São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 2008

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Imprensa livre é tema de posse na ANJ

DA REPORTAGEM LOCAL

A nova diretoria da ANJ para o biênio 2008-2010 tomou posse ontem, em São Paulo, em meio a debate sobre a liberdade de imprensa e homenagens.
A ANJ será comandada nos próximos dois anos pela diretora-superintendente do Grupo Folha, Judith Brito, em substituição a Nelson Sirotsky, diretor-presidente do Grupo RBS. É a primeira mulher a assumir a presidência da entidade.
Antes da posse de Judith Brito, foi concedido ao ministro do STF Carlos Ayres Britto o 1º Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa, entregue por Elvira Lobato, repórter especial da Folha. Ayres Britto determinou, em fevereiro, a suspensão em caráter liminar de grande parte da Lei de Imprensa, que impõe restrições à atividade jornalística e que foi adotada durante o regime militar.
Júlio César Mesquita, vice-presidente da ANJ e membro do conselho de administração do Grupo Estado, lembrou que o STF poderá decidir, ainda neste ano e de forma definitiva, a manutenção da decisão de Ayres Britto. "A lei em vigor é um símbolo de um Brasil que deve ficar no passado", disse.
Em seu discurso de posse, a nova presidente da ANJ disse que uma das prioridades da associação nos próximos anos será lutar para que a atividade de imprensa no Brasil permaneça livre de controles externos. "A todo momento surgem projetos do Legislativo ou do Executivo que podem conter aspectos perigosamente autoritários", disse Judith Brito.
A posse foi acompanhada por jornalistas, publishers e profissionais da área, além de representantes do Grupo Folha, entre eles seu presidente, Luís Frias, e o diretor editorial, Otavio Frias Filho.
Sirotsky, que deixou o comando da ANJ ontem, também fez uma defesa enfática da liberdade de imprensa. "Não precisamos e não queremos uma nova Lei de Imprensa, mas uma normatização que não impeça um direito maior, o da liberdade de imprensa."
Presente ao evento como representante do Congresso, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, no entanto, defendeu que os parlamentares tenham a "liberdade e o direito" de apresentar projetos relativos a uma nova lei para a atividade de imprensa. "Acho difícil imaginar um setor da sociedade que não seja subordinado ao ordenamento jurídico da própria sociedade", afirmou ele.
Para Chinaglia, chegar a consenso em relação ao tema será um "desafio" para a sociedade.
Já o representante do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no evento, o ministro Franklin Martins (Secretaria de Comunicação Social), afirmou que "o governo Lula garantiu a liberdade de imprensa" sem restrições. "Não como uma benesse. O Brasil não admite mais viver sem liberdade de imprensa, da mesma forma que não admite mais viver sem democracia."
O tema também recebeu os comentários do governador interino de São Paulo, Alberto Goldman, e do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Também participou do evento o ex-presidente da ANJ Pedro Pinciroli Júnior.
Além da posse da nova diretoria da ANJ e da entrega do prêmio, o vice-presidente das Organizações Globo e vice-presidente da ANJ, João Roberto Marinho, prestou homenagem póstuma ao jornalista, e um dos fundadores da ANJ, Demócrito Dummar, morto há quatro meses e que comandava "O Povo", do Ceará. A filha de Dummar, Luciana, representou a família.


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