São Paulo, sábado, 19 de agosto de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / CANDIDATOS NA FOLHA

Nilmário "muda de opinião" e retira crítica a peemedebista

Candidato do PT justifica aliança com Newton Cardoso, a quem já fez duros ataques

Petista afirma em sabatina da Folha ser contra aborto e a favor da descriminalização da maconha e da união civil entre homossexuais


THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O candidato do PT ao governo de Minas Gerais, Nilmário Miranda, 59, retirou ontem todas as críticas que já fez ao ex-governador do Estado Newton Cardoso (1987-1991), do PMDB, concorrente ao Senado da chapa do petista.
Em sabatina promovida pela Folha, Nilmário foi confrontado com declarações que fez em 1989, quando era deputado estadual por Minas e pediu o impeachment de Cardoso. Na época, o petista disse que o PT não fazia "acordo com a corrupção" e, entre outras críticas, chamou o atual colega de "dez arrobas [147 quilos] de indignidade e de inumanidade".
Ontem, falando para cerca de cem pessoas, voltou atrás em suas declarações. "Mudei de opinião. Até as pedras com o passar dos anos mudam", disse.
Nilmário, ex-ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos do governo Luiz Inácio Lula da Silva, politizou a crise de segurança em São Paulo ao associá-la à "arrogância dos últimos governos paulistas" no trato de menores infratores.
Durante duas horas de sabatina, Nilmário respondeu a perguntas do público e dos jornalistas da Folha Júlio Veríssimo (coordenador da Agência Folha), Paulo Peixoto (correspondente em Belo Horizonte), Kennedy Alencar e Elvira Lobato (repórteres especiais). A seguir, os principais pontos da sabatina, a segunda do ciclo de entrevistas da Folha com os principais candidatos aos governos de MG, RJ e SP.

 
ALIANÇA COM PMDB
Após leitura de algumas de suas afirmações em 1989, foi questionado a Nilmário se ele poderia explicar aos militantes do PT a aliança com Newton Cardoso. Ele disse que mudou de opinião sobre o ex-governador e que a aliança com o PMDB "mudou o eixo político" do Estado e se repetirá em um segundo mandato de Lula. Não quis responder se considera Cardoso um político ético. Disse, porém, que ele foi investigado por 16 anos e nunca condenado. Citou a Folha para dizer que instituições e partidos mudam. "À época da ditadura, a Folha era um jornal quase de propaganda antiterrorista e apoiava a repressão. No entanto, a Folha teve um papel extraordinário, mudou, e foi a campeã da luta pelas Diretas."

CRISE DE SEGURANÇA
Ao opinar sobre a crise de segurança em São Paulo, atribuiu a responsabilidade pela situação aos "últimos governos paulistas". "Foi o único Estado que se recusou a desmantelar aquela aberração chamada Febem, que é uma usina de violência, ódio e ressentimento."

MENSALÃO
Sobre o PT de Minas, que preside desde final de 2005, ter recebido R$ 774 mil das contas de Marcos Valério, disse que não conhece Marcos Valério. "Lamentei muito que esse esquema, originado do caixa dois do PSDB-MG em 1998, tenha sido trazido por companheiros do PT para o PT nacional."

POLÊMICAS
Nilmário disse ser a favor da união civil de homossexuais e da descriminalização do uso da maconha. Afirmou não ser favorável ao aborto, mas defendeu que a rede pública de saúde trate mulheres que recorrem a serviços clandestinos.

SUCESSÃO 2010
O petista defendeu a volta de um mineiro à Presidência. Disse ver "com muita simpatia", como eventual sucessor de Lula, o ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social), responsável pelo Bolsa-Família.


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