São Paulo, terça-feira, 19 de junho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Relator se afasta e conselho adia votação do caso Renan

Polícia deve divulgar resultado da perícia nos documentos do senador hoje, às 11h

Epitácio Cafeteira (PTB-MA) deixou relatoria alegando problemas de saúde; novo relator será definido hoje e votação fica para amanhã

SILVIO NAVARRO
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Diante da resistência de senadores em arquivar o processo contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sem uma perícia conclusiva dos documentos entregues em sua defesa, o senador Sibá Machado (PT-AC), que preside o Conselho de Ética, decidiu adiar por mais um dia a votação, então marcada para hoje.
A oposição e ao menos dois integrantes da base defendem que é preciso aprofundar as investigações sobre o caso.
Sibá se viu cercado por uma sucessão de dificuldades para encerrar o caso hoje, conforme tinham planejado os aliados de Renan. A nova sessão está marcada para amanhã às 13h30.
Ao longo do dia, a oposição já articulava um novo adiamento do desfecho do caso. Acabou ganhando a adesão de dois integrantes da base, Eduardo Suplicy (PT-SP) e Renato Casagrande (PSB-ES), que resistiam em votar o processo sem uma perícia robusta nos papéis.
Desde sexta-feira, a Polícia Federal faz perícia em documentos entregues por Renan ao Senado para atestar a legalidade de vendas de gado. É com esses recursos que ele diz ter pago pensão a Mônica Veloso, com quem tem uma filha.
O processo analisa a legalidade dos pagamentos, entregues a Mônica pelo lobista Cláudio Gontijo. O propósito da perícia é tentar desbancar suspeitas de que eram frias as notas fiscais das vendas de gado nas fazendas de Renan. A PF divulga hoje o resultado da perícia, às 11h.

Relator substituto
Oficialmente, Sibá argumentou que era necessário mais tempo para que um novo relator tomasse conhecimento do resultado da perícia. Outro empecilho no caso foi o afastamento do então relator, Epitácio Cafeteira (PTB-MA), que alegou problemas de saúde.
Cafeteira, 83, encaminhou um atestado médico à Casa, na qual um cardiologista recomenda seu afastamento por dez dias para se recuperar de uma "síncope com perda súbita da consciência". Segundo relato do hospital, ele foi socorrido após um desmaio na madrugada quando ia ao banheiro.
Na última sexta, pressionado para que acatasse a idéia da perícia, Cafeteira disse que se sentiria "desmoralizado" caso tivesse que alterar seu parecer.
Na sessão de ontem, em que foram tomados os depoimentos do advogado de Mônica, Pedro Calmon, e de Gontijo, Sibá acumulou o cargo de relator. "Quero que o [novo] relator tenha tempo de dirimir dúvidas."

Com a perícia
Logo pela manhã, a margem dos aliados de Renan já era apertada diante da resistência de Suplicy e Casagrande em resolver o caso sem a perícia. "Tudo depende da perícia. Se for muito superficial, temos que fazer mais um estudo", disse Casagrande. "Da minha parte, quero votar quando tiver laudo conclusivo", afirmou Suplicy.
Se os dois apoiassem o arquivamento do processo, Renan estaria salvo por ao menos oito votos -num total de 15.
Ontem, Renan passou o dia recluso. Porém, de seu gabinete, municiou aliados para inquirir Calmon. No auge do depoimento, chegaram envelopes timbrados do Senado para cada um dos membros do conselho, com um resumo de sua defesa e um cartão: "Com os cumprimentos, Renan Calheiros".
Na oposição, a tendência é que os três senadores do DEM, Demóstenes Torres, Heráclito Fortes e Adelmir Santana, optem pelo adiamento. "A posição do DEM é que não se pode absolver nem condenar sem provas", anunciou o líder da sigla, José Agripino Maia. Os dois tucanos defendem a continuidade das investigações. Jefferson Péres (PDT) também contestou o parecer de Cafeteira.


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.