São Paulo, sexta-feira, 19 de agosto de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/PROTESTO MORNO

Entidade sindical leva trabalhadores de ônibus a ato anticorrupção, mas resultado fica aquém do esperado; impeachment não é pedido

Força reúne só 2.000 e evita "fora, Lula"

CONRADO CORSALETTE
FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 2.000 pessoas, segundo a Polícia Militar, participaram ontem do protesto contra a corrupção organizado pela Força Sindical em São Paulo. A passeata foi marcada por pequenos tumultos envolvendo manifestantes e policiais. Dirigentes sindicais gritaram bordões contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas não pediram seu impeachment.
Os organizadores enviaram ônibus a portas de fábricas para levar trabalhadores à avenida Paulista. Muitos dos presentes se disseram "obrigados" a participar. Apesar do expediente, o ato contou com menos da metade do público previsto -dirigentes da Força esperavam reunir pelo menos 5.000 manifestantes. Das 2.000 pessoas que se concentraram sob o vão do Masp (Museu de Arte Moderna), menos de 600 chegaram, após a caminhada, ao Teatro Municipal, na praça Ramos de Azevedo (centro).
A dirigente sindical Elza Costa Pereira, mulher do presidente da Força, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, discutiu com PMs que tentavam impedir a ocupação de mais de uma pista quando a passeata descia a rua da Consolação. Houve um pequeno tumulto.
Já na praça Ramos de Azevedo, ela voltou a discutir com PMs. O bate-boca acabou em confusão. Os policiais usaram cassetetes para dissipar o tumulto. Elza disse ter sido agredida. O capitão Walter Martini afirmou que a mulher de Paulinho havia chutado e dado tapas na policial quando a passeata estava na rua da Consolação.
Após uma conversa entre Paulinho e o major Hermenegildo José Soares Júnior, comandante da PM na operação, nenhum boletim de ocorrência foi registrado.
Poucos minutos antes, um outro incidente, na rua Xavier de Toledo, causou tensão, apesar de não ter tido qualquer relação com a manifestação da Força. Quando a passeata se aproximava da rua, policiais civis, entre eles a delegada Elisabete Sato, prenderam um motoboy que teria fechado seu carro. A moto estaria em situação irregular. Pessoas que aguardavam a chegada da passeata cercaram o carro dos policiais, que virou alvo de pontapés quando deixava o local.
Antes que os ônibus levassem de volta os manifestantes, Paulinho discursou no carro de som, acusando do governo de "continuar com o "mensalão'" ao liberar verbas o Orçamento a poucos dias de a Câmara derrubar a Medida Provisória que aumentava o salário mínimo para R$ 384.
A Força, que conta com o apoio da CAT (Central Autônoma dos Trabalhadores), da SDS (Social Democracia Sindical) e da CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores) no protesto, fará nova passeata na próxima quarta-feira.

Ato da Sé
O ato de ontem e da próxima quarta são parte das atividades de mobilização para grande ato que as centrais pretendem fazer na praça da Sé, no dia 6 de setembro, com apoio da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil, seção São Paulo) e do PSDB.
Para o ato da Sé, Paulinho afirmou que negocia a adesão do sindicato dos condutores do transporte público de São Paulo, que paralisaria o trabalho no dia 6. Já fecharam participação o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Mogi das Cruzes e Região e o Sindicato da Construção Civil de São Paulo -responsáveis ontem pela maioria dos manifestantes.


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