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CRISE FEDERAL
Governo quer aprovar na Câmara proibição de divulgação de opinião e documentos relativos a processos
Projetos restringem ação de procuradores
ABNOR GONDIM
da Sucursal de Brasília
O governo quer aprovar no Congresso Nacional projetos de lei que
retiram vantagens dos procuradores da República e proíbem a divulgação de opinião e documentos
relativos a processos ou inquéritos
em curso.
A defesa desses projetos é interpretada pela Associação Nacional
dos Procuradores da República
como uma reação do governo para
inibir as ações movidas por procuradores contra programas oficiais,
como no caso das privatizações.
Um dos projetos trata do abuso
de autoridade e permite que procuradores da República sejam
processados criminalmente por
informações prestadas à imprensa
sobre denúncias encaminhadas à
Justiça.
Em outro projeto, o governo
quer eliminar a vantagem de dois
meses de férias por ano para os
membros do Ministério Público.
Os procuradores afirmam que os
juízes têm a mesma vantagem e
não são alvo do esforço do governo para reduzir vantagens funcionais.
Quem praticar a infração do
abuso de autoridade estará sujeito
a detenção de seis meses a dois
anos e poderá ser condenado a pagar indenização de R$ 5.000 a R$
200 mil.
"O interesse do governo é constranger o Ministério Público porque ele está descontente com a
atuação dos procuradores, como
nas ações movidas contra a privatização da Telebrás", afirmou a
presidente da Associação dos Procuradores, Ela Castilho.
O procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, não quis se
manifestar, nem mesmo por meio
da sua assessoria de imprensa, sobre os projetos do governo. Brindeiro é considerado "governista"
por ser primo do vice-presidente
Marco Maciel.
Em agosto, os líderes do governo
pretendem obstruir a votação de
projeto que cria subsídios para
membros do Ministério Público se
não for aprovado o projeto sobre
abuso de autoridade. Os subsídios
substituem os vencimentos e as
gratificações da categoria e prevêem aumento salarial ainda não
calculado.
Segundo a assessoria jurídica do
Palácio do Planalto, o projeto sobre abuso de autoridade foi elaborado em 1996 para defender os interesses da sociedade e não tem relação com a recente crise aberta
entre a Procuradoria da República
e a Polícia Federal.
O ministro Renan Calheiros
(Justiça) citou, entretanto, a aprovação desse projeto no meio da
crise entre a PF e a Procuradoria
como uma das propostas do governo para limitar a atuação não
só dos procuradores, como de juízes e de delegados de polícia.
De acordo com o Planalto, um
procurador da República ou um
delegado da PF causa "grandes
estragos" quando antecipa que irá
denunciar ou investigar determinada pessoa ou autoridade pública
por suposto crime.
O projeto retira dos procuradores da República o poder de denunciar ministros de Estado por
improbidade administrativa em
primeira instância. Com o projeto,
eles só poderão ser processados civilmente no Supremo Tribunal
Federal, onde atua o procurador-geral.
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