São Paulo, sexta-feira, 19 de agosto de 2005

Texto Anterior | Índice

TODA MÍDIA

Nelson de Sá

O racha

Para a "Economist", Lula "ainda pode se recuperar do escândalo que paralisou o seu governo"...
_ Mas o PT nunca mais será o mesmo.
Era uma reportagem sobre a eleição interna, que segundo a revista vai levar o partido mais para a esquerda, para o racha "ou ambos." A "Economist" ilustra com foto de Lula e Dirceu há 15 anos e avalia:
_ O pragmatismo brutal de José Dirceu deixou o maior par­ tido de esquerda da América La­ tina com uma severa crise de identidade.

 

Dirceu falou à agência France Presse sobre o discurso em que Lula se declarou traído. Sua frase, reproduzida do UOL ao "Jornal Nacional":
_ É o presidente Lula quem tem que responder quem é o traidor.
Foi, ao que parece, reação à pressão de Tarso Genro, apoiado por Lula, para ele desistir das eleições internas. Do "Bom Dia Brasil", ontem:
_ A crise não impede o deputado de continuar assombrando a direção do PT. Dirceu afirmou que não vai abrir mão de estar na chapa.
Mas o presidente petista não desiste e, à Jovem Pan, falou da "conversa ótima" com Dirceu, que "aceitou considerar a retirada de seu nome".
 

Quanto ao ex-tesoureiro Delúbio Soares, também ele tratou de avisar que não sai do PT _em meio a "declarações explosivas" do depoimento, na manchete do "SBT Brasil".
Falando sem parar em "companheiros", ele chegou perto da ameaça, como Dirceu, ao comentar o discurso em que Lula se disse traído:
_ Não faz parte da minha personalidade delatar ninguém ou questionar opinião. Pode dizer o que quiser.
Mas ele falou mais, ao tratar do caixa 2. Na versão do "JN", Delúbio "acabou admitindo essa prática até na campanha presidencial", ao explicar o saque de um assessor de Ciro Gomes. Do ex-tesoureiro:
_ Foi acerto para pagar despesa de imagem que o Ciro teve no segundo turno.
Um pefelista cortou: _ Mas não teve Ciro no segundo turno. Foi para o Lula.
 

Quanto ao PT hoje, está no ar uma inserção com o ator Celso Frateschi _que também está em cartaz, curiosamente, num monólogo sobre corrupção. Diz ele, voz rouca:
_ O PT é resultado do sonho de muitos daqueles que desejam fazer do Brasil um país justo e ético. O PT só terá futuro se todos os fatos forem investigados até o fim.
Mas ontem mesmo, no Blog do Moreno:
_ PSDB fez aliança com PT para derrubar requerimentos de convocação da CPI.
 

Sobre traições, quem também tem o que falar é Leonardo Boff, no site Carta Maior, no artigo "Transformar a decepção em teimosia":
_ Apesar das traições, as bandeiras suscitadas pelo PT já há 25 anos devem ser defendidas e proclamadas. Não por serem do PT, mas porque valem por elas mesmas.
Não pelo PT, pelas bandeiras.

PELA METADE
Reprodução

A propaganda do PT apela às rimas: _ O poeta nos ensina que exemplo pela metade não é exemplo. Aquilo que é feito por inteiro, até o fim verdadeiro, volta para o nada nas rédeas do tempo

Acabou
Não é o fim do marketing, mas é o fim de uma era do PT. UOL, em manchete:
_ Duda Mendonça perde a conta da Presidência.
Lula demitiu Duda, enfim. Ou, na escalada de manchetes do "JN", depois:
_ O Planalto não renova o contrato com Duda Mendonça.

É a economia
Em destaque na página inicial da Folha Online, ontem à tarde:
- Superávit nas contas externas do Brasil alcançou US$ 2,592 bilhões em julho. Trata-se do maior valor da história.
E na manchete do Globo Online, naquele mesmo momento:
- Saldo nas contas externas é o maior desde 1947.

De Jefferson
"O Globo" deu manchete, Globo Online, CBN e os telejornais da Globo ecoaram. Da última:
- Maurício Marinho, pivô de toda a crise ao ser flagrado recebendo R$ 3 mil de um empresário, mudou o depoimento e admite que havia um esquema de fraudes nos Correios, comandado por Roberto Jefferson.

SCOTLAND YARD
Sky News/Reprodução
Sir lan Blair, o chefe de polícia de Londres


O cerco se fechou em torno de Ian Blair, o chefe da polícia londrina que primeiro disse que o brasileiro Jean Charles de Menezes era terrorista, depois que ele fugiu quando não devia -e por fim se mostrou, ele, Ian Blair, resistente à investigação independente do assassinato.
Sob fogo da mídia britânica, do Channel 4 ao "Guardian", ele deu entrevista ontem ao tablóide vespertino "Evening Standard", dizendo que não está em ação na Scotland Yard um golpe para esconder o assassinato.
Minutos depois de o jornal chegar às bancas, Sky News e BBC noticiavam que o membro da comissão de investigação que denunciou as ações de Blair para conter o inquérito havia sido suspenso.


Texto Anterior: Regime militar: Família de argentino será indenizada
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.