|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PT procura novo publicitário para programa na TV
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O PT pretende romper o contrato assinado com o publicitário
Duda Mendonça para a produção
dos programas de TV do partido
neste ano.
A decisão política foi tomada
pela nova cúpula partidária e tem
relação com o depoimento de Duda à CPI dos Correios na semana
passada, em que ele disse ter recebido recursos do PT por meio de
uma offshore nas Bahamas.
O comportamento de Duda foi
considerado "desleal" por alguns
petistas, porque, para eles, o publicitário não informou ao partido sobre o que diria e fez revelações sem apresentar provas.
Procurada, a assessoria de Duda
Mendonça não respondeu até a
conclusão desta edição.
Caso o PT não consiga um "divórcio amigável" de Duda, o contrato deverá ser rescindido unilateralmente.
Um novo marqueteiro já está
sendo procurado para produzir
programas mais baratos, com
menos imagens externas e privilegiando cenas em estúdio.
O programa nacional de 20 minutos do partido, em 27 de outubro, não será feito por Duda. Será
a primeira vez que isso acontece
desde maio de 2001, quando o publicitário baiano estreou com
grande estardalhaço na comunicação petista, com um comercial
mostrando ratos roendo a bandeira do Brasil. O mote era "Xô,
Corrupção" -uma crítica ao então presidente Fernando Henrique Cardoso.
O contrato de Duda com o partido para os programas de 2005 é
de R$ 300 mil. O programa do primeiro semestre, equivalente a
metade desse valor, ainda não foi
quitado. O PT reconhece essa dívida e vai negociá-la, mas não
aceita que Duda seja credor de R$
14 millhões em campanhas atrasadas, como disse à CPI.
"Não existe o desejo de manter
o contrato com Duda Mendonça.
Desde as declarações do publicitário à CPI não existe mais clima
para continuar", disse o secretário-geral do PT, Ricardo Berzoini.
Teoricamente, o contrato rompido é apenas o referente a 2005.
Nada impede que ele volte a ser
contratado no ano que vem para
fazer a campanha presidencial,
mas tudo indica que o casamento
chegou mesmo ao fim.
"A decisão de romper o contrato é mais política do que financeira. Ele fez um discurso desastrado
à CPI sem nos comunicar", diz o
secretário de Mobilização do PT,
Francisco Campos.
O eventual retorno de Duda às
campanhas dependerá do esfriamento da crise e da opinião de Lula, caso dispute a reeleição. Mas o
presidente teria de arcar com o
ônus político de bancar o amigo.
Para o secretário de Comunicação, Humberto Costa, que lida diretamente com Duda, o relacionamento ficou "difícil". "Tecnicamente, ele pode fazer um trabalho
excelente para nós, mas politicamente ficou muito complicado."
O contrato assinado prevê uma
brecha para rescisão, segundo
Berzoini. "Se houver fatos supervenientes que venham a justificar
a quebra, ela poderá ser feita. Não
há nada que obrigue a execução
do contrato", diz. O "fato superveniente" seria o depoimento do
publicitário à CPI.
Texto Anterior: Escândalo do "mensalão"/O marqueteiro: Duda perde contrato com a Presidência Próximo Texto: Escândalo do "mensalão"/Ruma a 2006: Alckmin admite que pretende disputar a Presidência em 2006 Índice
|