|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Relator se afasta e conselho adia votação do caso Renan
Polícia deve divulgar resultado da perícia nos documentos do senador hoje, às 11h
Epitácio Cafeteira (PTB-MA) deixou relatoria alegando problemas de saúde; novo relator será definido hoje e votação fica para amanhã
SILVIO NAVARRO
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diante da resistência de senadores em arquivar o processo contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sem uma perícia conclusiva dos documentos entregues
em sua defesa, o senador Sibá
Machado (PT-AC), que preside
o Conselho de Ética, decidiu
adiar por mais um dia a votação, então marcada para hoje.
A oposição e ao menos dois
integrantes da base defendem
que é preciso aprofundar as investigações sobre o caso.
Sibá se viu cercado por uma
sucessão de dificuldades para
encerrar o caso hoje, conforme
tinham planejado os aliados de
Renan. A nova sessão está marcada para amanhã às 13h30.
Ao longo do dia, a oposição já
articulava um novo adiamento
do desfecho do caso. Acabou
ganhando a adesão de dois integrantes da base, Eduardo Suplicy (PT-SP) e Renato Casagrande (PSB-ES), que resistiam
em votar o processo sem uma
perícia robusta nos papéis.
Desde sexta-feira, a Polícia
Federal faz perícia em documentos entregues por Renan
ao Senado para atestar a legalidade de vendas de gado. É com
esses recursos que ele diz ter
pago pensão a Mônica Veloso,
com quem tem uma filha.
O processo analisa a legalidade dos pagamentos, entregues a
Mônica pelo lobista Cláudio
Gontijo. O propósito da perícia
é tentar desbancar suspeitas de
que eram frias as notas fiscais
das vendas de gado nas fazendas de Renan. A PF divulga hoje
o resultado da perícia, às 11h.
Relator substituto
Oficialmente, Sibá argumentou que era necessário mais
tempo para que um novo relator tomasse conhecimento do
resultado da perícia. Outro empecilho no caso foi o afastamento do então relator, Epitácio Cafeteira (PTB-MA), que
alegou problemas de saúde.
Cafeteira, 83, encaminhou
um atestado médico à Casa, na
qual um cardiologista recomenda seu afastamento por
dez dias para se recuperar de
uma "síncope com perda súbita
da consciência". Segundo relato do hospital, ele foi socorrido
após um desmaio na madrugada quando ia ao banheiro.
Na última sexta, pressionado
para que acatasse a idéia da perícia, Cafeteira disse que se sentiria "desmoralizado" caso tivesse que alterar seu parecer.
Na sessão de ontem, em que
foram tomados os depoimentos do advogado de Mônica, Pedro Calmon, e de Gontijo, Sibá
acumulou o cargo de relator.
"Quero que o [novo] relator tenha tempo de dirimir dúvidas."
Com a perícia
Logo pela manhã, a margem
dos aliados de Renan já era
apertada diante da resistência
de Suplicy e Casagrande em resolver o caso sem a perícia. "Tudo depende da perícia. Se for
muito superficial, temos que
fazer mais um estudo", disse
Casagrande. "Da minha parte,
quero votar quando tiver laudo
conclusivo", afirmou Suplicy.
Se os dois apoiassem o arquivamento do processo, Renan
estaria salvo por ao menos oito
votos -num total de 15.
Ontem, Renan passou o dia
recluso. Porém, de seu gabinete, municiou aliados para inquirir Calmon. No auge do depoimento, chegaram envelopes
timbrados do Senado para cada
um dos membros do conselho,
com um resumo de sua defesa e
um cartão: "Com os cumprimentos, Renan Calheiros".
Na oposição, a tendência é
que os três senadores do DEM,
Demóstenes Torres, Heráclito
Fortes e Adelmir Santana, optem pelo adiamento. "A posição
do DEM é que não se pode absolver nem condenar sem provas", anunciou o líder da sigla,
José Agripino Maia. Os dois tucanos defendem a continuidade das investigações. Jefferson
Péres (PDT) também contestou o parecer de Cafeteira.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Frase Índice
|