São Paulo, sábado, 19 de maio de 2007

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Coaf vê movimentação suspeita de R$ 170 mi

Relatórios do conselho apontam operações atípicas desde 2004 envolvendo 45 pessoas citadas na Operação Navalha

Detalhes sobre saques, depósitos e transações eletrônicas foram enviados nos últimos quatro anos à PF e ao Ministério Público


VALDO CRUZ
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pelo menos 45 pessoas envolvidas na Operação Navalha apresentaram movimentações financeiras suspeitas desde 2004 de no mínimo R$ 170 milhões. É o que apontam cinco relatórios produzidos pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), órgão ligado ao Ministério da Fazenda.
Os documentos, detalhando as operações atípicas como saques, depósitos e transações eletrônicas, foram encaminhados nos últimos quatro anos pelo Coaf à Polícia Federal e ao Ministério Público como subsídios para investigações.
A Operação Navalha foi deflagrada pela PF na quinta e prendeu, em nove Estados, 47 suspeitos de integrar um esquema de desvio de recursos públicos, que recebia verbas até por obras não realizadas.
Entre as pessoas presas envolvidas no esquema, que começou a ser investigado em 2005, estão o ex-governador do Maranhão José Reinaldo Tavares, o deputado distrital Pedro Passos (PMDB-DF), um assessor do Ministério de Minas e Energia e o empresário Zuleido Veras, suspeito de ser o chefe da organização e dono da empreiteira Gautama.
O Coaf faz um trabalho de inteligência financeira a partir de dados sobre saques superiores a R$ 100 mil informados pelo sistema financeiro ao órgão. De posse das informações, ele faz cruzamentos e identifica as operações incompatíveis com rendimentos declarados à Receita Federal.
O primeiro relatório do Coaf, que envolve pessoas físicas e jurídicas da operação, data de 13 de julho de 2004. Lista 43 pessoas com operações financeiras suspeitas de R$ 35,8 milhões.

Outros relatórios
Em 2005, mais dois relatórios foram elaborados. Um de 26 de janeiro, no qual 15 pessoas são suspeitas de movimentar irregularmente R$ 81,3 milhões, e outro de 13 de maio -cinco pessoas com operações no valor de R$ 40 milhões.
No ano passado, mais dois documentos. Um deles, de 26 de abril, relaciona 19 pessoas a R$ 170,6 milhões de movimentações financeiras atípicas. O último, de 10 de maio, inclui 39 pessoas e R$ 89,4 milhões.
Segundo o Coaf, os valores de um relatório não podem ser somados aos dos demais porque várias operações são citadas em mais de um documento. O mesmo ocorre com as pessoas.
O órgão informou, porém, que é possível dizer que há pelo menos R$ 170 milhões de operações atípicas e que um cruzamento feito pelos técnicos aponta 45 pessoas físicas e jurídicas ligadas direta ou indiretamente ao esquema desmontado pela Polícia Federal.
Os documentos do Coaf auxiliaram a PF na montagem da operação e, principalmente, na identificação das contas bancárias de membros da organização. Com isso, foi possível solicitar imediatamente o bloqueio dessas contas bancárias e evitar o que ocorreu na Operação Hurricane, quando alguns dos envolvidos tentaram fazer saques de dinheiro.


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