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Minc propõe que militares façam defesa da Amazônia
Futuro ministro leva hoje a Lula dez sugestões para o Ministério do Meio Ambiente
Petista afirma ter dúvida de estar à altura do cargo e que ambientalista e "ecochatos de plantão" também têm de ter bom senso e limites
MALU TOLEDO
DA SUCURSAL DO RIO
Convidado para assumir o lugar de Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente, Carlos
Minc (PT) afirmou ontem, ao
desembarcar no Rio, vindo de
Paris, que vai propor ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva
que as Forças Armadas ajudem
na proteção da Amazônia.
Atual secretário de Estado do
Ambiente do Rio, Minc disse
que fará pelo menos dez sugestões ao presidente na reunião
marcada para às 17h30 de hoje
no Palácio do Planalto, quando
será formalizado o convite para
o ministério. Algumas das propostas já foram divulgadas por
ele na entrevista dada em Paris.
Minc disse que pretende
complementar o PAS (Plano
Amazônia Sustentável) com
um programa de "desmatamento zero em sete anos". Segundo o petista, a idéia se baseia em um plano de "desmatamento zero" elaborado por
ONGs e fundações e pelo atual
presidente do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), Luciano
Coutinho, que foi abandonado.
Minc considera o plano "consistente", embora admita que o
conheça só "superficialmente".
Ele acha que abaixo do ministro Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), coordenador do PAS, deveria ter um gestor local, alguém que conheça bem a região. Lula entregou
a coordenação do plano a Unger com a alegação de que Marina não tinha "isenção".
Minc disse que espera que
Lula dê condições para que ele
trabalhe como fez o governador
Sérgio Cabral (PMDB-RJ). Ele
vai sugerir que regimentos das
Forças Armadas se integrem na
defesa das unidades de conservação da Amazônia, como foi
feito com os bombeiros que se
tornaram guarda-parques em
áreas protegidas do Rio.
Assim como fez no Estado,
ele pretende agilizar a liberação
de licenciamentos ambientais.
Minc disse que a rapidez com
que licenciou obras como o
Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) "encheu os olhos do presidente".
Outra sugestão é que a Academia Brasileira de Ciências faça um projeto de pesquisa de
ponta para utilização da biodiversidade e da biotecnologia da
floresta amazônica. "Transformar o banco genético da Amazônia em pastagem de baixa
produtividade é colocar a ecologia contra a barbárie", disse.
Encontro com Marina
Em Paris, Minc sentiu a pressão de substituir Marina ao responder à imprensa internacional quais as garantias de que a
Amazônia não será devastada.
Ele disse que pretende manter
a política da ex-ministra e que
se reunirá com ela hoje, antes
da conversa que terá com Lula.
"Eu, que não pedi para ser
ministro, tive de explicar para a
imprensa internacional porque
a Amazônia não vai virar carvão. Não vai virar carvão porque a gente vai manter não só a
política da Marina como vamos
fazer outras coisas que ela não
fez, que eu espero que tenhamos capacidade de fazer."
Após dizer que o governador
de Mato Grosso, Blairo Maggi
(PR), se pudesse, plantaria soja
até nos Andes, Minc contemporizou. Ele afirmou que, assim
como os ruralistas, os ambientalistas também têm que ter
bom senso e algum limite.
"Nós, os ambientalistas, os
ecochatos de plantão, também
temos que ter bom senso. Se os
ambientalistas, sobretudo os
mais puros e duros, se nós fôssemos muito fortes há 80 anos,
provavelmente não haveria Pão
de Açúcar e Corcovado, que foram feitos em costão rochoso.
Acho que o limite deve ser para
todos. Espero que com essa o
Maggi continue não gostando
muito de mim, mas pelo menos
fique achando que eu sou menos maluco do que o que eu
realmente sou", disse.
Sobre as críticas de que teria
sido arrogante ao colocar condições para aceitar o cargo, disse que seria arrogância se ele se
considerasse o "Super Minc" e
não assumisse que tem dúvidas
de estar à altura do trabalho.
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