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ESCÂNDALO DO MENSALÃO/UM ANO DEPOIS
João Paulo pode ter recebido R$ 30 mil a mais de Valério
Cruzamento de dados da CPI dos Correios mostra que assessora
do deputado petista esteve duas vezes no Banco Rural de Brasília
Funcionária do parlamentar
diz que esteve no banco
para pagar contas, mas não
explica quais despesa do
deputado foram pagas
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A equipe técnica da CPI dos
Correios encontrou indícios de
que o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) pode ter recebido
pelo menos R$ 30 mil a mais do
"valerioduto" do que os R$ 50
mil já admitidos por ele.
Um cruzamento de dados feito pela já encerrada CPI mostra
que Silvana Paz Japiassu, assessora de João Paulo, esteve
duas vezes na agência do Banco
Rural em Brasília, onde o mensalão era distribuído.
Numa das idas de Silvana ao
banco, no dia 16 de abril de
2004, Eliane Alves Lopes, funcionária da SMPB, também foi
ao Rural e sacou R$ 30 mil. No
mesmo dia, Silvana recebeu
duas ligações da SMPB.
Eliane foi apontada pela CPI
como integrante operacional
do esquema de caixa dois comandado pelo empresário
Marcos Valério de Souza. Ela
era responsável pelos saques da
conta corrente da empresa e
pelo repasse dos valores aos assessores dos deputados.
Os dados referentes a Silvana
Japiassu constam na última
versão da lista elaborada pela
CPI com nomes de 50 assessores parlamentares que foram à
agência do Rural em Brasília.
O levantamento não relacionou apenas as idas dos funcionários da Câmara a saques no
banco. Foram feitos também
cruzamentos de ligações entre
os gabinetes dos deputados, celulares dos funcionários parlamentares e telefonemas das
agência de publicidade de Valério. A lista, porém, não aponta
conclusões. Em muitos casos,
os deputados apresentaram
comprovantes de pagamentos
de contas nas datas em que seus
assessores estiveram no Rural.
Justamente por não ter condições de provar ou descartar o
envolvimento desses funcionários parlamentares com o mensalão, a CPI havia decidido encaminhar a lista ao MPF (Ministério Público Federal), mas,
até a última sexta-feira, a reportagem não conseguiu confirmar o envio do documento.
Ao obter a cópia de uma das
primeiras versões da lista com
os assessores dos 50 deputados,
a Folha contatou Silvana Japiassu, cerca de dois meses
atrás, e ela disse ter ido ao Rural pagar contas do deputado.
Ao ser questionada sobre quais
contas seriam essas, ela disse
que as perguntas deveriam ser
feitas a João Paulo.
Na primeira lista de mensaleiros João Paulo apareceu como tendo recebido um valor de
R$ 200 mil.
A primeira versão de João
Paulo era que sua mulher, Márcia Milanésio, teria ido ao Rural para pagar uma conta da TV
a cabo. Depois, o deputado admitiu ter recebido dinheiro,
mas disse que não eram R$ 200
mil, mas R$ 50 mil. Na última
versão para justificar a quantia,
disse que teria usado os recursos para o pagamento de pesquisas em Osasco (SP), seu reduto eleitoral.
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