São Paulo, domingo, 19 de agosto de 2007

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Em BH, Valério responde à 1ª ação penal fora do Supremo

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

No próximo dia 22 completará dois meses a instauração do primeiro processo penal pós escândalo do mensalão em tramitação fora do STF (Supremo Tribunal Federal) contra o empresário Marcos Valério de Souza e seus ex-sócios nas extintas agências DNA e SMPB. Eles vão depor pela primeira vez à Justiça Federal nesse processo nos dias 3 e 4 de outubro.
Na ação, que tramita na 9ª Vara da Justiça Federal em Belo Horizonte, a denúncia do Ministério Público Federal fala em sonegação fiscal (R$ 50 milhões), uso de documento falso e formação de quadrilha.
Valério responde ainda por "destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio, ou de outrem ou em prejuízo alheio, documento verdadeiro, de que não podia dispor".
Esses fatos referem-se a documentos fiscais da DNA entre 1999 e 2002, mas o caso avançou para o período de apuração do mensalão quando, em junho de 2005, notas fiscais que estavam desaparecidas foram apreendidas na casa do contador de Valério e em um terreno próximo, sendo queimadas. O processo tem sete réus.
Em Minas, existem mais sete ações instauradas contra eles após a crise do mensalão. Essa é a única na área penal.
Uma ação sobre dívidas com o INSS tramita na Justiça Federal. Outras seis, na Justiça estadual. São execuções dos bancos BMG e Rural contra as empresas deles por causa dos supostos empréstimos ao PT.
Apesar de tantos processos, Valério e seus ex-sócios tentam manter uma rotina. Com as agências SMPB e DNA fechadas, os "ex-sócios publicitários" continuaram no mercado. Cristiano Paz abriu a Filadélfia. Francisco Castilho e Margareth Queiroz, a Bárbara.
Valério não fala sobre sua vida e seus negócios. Não responde sobre como paga as suas contas, os advogados e como mantém a casa no bairro Castelo, já que todos os bens estão bloqueados. Ele voltou a morar na casa em abril do ano passado, quando terminou a reforma do imóvel. Mora lá com os filhos e a mulher, Renilda, também denunciada.
O mais recente negócio de Valério foi o arrendamento de uma fazenda a 120 km de Belo Horizonte, cuja sede, de luxo, tem 700 m2. Mas nega rumores de que compra e vende gado.
O proprietário da fazenda, o empresário Benito Porcaro, confirmou em nota que arrendou a fazenda, mas não o gado que está na propriedade.
É na fazenda que estão os 11 cavalos de Valério, incluídos entre os bens bloqueados. Segundo sua assessoria, Valério saiu da sociedade que tinha em um centro hípico e por isso os animais precisaram de abrigo.
Valério costuma dizer ser consultor de empresas, negócio que exerce em sociedade com o advogado Rogério Tolentino. Ele vai quase todos os dias ao escritório, na zona sul de Belo Horizonte.
Além da fazenda, a mais recente novidade na sua vida são os cabelos implantados na parte superior da cabeça, neste ano. No ano passado, ele parou de raspar e deixou os cabelos crescerem nas laterais e na parte posterior da cabeça.

Outro lado
O advogado de Valério, Marcelo Leonardo, disse que, sobre a denúncia de queima de notas fiscais, seu cliente "não autorizou, não mandou ninguém fazer e nunca concordou" com isso. Negou também sonegação fiscal e uso de notas frias. "Vai ser possível fazer provas. Teve, sim, recolhimento dos tributos. Não houve sonegação, pois houve o recolhimento mediante desconto antecipado na fatura da própria DNA."


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