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SAIBA MAIS
Cálculo tira dados que possam causar variações bruscas
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O cálculo do núcleo da inflação é uma fórmula de medir a
variação dos preços que expurga dos dados pesquisados
aqueles que possam causar variações bruscas no índice. O
objetivo é evitar que a tendência normal da inflação seja alterada por forte aumento ou baixa conjuntural de certos itens.
A vantagem seria captar a
tendência real da evolução dos
preços. Quando a tendência de
inflação é de alta, o Banco Central aumenta os juros a fim de
controlar e baixar os preços.
O índice "normal" de inflação (ou o IPCA "cheio"), porém, pode subir devido a um
aumento violento e passageiro
de preços (o feijão fica mais caro por alguns meses porque
não choveu, por exemplo).
Se o índice "normal" aponta
falsa tendência de alta geral de
preços, o Banco Central pode
aumentar desnecessariamente
os juros, o que também desnecessariamente encareceria o
crédito, reduziria o crescimento da economia e provocaria
desemprego.
A FGV (Fundação Getúlio
Vargas) calcula o núcleo de um
dos seus índices, o IPC (Índice
de Preços ao Consumidor), expurgando do resultado da pesquisa os 20% dos itens que tiveram variação mais alta e os 20%
dos itens que tiveram variação
mais baixa durante o período
usado no cálculo.
A inflação oficial do Brasil,
que serve como parâmetro para o regime de metas inflacionárias adotado pelo governo
desde meados de 1999, é o IPCA (Índice Nacional de Preços
ao Consumidor Amplo). Esse
índice é calculado pelo IBGE
pela fórmula plena, sem nenhum expurgo.
Os economistas, em geral,
consideram a fórmula do núcleo a mais adequada para uso
por países que utilizam metas
inflacionárias como parâmetro
para calibrar variáveis macroeconômicas. A fórmula é usada,
por exemplo, pelo Reino Unido
- sempre citado como modelo do regime de metas.
O Brasil decidiu aderir a esse
regime quando Armínio Fraga
assumiu a presidência do BC
logo após a crise cambial em janeiro de 1999. Pouco tempo depois do anúncio da medida, o
ministro Pedro Malan afirmou
que a inflação calculada pelo
núcleo era a mais adequada para o regime de metas inflacionárias. Segundo ele, a adoção
dessa fórmula era algo a ser
perseguido no futuro.
Malan até falou em um prazo
de cinco anos necessário para
colocar a idéia em prática. Ele
argumentou que a memória
dos brasileiros relacionada
com expurgo de inflação tornava desaconselhável a adoção,
naquele momento, de qualquer
tipo de índice expurgado.
O episódio mais conhecido
de expurgo de inflação foi nos
anos 70, quando o hoje deputado federal Antonio Delfim Netto (PPB-SP) comandava a economia. Ele queria um índice
expurgado do preço da gasolina. O problema foi que os salários eram indexados pela inflação. Os protestos foram gerais.
Colaborou a Redação
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