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82% dos sanguessugas são da base aliada
Lista divulgada por CPI que investiga fraude na Saúde mostra ainda que 63% dos envolvidos são de partidos do mensalão
Comissão divulga 57 nomes de acusados de fazer parte de esquema de propina, apesar de sigilo de apuração decretado pelo Supremo
ADRIANO CEOLIN
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dois meses após a deflagração da Operação Sanguessuga
pela Polícia Federal, a CPI criada no Congresso para apurar o
escândalo divulgou ontem os
nomes de 56 deputados e de um
senador que já estão sendo investigados pela Procuradoria
Geral da República.
As legendas que tiveram
mais envolvimento no esquema do mensalão dominam a lista dos citados. PTB, PP e PL
abrigam 63% dos parlamentares investigados até agora.
A lista mostra ainda que 82%
dos nomes pertencem a seis siglas que integram a base aliada
do governo ou que detêm cargos no primeiro escalão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. São 13 parlamentares do
PTB, 13 do PP, dez do PL, cinco
do PMDB, quatro do PSB e dois
do PRB. A exceção é o PT.
A senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) foi citada no depoimento do empresário Darci
Vedoin, dono da Planam, empresa que encabeçava a fraude,
mas seu nome não consta dos
investigados pela Procuradoria. Na oposição, o PFL tem
quatro filiados envolvidos; o
PSDB tem três.
Ontem, o ministro Gilmar
Mendes, que comanda as investigações no STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou a
abertura de inquérito contra 42
parlamentares, o que, somados
aos 15 já investigados, resulta
na lista de 57 divulgada pela
CPI. Mendes deu o aval para a
comissão divulgar os nomes,
apesar de manter o sigilo sobre
as provas colhidas na apuração.
Outro dado da lista mostra
que a bancada do Rio de Janeiro é a campeã em número de
parlamentares investigados, 13,
o que representa quase 30% da
bancada do Estado. "Precisamos começar a discutir a representatividade do Rio de Janeiro
no Congresso", disse o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ),
integrante da CPI.
Em segundo lugar, aparece a
bancada de São Paulo, com dez
parlamentares envolvidos. Em
seguida, com cinco, vem o Mato
Grosso, Estado onde o esquema teria se originado.
Entre os 57, há vários integrantes da bancada evangélica.
O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), divulgou nota em que pede a expulsão dos três deputados do
partidos que aparecem na lista:
Paulo Feijó (RJ), Eduardo Gomes (TO) e Itamar Serpa (RJ).
O PPS estuda fazer o mesmo
com Fernando Estima (SP).
Do total investigado, até agora só há um senador. Trata-se
do líder do PMDB, Ney Suassuna (PB). Porém, de acordo com
os depoimentos dos dirigentes
da Planam, outros dois senadores teriam sido beneficiados
pelo esquema: a petista Slhessarenko e Magno Malta (PL-ES). Eles negam.
A divulgação dos parlamentares envolvidos foi feita pelo
presidente da CPI, deputado
Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ). Ele ressaltou que o relatório preliminar -previsto para
ser entregue em no máximo 30
dias- pode resultar numa lista
menor ou maior que o número
de 57 parlamentares investigados pela Procuradoria. "Poderão ser 57, menos de 57 ou mais
de 57. Temos de ter cautela em
relação a isso."
Integrante da CPI, a senadora Heloísa Helena (PSOL-AL)
defendeu a divulgação de mais
nomes. Os dirigentes da Planam apontaram envolvimento
de cerca de cem congressistas.
A CPI já abriu "pastas eletrônicas" para 99. "Faltam mais 40
que precisam ter seus nomes
divulgados", disse Heloísa.
Biscaia adiantou que, por ora,
a CPI não irá investigar o envolvimento de integrantes do
Executivo. "Isso ficará para
uma segunda fase. Existem
dois ex-ministros que são candidatos a governador em Pernambuco [Humberto Costa, do
PT] e em São Paulo [José Serra,
do PSDB]. Não queremos partidarizar a CPI."
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