de apoio"
para que Alckmin possa crescer
no Nordeste. "Vou cumprir o papel que o presidente [Alckmin]
escolher", declarou o escolhido.
Jorge também enumerou os três
pontos principais para a construção do programa de governo: "A
ética, que foi jogada no lixo neste
governo, a geração de empregos e
a educação". Questionado sobre a
segurança pública, disse que "é
preciso ser o mais rigoroso possível com o crime organizado" e
que "não existe bandidagem local
mas bandidagem nacional".
Ex-ministro de Minas e Energia
do governo Fernando Henrique
Cardoso, Jorge esquivou-se de
comparações entre a gestão passada e um eventual governo Alckmin. "São os mesmos partidos, as
mesmas alianças, mas são governos diferentes", disse. Sobre a falta de energia elétrica que assolou
o país em sua gestão no ministério, declarou: "Eu fui o ministro
que salvou o Brasil do apagão. Para se instalar uma crise energética
são necessários quatro anos".
Divisão no PFL
A indicação do candidato a vice
foi feita em uma espécie de prévia,
com urna e voto secreto, na presidência do partido, em Brasília.
Foram consultados 96 membros
da sigla entre as bancadas da Câmara e do Senado, os governadores e vices, membros da Executiva
Nacional e prefeitos de capitais. A
decisão ainda tem de ser referendada em convenção nacional,
marcada para 14 de junho.
A votação durou duas horas e
meia. A apuração, realizada na seqüência, foi acompanhada sob
tensão pelos dois senadores que
pleiteavam o posto e decidida por
seis votos a favor de Jorge: 51 a 45,
o que reflete a divisão entre as alas
do PFL ligadas ao presidente do
partido, Jorge Bornhausen (SC),
que apoiava Jorge nos bastidores,
e ao senador Antonio Carlos Magalhães (BA), que trabalhava pela
indicação de Agripino.
Com o anúncio do placar adverso, Agripino deixou a sala abatido, com ACM. Mais tarde, disse
que esperava ganhar. "Eu tinha as
minhas contas, mas muitas pessoas mudaram de opinião".
Nos bastidores, comentava-se
que o pano de fundo da disputa
fora a vitória de Bornhausen e do
prefeito do Rio de Janeiro, Cesar
Maia, sobre o grupo "carlista".
"Foi uma eleição empatada. As
duas vertentes eram positivas:
uma queria um vice ativo, a outra,
mais discreto. Do ponto de vista
eleitoral, acho o vice mais discreto
melhor porque é bom um vice
que não atrapalha", disse o prefeito do Rio. "O placar apertado
mostra que os dois tinham prestígio. O partido sai unido e agora
vamos completar e formalizar a
aliança", disse Bornhausen.
Dos 96 integrantes, apenas seis
não foram a Brasília e enviaram
os votos por outros consultados,
entre eles o governador de São
Paulo, Cláudio Lembo, cujo voto
foi levado pelo prefeito da capital
paulista, Gilberto Kassab.
Colaborou a Agência Folha, em Belém
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