|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÁFIA DOS SANGUESSUGAS
Pelo menos mais oito deputados podem ser investigados; PPS, PV e PSOL apresentam pedido de CPI
Corregedoria deve ampliar investigações
RANIER BRAGON
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A presidência do Congresso recebeu na tarde de ontem o pedido
de abertura de uma CPI para investigar o esquema de venda de
ambulâncias superfaturadas a
prefeituras. Além disso, o número
de deputados investigados pela
Corregedoria da Câmara sob suspeita de integrar a "máfia dos sanguessugas" deve subir de 16 para
pelo menos 24 nas próximas semanas.
O funcionamento da CPI, que
seria composta por deputados e
senadores, é dado como improvável, entretanto, por muitos. A
aproximação das eleições e a Copa do Mundo em junho tendem a
esvaziar o Congresso a partir do
próximo mês.
O requerimento foi apresentado
por deputados do PPS, PV e PSOL
e trazia a assinatura de 30 senadores (quatro a mais do que o mínimo necessário, que era 27) e 210
deputados federais (39 a mais do
que o necessário, 171), mas os órgãos técnicos da Câmara e do Senado ainda fariam a conferência
das assinaturas -poderia haver
duplicidade ou rubricas inválidas.
Caso o número de assinaturas
se mostre suficiente, caberá ao
presidente do Congresso, senador
Renan Calheiros (PMDB-AL),
avaliar se há o chamado "fato determinado" para a investigação e,
após isso, marcar sessão do Congresso para criar a comissão mista
(com senadores e deputados).
Praticamente não havia assinaturas de petistas no requerimento, classificado de "factóide" pelo
líder do partido na Câmara. "A
CPI é mais um factóide do que um
passo efetivo no aprofundamento
das investigações. (...) Uma CPI,
nesse momento, não resolve, o
que resolve é continuar a aprofundar as investigações técnicas e
equilibradas da Polícia Federal e
do Ministério Público", disse
Henrique Fontana (RS).
Um dos responsáveis pelo recolhimento das assinaturas, o deputado Raul Jungmann (PPS-PE),
rebateu: "O que o PT está buscando é uma desculpa, porque eles
não assinaram e fugiram do compromisso de investigar".
A "máfia dos sanguessugas"
veio à tona por meio de operação
da Polícia Federal que resultou na
prisão de mais de 40 pessoas. O
esquema, segundo a PF, seria o seguinte: deputados e senadores incluiriam no Orçamento da União
emendas para a aquisição de ambulâncias por prefeituras. Estas
forjariam licitações para adquirir
os veículos superfaturados da empresa Planam, apontada como a
cabeça da fraude. O valor excedente seria distribuído entre os
integrantes da quadrilha.
Novos nomes
A Corregedoria da Câmara já
investiga 16 deputados federais,
apesar de a ex-servidora do Ministério da Saúde Maria da Penha
Lino -que seria o braço da quadrilha no Executivo- afirmar,
em depoimento, que a Planam
mantinha contato com 283 parlamentares.
O número de casos na Corregedoria deve subir para pelo menos
24 já que perícia na contabilidade
da Planam indicou que pelo menos oito nomes além dos 16 já investigados aparecem como recebedores de dinheiro da empresa.
Ontem, o deputado licenciado
Lino Rossi (PP-MT) foi à Corregedoria e, em ofício, assumiu como sendo sua a voz atribuída a Ricarte de Freitas (PTB-MT) em
gravação feita pela PF durante a
investigação. Freitas é um dos investigados; Rossi havia tido seu
caso arquivado.
No diálogo gravado, o parlamentar conversa com a assessora
Maria da Penha sobre uma emenda e revela a intenção de receber
vantagem financeira após a liberação do recurso. "Devo, a bem da
verdade, reconhecendo o número
de contato telefônico, assumir a
integralidade desse diálogo, exonerando o deputado federal Ricarte de Freitas de quaisquer responsabilidades sobre esse fato",
diz o ofício.
Texto Anterior: Saiba Mais: Deputado do PP foi acusado de operar mensalão Próximo Texto: Frases Índice
|