São Paulo, quinta-feira, 19 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Operação ultrapassa objetivo inicial

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO PAULO

Criada em maio de 2003, a força-tarefa CC5 do Banestado ultrapassou o objetivo original, que era investigar remessas feitas para o exterior utilizando a agência de Nova York do banco paranaense, privatizado em 2000.
Com uma ação conjunta com órgãos de fiscalização da Justiça dos Estados Unidos, as investigações foram estendidas para a conta-ônibus Beacon Hill, mantida no JP Morgan Chase, de Nova York, e para contas de brasileiros mantidas no MTB, hoje CBC, também de Nova York.
O processo de investigação de lavagem de dinheiro por meio de remessas CC5 (de não residentes), porém, começou em maio de 1999, quando o então procurador da República em Cascavel (PR), Celso Antônio Três, conseguiu a quebra do sigilo, na Justiça Federal, das remessas CC5 de janeiro de 1992 a dezembro de 1998. Na época, o montante enviado para o exterior somava US$ 124 bilhões.
A quebra do sigilo possibilitou que outras operações fraudulentas fossem descobertas. Com a criação da força-tarefa (que inclui Polícia Federal, Justiça Federal e procuradores da República) e a centralização dos crimes na vara especializada em crimes contra o sistema financeiro, da Justiça Federal em Curitiba, os resultados começaram a aparecer.
Em um balanço extra-oficial, a força-tarefa estima a apreensão de bens e valores em cerca de R$ 160 milhões, que serão transferidos para a União depois de finalizadas as ações judiciais.
A força-tarefa contabiliza também 18 condenações por crimes de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro. Entre os presos está o doleiro Alberto Youssef -condenado em junho, por sonegação fiscal, a sete anos de prisão em regime semi-aberto-, que foi fundamental para auxiliar nas investigações dos doleiros alvos da Operação Farol da Colina.
Youssef fez acordo com a Justiça Federal e recebeu o tratamento previsto legalmente nos casos de delação premiada. No acordo, em troca da redução da pena, Youssef prestou depoimentos esclarecedores sobre a ação dos doleiros e indicou transações ilegais de políticos e empresários de todo o país.
Outras 445 pessoas já foram denunciadas pela força-tarefa nesse período. A maioria dos processos corre em segredo de Justiça. (JM)


Texto Anterior: Caso Banestado: Agora força-tarefa inicia a busca por cliente de doleiro
Próximo Texto: Operações em mercado paralelo de doleiros chegam a US$ 20 bi, diz PF
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.