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São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 2003

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CASO CC-5

Ato seria ligado a caso Banestado

Empresa de SP enviou US$ 4,8 mi ao exterior

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Acusada de tomar empréstimo do Banestes (Banco do Estado do Espírito Santo) em condições irregulares no final da campanha eleitoral de 1998, a HMG Engenharia e Construção Ltda. enviou US$ 4,834 milhões ao exterior por meio de uma conta que está sendo investigada pela PF (Polícia Federal) por suspeita de lavagem de dinheiro no caso Banestado.
Segundo registros contábeis do Banestado obtidos pela Folha, a HMG usou a conta do IFE Banco Rural Uruguay, aberta na agência do paranaense em Nova York. De lá, em 13 remessas feitas entre 19 de dezembro de 1997 e 5 de outubro de 1998, o dinheiro migrou para contas em nome da empresa Medicina Integral Privada S.A., no sistema financeiro da Argentina e do México, principalmente.
O nome da HMG consta de inquérito que tramita na Justiça Federal do Espírito Santo no qual o ex-governador José Ignácio Ferreira (sem partido) é acusado de praticar crime contra o sistema financeiro utilizando o Banestes. A empresa foi doadora de sua campanha. Segundo relatório da Procuradoria Geral da República, José Ignácio teria feito um empréstimo no Banestes, sacando a descoberto de sua conta pessoal R$ 2,6 milhões, em novembro de 1998. O dinheiro foi repassado para a conta bancária de sua campanha ao governo do Estado.
Em 30 de dezembro, quando José Ignácio já havia entregue sua prestação de contas ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral), duas empreiteiras de São Paulo, entre elas a HMG, receberam empréstimos do Banestes de R$ 2,84 milhões e o repassaram à conta pessoal do ex-governador, cobrindo o vermelho deixado pelo saque a descoberto. Não é possível dizer se as remessas feitas ao exterior pela HMG são irregulares, pois os dados não foram cruzados com a Receita Federal.
O dono da HMG, Hilário Maximiano Gurjão Sobrinho, disse que mandou o dinheiro porque sua empresa construía um hospital no México, uma obra de US$ 86 milhões, para a qual teria sido subcontratada. Dos seis investigados, o Rural é o único que não recebeu, em abril de 1996, autorização do BC para acolher, em contas CC-5 (para não-residentes), depósitos em espécie acima de R$ 10 mil.


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