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"Não é hora de procurar derrotados,
vencedores ou culpados", diz Sarney
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), afirmou ontem que não é hora de buscar derrotados ou vencedores na decisão
dos senadores de aprovar um reajuste para o mínimo maior do que
o proposto pelo governo.
Disse que o Senado é uma Casa
de "lideranças consolidadas", que
votam de acordo com suas "convicções" e não estão sujeitos à imposição de "disciplina partidária". A seguir, os principais trechos de sua entrevista.
Folha- A que o senhor atribui a
derrota do governo ontem na votação do mínimo?
José Sarney- Acho que não tem
derrota. Essa matéria não é uma
questão política, é de convicção.
Temos de compreender que essa
é uma Casa de lideranças consolidadas, com biografias consolidadas. Ninguém pode julgar que a
disciplina partidária pode ser imposta. Aqui, cada um é um líder.
Folha- O senhor está sendo apontado como um dos responsáveis
pelo resultado da votação, já que
os senadores ligados ao senhor votaram contra o governo que queria
manter o mínimo em R$ 260.
Sarney- Lamento a decisão do
Senado. Meu ponto de vista era
pela manutenção da proposta do
presidente da República. Minha
posição é de apoio ao presidente
da República e desejo sucesso e
permanente êxito de seu governo,
acreditando em suas ações. Estou
pronto a ajudar. Ele constitui uma
etapa importante na história republicana.
Folha- O ministro Aldo Rebelo foi
o maior derrotado?
Sarney- Não vou entrar nisso.
Não é hora de buscar culpados,
nem derrotados ou vencidos. Esse
é um episódio que todo ano acontece na época do reajuste do mínimo. Não é uma coisa que pertença
ao governo atual.
Folha- Hoje o senhor conversou
com o presidente da Câmara, João
Paulo Cunha (PT-SP). Ele tem dito
que os deputados irão recompor os
R$ 260. O senhor acha que é fácil?
Sarney- Não quero fazer previsões. Sempre disse que a situação
era muito difícil no Senado. Vi
que as posições estavam muito radicalizadas.
Folha- O senhor chegou a aconselhar um adiamento da votação?
Sarney- Sempre achei a matéria
de difícil aprovação, mas não havia como adiar.
Folha- O senhor conversou com o
presidente Lula depois da votação?
Sarney- Nem antes da votação.
Folha- Há quanto tempo vocês
não se falam?
Sarney- Não estou contando os
dias.
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