São Paulo, terça-feira, 19 de maio de 2009

Próximo Texto | Índice

Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Me dê motivo

No esforço para matar no nascedouro a CPI da Petrobras, líderes governistas passaram a reproduzir, no fim de semana, um discurso até então restrito ao baixo clero. A formulação corre mais ou menos assim: já que a oposição resolveu criar uma CPI de "conteúdo político", por que não incentivar um plebiscito sobre a possibilidade de um terceiro mandato para Lula?
A ideia surgiu em conversas entre expoentes de partidos da base. Quem ouviu ficou com a impressão de que o objetivo imediato é meter medo na oposição e melar a CPI. "Mas não deixa de ser curioso que isso coincida com a volta do zunzum em torno do terceiro mandato", pondera uma das cobaias da maquinação.



Na rua. Outra contraofensiva à CPI em gestação no PT passa pela CUT. A central tem em seu guarda-chuva os sindicatos do setor petroleiro.

Divã. Os senadores Sérgio Guerra (PE), presidente do PSDB, e José Agripino (RN), líder do DEM no Senado, reúnem-se hoje para "afinar os instrumentos" depois das desavenças da semana passada. Prometem atuar em sintonia no que diz respeito à CPI.

Que medo! Único senador governista a retirar sua assinatura para tentar abortar a CPI, Cristovam Buarque (PDT-DF) se enrolou em justificativas na tribuna: "É um governo que não tem coordenação para nada, a não ser para fazer o mal. Quem fez o trabalho sujo está nas catacumbas do Palácio do Planalto".

Tudo é relativo 1. Apesar da desvantagem numérica na composição da CPI, a oposição faz questão de lembrar que também era minoria na comissão dos Bingos, responsável pela artilharia que terminou por derrubar Antonio Palocci do Ministério da Fazenda. Ali, tucanos e "demos" tinham 5 das 15 cadeiras.

Tudo é relativo 2. Uma das manobras para diminuir a desvantagem é pressionar pela escolha de alguns governistas mais "independentes". No PDT, os tucanos gostariam de Osmar Dias (PR) ou Patrícia Saboya (CE). No PTB, de Mozarildo Cavalcanti (RR). No PR, de César Borges (BA) ou Expedito Júnior (RO).

Vips. Além de Dilma Rousseff, outra autoridade que deve marcar presença na celebração do Pentecostes na paróquia de São José, em Taguatinga, é o ministro do Supremo Carlos Alberto Direito, frequentador assíduo das missas do padre Moacir.

Rápidas. José Serra estreou no Twitter. As primeiras postagens do microblog do governador tratam de sua passagem pela virada cultural no interior paulista, no fim de semana, de evento na represa de Guarapiranga e da participação que faria ontem à noite no programa de Luciana Gimenez para falar da lei antifumo.

Personagens. O recibo da doação de R$ 200 mil da empresa de tabaco Alliance à campanha de Yeda Crusius em 2006 leva a assinatura de Bercílio Luiz da Silva, e data de 25 de novembro. Hoje, o tucano dirige o Porto do Rio Grande. O dinheiro não consta da prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral.

De volta. Grampeado pelo vice-governador Paulo Feijó, o ex-chefe da Casa Civil de Yeda, Cesar Busatto, assume hoje a secretaria de Desenvolvimento de Santa Maria.

Marcha lenta. Desde 2000, no primeiro quadrimestre de cada ano foram criados, em média, 498 mil empregos na economia brasileira. Neste ano, mesmo com a boa recuperação de abril, o saldo foi de 48 mil (ou 9,6% da média dos últimos dez anos).

Lançamento. O tributarista Ives Gandra da Silva Martins lança hoje em São Paulo o romance "Um Advogado em Brasília". O autor estará a partir das 18h no Café do Pateo (pça. Pateo do Collegio, nº 2).


com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"O PT gosta dessa tática de repetir mentiras para fazer terrorismo. É a postura, como diria o presidente Lula, de gente irresponsável."

Do senador SÉRGIO GUERRA (PSDB-PE), sobre declaração do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, segundo quem os tucanos querem desmoralizar a Petrobras para no futuro privatizá-la.

Contraponto

Ex-tudo

Na mais recente reunião do conselho da TV Brasil, discutia-se a nova grade de programação da emissora, criada no segundo mandato de Lula. Um dos participantes defendia a necessidade de colocar uma determinada atração antes de outra, como forma de alavancar a audiência.
O conselheiro José Paulo Cavalcanti Filho discordou. Em seu entender, essa não deveria ser a preocupação de uma emissora pública.
-Isso é coisa de ex-Globo- criticou o advogado.
Presente à mesa, o ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, comentou:
-Imagine eu, que sou ex-Globo e ex-comunista...


Próximo Texto: Para combater CPI, governo recorre a terrorismo retórico
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.