|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PARTIDO AO MEIO
Oposição de PSDB e PFL enfraquece articulação pró-Renan
Com Sarney favorito, PMDB tenta escolher sucessor hoje
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após o fracasso inicial da articulação da cúpula do PMDB para
fazer do líder Renan Calheiros
(AL) o futuro presidente do Senado, e sem conseguir unanimidade
na Casa em torno do nome do ex-presidente José Sarney (AP), o
partido adiou para hoje a escolha
do sucessor de Jader Barbalho
(PA). O favorito, porém, continua
sendo Sarney.
A bancada peemedebista, dividida, se reúne às 11h. José Fogaça
(RS) e José Alencar (MG) afirmaram ontem que irão disputar a indicação no PMDB, mesmo que
Sarney ceda aos apelos e decida se
candidatar ao cargo.
Os vetos do PFL e do PSDB à indicação de Renan Calheriso forçaram a ala governista do partido a
recuar na opção e tentar novamente, ontem, convencer Sarney
a aceitar o cargo.
Até o início da noite, o ex-presidente mantinha a condição de só
assumir caso houvesse um consenso entre todos os partidos,
aliados do governo ou não, em
torno do seu nome.
Restrições petistas
O PT, embora não tenha reunido sua bancada para uma decisão
formal, impôs restrições ao nome
de Sarney. Uma ala do partido
acha que, na presidência do Senado, o peemedebista fortaleceria a
posição da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), sua
filha, na sucessão de Fernando
Henrique Cardoso.
No Senado, o argumento dos
petistas era outro. ""Achamos que
o PMDB deveria escolher um nome neutro, que não represente
mais um round na guerra entre
Jader e o ex-senador Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA)",
afirmou o líder do PT, José Eduardo Dutra (SE).
Segundo o líder do PT, Sarney
representaria uma vitória de
ACM, já que o ex-presidente era o
candidato dele na época em que
Jader foi eleito. O petista disse que
a ""preferência" da oposição é por
Alencar, cuja posição é totalmente independente no PMDB. Empresário rico, o mineiro chegou a
ser cotado para ser candidato a vice-presidente na chapa de Luiz
Inácio Lula da Silva à Presidência
da República.
"Preferências"
"Não há vetos, até porque o PT
não tem poder de veto. Temos
preferências. O problema do Sarney é no Palácio do Planalto e estão querendo jogar a responsabilidade em cima da oposição", disse Dutra. Os governistas negam
que haja qualquer veto do presidente FHC a Sarney.
Para o gaúcho Fogaça, que
mantém uma posição de independência em relação à cúpula do
partido, tudo não passou de um
""truque" da cúpula do PMDB,
que é governista, para impedir
sua candidatura.
Fogaça havia anunciado na véspera que só abriria mão da disputa pela presidência do Senado se
Sarney fosse candidato. O gaúcho
pode não ter maioria dos votos no
PMDB, mas teria apoio do PFL e
do PSDB. Ontem, Fogaça mudou
de idéia. Já que Sarney mantinha
posição dúbia, negando para uns
ser candidato em qualquer hipótese, e, para outros, admitindo a
possibilidade, Fogaça decidiu disputar de qualquer jeito.
Pela manhã, Renan teve uma
reunião com Sarney, o primeiro
secretário do Senado, Carlos Wilson (PPS-PE), e o líder do PPS,
Paulo Hartung (ES).
"Nesse momento de crise mundial, nem Deus é unanimidade.
Sarney não pode querer unanimidade", disse Renan.
Texto Anterior: Janio de Freitas: O risco Próximo Texto: Frase Índice
|