São Paulo, sexta-feira, 19 de agosto de 2005

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PT procura novo publicitário para programa na TV

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PT pretende romper o contrato assinado com o publicitário Duda Mendonça para a produção dos programas de TV do partido neste ano.
A decisão política foi tomada pela nova cúpula partidária e tem relação com o depoimento de Duda à CPI dos Correios na semana passada, em que ele disse ter recebido recursos do PT por meio de uma offshore nas Bahamas.
O comportamento de Duda foi considerado "desleal" por alguns petistas, porque, para eles, o publicitário não informou ao partido sobre o que diria e fez revelações sem apresentar provas.
Procurada, a assessoria de Duda Mendonça não respondeu até a conclusão desta edição.
Caso o PT não consiga um "divórcio amigável" de Duda, o contrato deverá ser rescindido unilateralmente.
Um novo marqueteiro já está sendo procurado para produzir programas mais baratos, com menos imagens externas e privilegiando cenas em estúdio.
O programa nacional de 20 minutos do partido, em 27 de outubro, não será feito por Duda. Será a primeira vez que isso acontece desde maio de 2001, quando o publicitário baiano estreou com grande estardalhaço na comunicação petista, com um comercial mostrando ratos roendo a bandeira do Brasil. O mote era "Xô, Corrupção" -uma crítica ao então presidente Fernando Henrique Cardoso.
O contrato de Duda com o partido para os programas de 2005 é de R$ 300 mil. O programa do primeiro semestre, equivalente a metade desse valor, ainda não foi quitado. O PT reconhece essa dívida e vai negociá-la, mas não aceita que Duda seja credor de R$ 14 millhões em campanhas atrasadas, como disse à CPI.
"Não existe o desejo de manter o contrato com Duda Mendonça. Desde as declarações do publicitário à CPI não existe mais clima para continuar", disse o secretário-geral do PT, Ricardo Berzoini.
Teoricamente, o contrato rompido é apenas o referente a 2005. Nada impede que ele volte a ser contratado no ano que vem para fazer a campanha presidencial, mas tudo indica que o casamento chegou mesmo ao fim.
"A decisão de romper o contrato é mais política do que financeira. Ele fez um discurso desastrado à CPI sem nos comunicar", diz o secretário de Mobilização do PT, Francisco Campos.
O eventual retorno de Duda às campanhas dependerá do esfriamento da crise e da opinião de Lula, caso dispute a reeleição. Mas o presidente teria de arcar com o ônus político de bancar o amigo.
Para o secretário de Comunicação, Humberto Costa, que lida diretamente com Duda, o relacionamento ficou "difícil". "Tecnicamente, ele pode fazer um trabalho excelente para nós, mas politicamente ficou muito complicado."
O contrato assinado prevê uma brecha para rescisão, segundo Berzoini. "Se houver fatos supervenientes que venham a justificar a quebra, ela poderá ser feita. Não há nada que obrigue a execução do contrato", diz. O "fato superveniente" seria o depoimento do publicitário à CPI.


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