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Coaf vê movimentação suspeita de R$ 170 mi
Relatórios do conselho apontam operações atípicas desde 2004 envolvendo 45 pessoas citadas na Operação Navalha
Detalhes sobre saques, depósitos e transações eletrônicas foram enviados
nos últimos quatro anos à PF e ao Ministério Público
VALDO CRUZ
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pelo menos 45 pessoas envolvidas na Operação Navalha
apresentaram movimentações
financeiras suspeitas desde
2004 de no mínimo R$ 170 milhões. É o que apontam cinco
relatórios produzidos pelo Coaf
(Conselho de Controle de Atividades Financeiras), órgão ligado ao Ministério da Fazenda.
Os documentos, detalhando
as operações atípicas como saques, depósitos e transações
eletrônicas, foram encaminhados nos últimos quatro anos
pelo Coaf à Polícia Federal e ao
Ministério Público como subsídios para investigações.
A Operação Navalha foi deflagrada pela PF na quinta e
prendeu, em nove Estados, 47
suspeitos de integrar um esquema de desvio de recursos
públicos, que recebia verbas até
por obras não realizadas.
Entre as pessoas presas envolvidas no esquema, que começou a ser investigado em
2005, estão o ex-governador do
Maranhão José Reinaldo Tavares, o deputado distrital Pedro
Passos (PMDB-DF), um assessor do Ministério de Minas e
Energia e o empresário Zuleido
Veras, suspeito de ser o chefe
da organização e dono da empreiteira Gautama.
O Coaf faz um trabalho de inteligência financeira a partir de
dados sobre saques superiores
a R$ 100 mil informados pelo
sistema financeiro ao órgão. De
posse das informações, ele faz
cruzamentos e identifica as
operações incompatíveis com
rendimentos declarados à Receita Federal.
O primeiro relatório do Coaf,
que envolve pessoas físicas e jurídicas da operação, data de 13
de julho de 2004. Lista 43 pessoas com operações financeiras
suspeitas de R$ 35,8 milhões.
Outros relatórios
Em 2005, mais dois relatórios foram elaborados. Um de
26 de janeiro, no qual 15 pessoas são suspeitas de movimentar irregularmente R$ 81,3
milhões, e outro de 13 de maio
-cinco pessoas com operações
no valor de R$ 40 milhões.
No ano passado, mais dois
documentos. Um deles, de 26
de abril, relaciona 19 pessoas a
R$ 170,6 milhões de movimentações financeiras atípicas. O
último, de 10 de maio, inclui 39
pessoas e R$ 89,4 milhões.
Segundo o Coaf, os valores de
um relatório não podem ser somados aos dos demais porque
várias operações são citadas em
mais de um documento. O mesmo ocorre com as pessoas.
O órgão informou, porém,
que é possível dizer que há pelo
menos R$ 170 milhões de operações atípicas e que um cruzamento feito pelos técnicos
aponta 45 pessoas físicas e jurídicas ligadas direta ou indiretamente ao esquema desmontado pela Polícia Federal.
Os documentos do Coaf auxiliaram a PF na montagem da
operação e, principalmente, na
identificação das contas bancárias de membros da organização. Com isso, foi possível solicitar imediatamente o bloqueio
dessas contas bancárias e evitar
o que ocorreu na Operação
Hurricane, quando alguns dos
envolvidos tentaram fazer saques de dinheiro.
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