São Paulo, Domingo, 19 de Setembro de 1999
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PAINEL

Soluções tão difíceis...
Além de Brasília, onde o zunzum parlamentarista é recorrente, a idéia encontra a simpatia de líderes empresariais. Argumento: o governo FHC acabou antes do tempo. Sem força para um novo projeto, seria melhor começar de novo. Ou parecer que começou de novo.

...ilustram o desespero
Em tese menos difícil, uma outra solução seria FHC fazer como Itamar. Nomear um ministro da Fazenda político para, na prática, conduzir o governo. O nome mais lembrado é o do tucano Tasso, que precisaria deixar o governo do Ceará.

Carimbo que colou
"Ele não dá jeito em nada" é a definição de uma eleitora de FHC entrevistada pelo Datafolha, no qual o presidente bateu seu recorde de impopularidade.

Pito humilhante
Na reunião com seu secretariado na última quinta, Covas deu uma clara demonstração de que veria com bons olhos alguns pedidos de demissão.

Hegemonia consolidada
Pela primeira vez, os moderados do PT chegam a um encontro com maioria folgada em relação aos radicais. A eleição de Zé Dirceu para presidente do partido está garantida. O resto é fumaça para tentar influenciar nas teses do 2º Congresso Nacional da sigla, em novembro.

Ajuste fiscal...
O Senado abriu a porteira para a rolagem das dívidas municipais. Além da dívida contratual, estimada em R$ 8 bi, autorizou também a rolagem da dívida mobiliária, que inclui precatórios de origem duvidosa. A soma pode chegar a R$ 21 bi.

...é isso aí
O Senado abriu mão de analisar contratos de dívidas municipais a serem renegociados. Malan quis assim. Pelo projeto, o Tesouro assume débitos e refinancia em 30 anos, com juros de 9% anuais. Às vésperas das eleições de 2000, é uma dádiva.

Conhecendo o terreno
Tápias continuará o planejamento estratégico para o Ministério do Desenvolvimento iniciado por Clóvis Carvalho. Na quinta e na sexta, reunirá 18 pessoas para concluir a tarefa.

Pequeno passo
Campeã no ranking nacional de homicídios, Diadema (SP) recebeu a promessa de ganhar uma delegacia seccional.

Só fazem guerra
Piada brasiliense: FHC queria enviar ACM e Jader para o Timor Leste, mas desistiu depois de a ONU dizer que a missão era de paz. O pefelista e o peemedebista são especialistas em bombardear o presidente.

Deu gás e tirou
FHC estimulou ACM a peitar a auto-indicação de Jader para relator do "Avança, Brasil", marca de fantasia do PPA. Só puxou o tapete quando, depois de se desculpar pelo ataque à lentidão do Congresso, o baiano disse que ele pisara na bola.

É reincidente
A autoridade de FHC, na avaliação dos caciques, subiu ao céu quando ele demitiu Clóvis Carvalho. E desceu ao inferno quando criticou o Congresso e depois pediu desculpas. Agora, tenta ficar no limbo, tirando proveito da briga ACM-Jader.

À boca pequena
ACM comprou uma briga ruim com Jader, segundo entendem seus próprios aliados. O ideal, para o baiano, era continuar questionando FHC sem sofrer contestação interna. Até no PFL Jader foi aplaudido.

Quanta maldade!
De um peemedebista, ressabiado com o propalado apoio de FHC a Jader, na disputa com ACM: "Ele (o presidente) também estimulou o Iris Resende (PMDB) a disputar a presidência do Senado com o Antônio Carlos. E o Iris acreditou".

E-mail: painel@uol.com.br

TIROTEIO

Do deputado federal tucano José de Abreu (SP), sobre FHC dizer que a lentidão do Congresso é responsável pela recessão e pelos juros altos:
- A Câmara tem cumprido sim seu papel e não pode ser acusada pela famigerada taxa de juros estabelecida pelos "canalhocratas". Tal afirmação é uma leviandade. Essa carapuça serve aos dirigentes do Banco Central, escolhidos, nomeados e defendidos pelo Executivo.

CONTRAPONTO

Diplomatas falam sempre igual

Roberto Costa de Abreu Sodré, governador de São Paulo entre 67 e 71, foi ministro das Relações Exteriores no governo José Sarney, de 85 a 90. Na terça, ele morreu aos 81 anos.
Quando chanceler, Abreu Sodré recebeu a visita de um colega de um dos países nórdicos. Como de costume, ocorreu um jantar no Itamaraty. A assessoria do chanceler estrangeiro traduziu o seu discurso para o português, e uma das cópias foi parar no assento de Sodré, ao lado de seu pronunciamento.
Com fama de muito distraído, Sodré pegou o discurso do visitante, foi para o púlpito e começou a ler algo assim:
- É com muito prazer que venho de longe visitar este imenso país. Gostaria de cumprimentar o chanceler Abreu Sodré...
Sodré só então percebeu a mancada. O mal-estar foi tão grande que ninguém riu. Todos ficaram perplexos. Correndo, um funcionário do Itamaraty levou o discurso correto a Sodré, que começou tudo de novo, como se nada tivesse acontecido.


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