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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/PROTESTO MORNO
Entidade sindical leva trabalhadores de ônibus a ato anticorrupção, mas resultado fica aquém do esperado; impeachment não é pedido
Força reúne só 2.000 e evita "fora, Lula"
CONRADO CORSALETTE
FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Cerca de 2.000 pessoas, segundo
a Polícia Militar, participaram ontem do protesto contra a corrupção organizado pela Força Sindical em São Paulo. A passeata foi
marcada por pequenos tumultos
envolvendo manifestantes e policiais. Dirigentes sindicais gritaram bordões contra o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, mas não
pediram seu impeachment.
Os organizadores enviaram
ônibus a portas de fábricas para
levar trabalhadores à avenida
Paulista. Muitos dos presentes se
disseram "obrigados" a participar. Apesar do expediente, o ato
contou com menos da metade do
público previsto -dirigentes da
Força esperavam reunir pelo menos 5.000 manifestantes. Das
2.000 pessoas que se concentraram sob o vão do Masp (Museu
de Arte Moderna), menos de 600
chegaram, após a caminhada, ao
Teatro Municipal, na praça Ramos de Azevedo (centro).
A dirigente sindical Elza Costa
Pereira, mulher do presidente da
Força, Paulo Pereira da Silva, o
Paulinho, discutiu com PMs que
tentavam impedir a ocupação de
mais de uma pista quando a passeata descia a rua da Consolação.
Houve um pequeno tumulto.
Já na praça Ramos de Azevedo,
ela voltou a discutir com PMs. O
bate-boca acabou em confusão.
Os policiais usaram cassetetes para dissipar o tumulto. Elza disse
ter sido agredida. O capitão Walter Martini afirmou que a mulher
de Paulinho havia chutado e dado
tapas na policial quando a passeata estava na rua da Consolação.
Após uma conversa entre Paulinho e o major Hermenegildo José
Soares Júnior, comandante da
PM na operação, nenhum boletim de ocorrência foi registrado.
Poucos minutos antes, um outro incidente, na rua Xavier de Toledo, causou tensão, apesar de
não ter tido qualquer relação com
a manifestação da Força. Quando
a passeata se aproximava da rua,
policiais civis, entre eles a delegada Elisabete Sato, prenderam um
motoboy que teria fechado seu
carro. A moto estaria em situação
irregular. Pessoas que aguardavam a chegada da passeata cercaram o carro dos policiais, que virou alvo de pontapés quando deixava o local.
Antes que os ônibus levassem
de volta os manifestantes, Paulinho discursou no carro de som,
acusando do governo de "continuar com o "mensalão'" ao liberar
verbas o Orçamento a poucos
dias de a Câmara derrubar a Medida Provisória que aumentava o
salário mínimo para R$ 384.
A Força, que conta com o apoio
da CAT (Central Autônoma dos
Trabalhadores), da SDS (Social
Democracia Sindical) e da CGT
(Confederação Geral dos Trabalhadores) no protesto, fará nova
passeata na próxima quarta-feira.
Ato da Sé
O ato de ontem e da próxima
quarta são parte das atividades de
mobilização para grande ato que
as centrais pretendem fazer na
praça da Sé, no dia 6 de setembro,
com apoio da OAB-SP (Ordem
dos Advogados do Brasil, seção
São Paulo) e do PSDB.
Para o ato da Sé, Paulinho afirmou que negocia a adesão do sindicato dos condutores do transporte público de São Paulo, que
paralisaria o trabalho no dia 6. Já
fecharam participação o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo,
Mogi das Cruzes e Região e o Sindicato da Construção Civil de São
Paulo -responsáveis ontem pela
maioria dos manifestantes.
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