São Paulo, sábado, 19 de junho de 2004

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"Não é hora de procurar derrotados, vencedores ou culpados", diz Sarney

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), afirmou ontem que não é hora de buscar derrotados ou vencedores na decisão dos senadores de aprovar um reajuste para o mínimo maior do que o proposto pelo governo.
Disse que o Senado é uma Casa de "lideranças consolidadas", que votam de acordo com suas "convicções" e não estão sujeitos à imposição de "disciplina partidária". A seguir, os principais trechos de sua entrevista.
 

Folha- A que o senhor atribui a derrota do governo ontem na votação do mínimo?
José Sarney-
Acho que não tem derrota. Essa matéria não é uma questão política, é de convicção. Temos de compreender que essa é uma Casa de lideranças consolidadas, com biografias consolidadas. Ninguém pode julgar que a disciplina partidária pode ser imposta. Aqui, cada um é um líder.

Folha- O senhor está sendo apontado como um dos responsáveis pelo resultado da votação, já que os senadores ligados ao senhor votaram contra o governo que queria manter o mínimo em R$ 260.
Sarney-
Lamento a decisão do Senado. Meu ponto de vista era pela manutenção da proposta do presidente da República. Minha posição é de apoio ao presidente da República e desejo sucesso e permanente êxito de seu governo, acreditando em suas ações. Estou pronto a ajudar. Ele constitui uma etapa importante na história republicana.

Folha- O ministro Aldo Rebelo foi o maior derrotado?
Sarney-
Não vou entrar nisso. Não é hora de buscar culpados, nem derrotados ou vencidos. Esse é um episódio que todo ano acontece na época do reajuste do mínimo. Não é uma coisa que pertença ao governo atual.

Folha- Hoje o senhor conversou com o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP). Ele tem dito que os deputados irão recompor os R$ 260. O senhor acha que é fácil?
Sarney-
Não quero fazer previsões. Sempre disse que a situação era muito difícil no Senado. Vi que as posições estavam muito radicalizadas.

Folha- O senhor chegou a aconselhar um adiamento da votação?
Sarney-
Sempre achei a matéria de difícil aprovação, mas não havia como adiar.

Folha- O senhor conversou com o presidente Lula depois da votação?
Sarney-
Nem antes da votação.

Folha- Há quanto tempo vocês não se falam?
Sarney-
Não estou contando os dias.


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