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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Tucano, que havia feito o convite ao presidente do Banco Central, se recusou a dizer se manteria Malan
Armínio aceita ficar no BC em governo Serra
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Banco Central,
Armínio Fraga, disse ontem que
aceita continuar no cargo em um
eventual governo do tucano José
Serra (SP).
"Ótimo, então já estamos combinados", reagiu o candidato da
coligação PSDB-PMDB à Presidência, ao saber da declaração.
Serra, no entanto, se recusou a
dizer se manteria o atual ministro
Pedro Malan na Fazenda. "Já chega o presidente do Banco Central.
Eu não vou nomear o ministério
hoje", respondeu o tucano, ao ser
questionado por jornalistas, após
debate ontem na Câmara Brasileira da Indústria da Construção.
Serra contou que já havia feito o
convite pessoalmente a Armínio.
"Se eu for eleito, gostaria que você
continuasse a presidir o Banco
Central", teria dito ao economista, numa conversa antes mesmo
de ser confirmado candidato do
PSDB, o que ocorreu na convenção do partido no último sábado.
Serra tornou pública sua intenção de convidar Armínio em entrevista publicada pela Folha no
sábado. Armínio só respondeu
ontem, também por meio de entrevista. Com a escolha antecipada do presidente do BC, Serra
quer sinalizar aos mercados que
não patrocinará mudanças bruscas na atual política econômica, se
for eleito em outubro.
Com o mesmo objetivo, Serra
disse ontem que vai prorrogar o
acordo feito com o FMI (Fundo
Monetário Internacional), que
vence em setembro deste ano.
O tucano voltou a considerar
perfeitamente manejável a dívida.
E detalhou por que: o prazo médio da dívida, segundo ele, é de 24
meses e está quase toda nas mãos
de nacionais, não de estrangeiros,
ao contrário do que ocorreria
com a dívida argentina.
Serra questionou a acusação segundo a qual os tucanos e seus
aliados fazem terrorismo eleitoral
ao dizer que o Brasil pode virar
uma nova Argentina. "Não só o
Brasil, mas qualquer país do
mundo globalizado [pode vir a
sofrer o processo de decomposição econômica ocorrido na Argentina], se não tiver uma boa administração".
Sinal
A manutenção de Armínio no
comando do BC é o sinal mais forte emitido até agora por Serra na
sua tentativa de se mostrar como
o candidato mais preparado para
manter a estabilidade econômica
do país.
É também uma maneira de
mostrar ao mercado que, caso
eleito, Serra dará continuidade à
atual política econômica, que tem
como bases o sistema de metas de
inflação, o regime de câmbio flutuante e as metas para superávit
primário (receita menos despesas
do governo, com exceção dos gastos com juros).
Tudo isso com o apoio do FMI,
que tem em Armínio um dos
principais interlocutores no Brasil. Termina no final deste ano o
atual acordo com o Fundo, que
deu ao país acesso a uma linha de
crédito de US$ 15,7 bilhões -dos
quais US$ 10 bilhões devem ser
sacados nos próximos dias.
Devido à vulnerabilidade da
economia brasileira, muitos defendem a prorrogação do entendimento, decisão que só deve ser
tomada pelo próximo presidente.
A dúvida sobre os rumos que a
economia pode tomar após as
eleições tem sido apontada como
a principal causa do nervosismo
que tem tomado conta do mercado nas últimas semanas.
Armínio sempre disse que "não
tinha a intenção de se perpetuar"
no cargo e que achava "saudável"
a existência de um "rodízio" na
presidência da instituição.
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