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"Empréstimo do PT a Lula pode ser Fiat Elba de Collor", afirma senador
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O senador Jefferson Peres
(PDT-AM) diz que o empréstimo
do Partido dos Trabalhadores ao
presidente Lula pode ser, na crise
atual, o que foi o Fiat Elba no processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello.
"A CPI quer investigar como foi
pago o empréstimo do Partido
dos Trabalhadores ao presidente
Lula. Aquilo pode complicá-lo
muito. Pode ser o Fiat Elba do
Collor", disse. O ex-presidente foi
acusado de receber dinheiro de
PC Farias para comprar o veículo.
Peres fez o comentário depois
de debate, ontem, no Instituto
Fernand Braudel, em São Paulo,
ao ser perguntado se a crise está se
distanciando do Palácio do Planalto. "Não está se distanciando,
não. A crise continua. Ela apenas
tem ritmo, ela às vezes arrefece, às
vezes recrudesce. De repente, esse
doleiro [Toninho da Barcelona]
revela outros nomes que estejam
mais próximos do presidente. Aí,
agrava-se de novo", disse.
Peres disse que a CPI quer investigar o repasse de R$ 5 milhões
da Telemar ao filho de Lula: "Isso
chega muito próximo do presidente. Não adianta ele dizer que
estamos entrando na vida privada. É o filho se aproveitando do
prestígio do pai para tirar benefícios próprios. É outra coisa."
O senador amazonense disse
que ficou surpreendido com "o
vasto esquema de corrupção operado pelo tesoureiro do principal
partido do poder e coordenado
-os indícios são fortes- dentro
do Palácio do Planalto, movimentando quantias muito grandes para subornar parlamentares".
Peres vê como lado bom da crise
a solidez das instituições. Sobre a
hipótese de impeachment, disse:
"Não queremos, mas não impediremos [a abertura do processo].
Se for necessário fazer, vamos fazer. É essa a minha disposição e a
de muita gente do Congresso."
O deputado Carlos Sampaio
(PSDB-SP), ex-promotor de Justiça, criticou o fato de Lula vir a público dizer apenas que o PT e o governo erraram. "Crime é crime. O
presidente vem a público e não
explica. E o que é pior, diz que o
Partido dos Trabalhadores errou,
que o governo errou. Lavagem de
dinheiro é crime. Compra de voto
com mesada é corrupção passiva
e corrupção ativa. É uma falsa
percepção que está tomando conta de alguns integrantes da CPI.
Erraram, não. Praticaram crimes,
e crimes graves. É importante não
tirar o foco disso. Está na hora de
tratar o assunto como um fato criminoso e não, tão-somente, como
um erro e pedir desculpas", disse
o deputado tucano.
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