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Em BH, Valério responde à 1ª ação penal fora do Supremo
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO
HORIZONTE
No próximo dia 22 completará dois meses a instauração do
primeiro processo penal pós
escândalo do mensalão em tramitação fora do STF (Supremo
Tribunal Federal) contra o empresário Marcos Valério de
Souza e seus ex-sócios nas extintas agências DNA e SMPB.
Eles vão depor pela primeira
vez à Justiça Federal nesse processo nos dias 3 e 4 de outubro.
Na ação, que tramita na 9ª
Vara da Justiça Federal em Belo Horizonte, a denúncia do
Ministério Público Federal fala
em sonegação fiscal (R$ 50 milhões), uso de documento falso
e formação de quadrilha.
Valério responde ainda por
"destruir, suprimir ou ocultar,
em benefício próprio, ou de outrem ou em prejuízo alheio, documento verdadeiro, de que
não podia dispor".
Esses fatos referem-se a documentos fiscais da DNA entre
1999 e 2002, mas o caso avançou para o período de apuração
do mensalão quando, em junho
de 2005, notas fiscais que estavam desaparecidas foram
apreendidas na casa do contador de Valério e em um terreno
próximo, sendo queimadas. O
processo tem sete réus.
Em Minas, existem mais sete
ações instauradas contra eles
após a crise do mensalão. Essa é
a única na área penal.
Uma ação sobre dívidas com
o INSS tramita na Justiça Federal. Outras seis, na Justiça
estadual. São execuções dos
bancos BMG e Rural contra as
empresas deles por causa dos
supostos empréstimos ao PT.
Apesar de tantos processos,
Valério e seus ex-sócios tentam
manter uma rotina. Com as
agências SMPB e DNA fechadas, os "ex-sócios publicitários"
continuaram no mercado. Cristiano Paz abriu a Filadélfia.
Francisco Castilho e Margareth Queiroz, a Bárbara.
Valério não fala sobre sua vida e seus negócios. Não responde sobre como paga as suas
contas, os advogados e como
mantém a casa no bairro Castelo, já que todos os bens estão
bloqueados. Ele voltou a morar
na casa em abril do ano passado, quando terminou a reforma
do imóvel. Mora lá com os filhos e a mulher, Renilda, também denunciada.
O mais recente negócio de
Valério foi o arrendamento de
uma fazenda a 120 km de Belo
Horizonte, cuja sede, de luxo,
tem 700 m2. Mas nega rumores
de que compra e vende gado.
O proprietário da fazenda, o
empresário Benito Porcaro,
confirmou em nota que arrendou a fazenda, mas não o gado
que está na propriedade.
É na fazenda que estão os 11
cavalos de Valério, incluídos
entre os bens bloqueados. Segundo sua assessoria, Valério
saiu da sociedade que tinha em
um centro hípico e por isso os
animais precisaram de abrigo.
Valério costuma dizer ser
consultor de empresas, negócio que exerce em sociedade
com o advogado Rogério Tolentino. Ele vai quase todos os
dias ao escritório, na zona sul
de Belo Horizonte.
Além da fazenda, a mais recente novidade na sua vida são
os cabelos implantados na parte superior da cabeça, neste
ano. No ano passado, ele parou
de raspar e deixou os cabelos
crescerem nas laterais e na parte posterior da cabeça.
Outro lado
O advogado de Valério, Marcelo Leonardo, disse que, sobre
a denúncia de queima de notas
fiscais, seu cliente "não autorizou, não mandou ninguém fazer e nunca concordou" com isso. Negou também sonegação
fiscal e uso de notas frias. "Vai
ser possível fazer provas. Teve,
sim, recolhimento dos tributos.
Não houve sonegação, pois
houve o recolhimento mediante desconto antecipado na fatura da própria DNA."
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