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OUTRA VISÃO
Precisamos crescer mais que 3,5%, afirma Jereissati
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
O senador Tasso Jereissati
(PSDB-CE), 55, acredita que
haja uma reação da economia,
mas, segundo ele, o crescimento no país está limitado ao redor de 3,5% ao ano. "Precisamos crescer mais do que isso."
Jereissati considerou avanço
as declarações feitas na quinta
pelo ministro do Planejamento, Guido Mantega, admitindo
a possibilidade de mudar o
projeto das PPPs (Parcerias Público-Privadas). Até então,
Mantega resistia às mudanças.
Jereissati tem sido um dos
maiores críticos ao projeto. O
seu maior receio era que as
PPPs driblassem os limites de
endividamento definidos pela
Lei de Responsabilidade Fiscal.
A seguir, os principais trechos da entrevista:
Folha - O sr. acha que a economia está se recuperando?
Tasso Jereissati - Há, sim,
uma reação da economia, mas
o crescimento no país está limitado ao redor de 3,5% ao ano.
Precisamos crescer mais do
que isso.
Folha - O que falta?
Jereissati - As mudanças necessárias são principalmente
na área microeconômica. Entre
elas, as definições de marco regulatório e uma mudança na
parte tributária, que necessita
de uma simplificação radical.
Isso fora a questão dos juros,
mas esses avanços na área microeconômica já ajudarão a
baixar os juros.
Folha - Por que o governo apanha tanto no Senado?
Jereissati - O governo é muito
ruim. O que ele tem de bom é o
equilíbrio da Fazenda.
Folha - O que o sr. achou das
declarações do ministro Guido
Mantega admitindo mudanças
nas PPPs?
Jereissati - Eu achei um grande avanço ele dizer que vai mudar o projeto das PPPs. O que
está aí, por enquanto, é um verdadeiro desmando. Se o governo decidir mudar será ótimo. A
mudança de atitude já significa
um grande avanço.
Folha - A que o sr. atribui essa
decisão do governo?
Jereissati - Estava ficando cada vez mais óbvio que o projeto
tinha erros muito graves. O
projeto passava por cima da Lei
de Licitações e contrariava a Lei
de Responsabilidade Fiscal. O
que me surpreende é que o
Mantega estava resistindo às
mudanças no projeto.
Ou ele bancava o esperto demais ou era bobo demais quando dizia que a PPP não seria
contabilizada como dívida. De
fato, no projeto, você não assume a dívida contratual, mas
quando o Estado garante o retorno do investimento, ele está
contraindo uma dívida para os
próximos 10, 15 ou 30 anos.
Folha - Com as mudanças, o
projeto da PPP terá mais chances de passar no Senado?
Jereissati - Do jeito que está,
eu vejo muitas dificuldades. Os
próprios senadores da base do
governo não estão satisfeitos.
Mas, se forem feitas as mudanças, nós votamos.
Folha - A oposição tem sido um
empecilho para os projetos do
governo?
Jereissati - Mais ajudar do
que ajudamos? Nós ajudamos
mais do que o próprio governo.
Só não vamos deixar aprovar
leis ruins, mal feitas e com conseqüências graves para o país.
Não estamos impedindo nada,
apenas exigindo que se faça a
coisa direito.
Folha - Por que o sr. acha que o
Mantega mudou de idéia?
Jereissati - Tem que perguntar para ele. Eu continuo defendendo as mesmas idéias.
Folha - O sr. vai apresentar
emendas ao projeto?
Jereissati - Já apresentei, mas
o relator do projeto na CAE
[Comissão de Assuntos Econômicos], senador Valdir Raupp
[PMDB-RO], não acatou minhas emendas. Quando o projeto for reapresentado, vou reapresentá-las. Quero deixar claro que não sou contra o projeto
da PPP, e sim do jeito que ele
está. O Mantega chegou a falar
que as PPPs iriam gerar investimentos de US$ 36 bilhões. Não
sei de onde foi feita essa conta,
mas é preciso estabelecer limites senão isso pode aumentar o
endividamento do país.
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