São Paulo, quarta-feira, 19 de setembro de 2001

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PARTIDO AO MEIO

Oposição de PSDB e PFL enfraquece articulação pró-Renan

Com Sarney favorito, PMDB tenta escolher sucessor hoje

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após o fracasso inicial da articulação da cúpula do PMDB para fazer do líder Renan Calheiros (AL) o futuro presidente do Senado, e sem conseguir unanimidade na Casa em torno do nome do ex-presidente José Sarney (AP), o partido adiou para hoje a escolha do sucessor de Jader Barbalho (PA). O favorito, porém, continua sendo Sarney.
A bancada peemedebista, dividida, se reúne às 11h. José Fogaça (RS) e José Alencar (MG) afirmaram ontem que irão disputar a indicação no PMDB, mesmo que Sarney ceda aos apelos e decida se candidatar ao cargo.
Os vetos do PFL e do PSDB à indicação de Renan Calheriso forçaram a ala governista do partido a recuar na opção e tentar novamente, ontem, convencer Sarney a aceitar o cargo.
Até o início da noite, o ex-presidente mantinha a condição de só assumir caso houvesse um consenso entre todos os partidos, aliados do governo ou não, em torno do seu nome.

Restrições petistas
O PT, embora não tenha reunido sua bancada para uma decisão formal, impôs restrições ao nome de Sarney. Uma ala do partido acha que, na presidência do Senado, o peemedebista fortaleceria a posição da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), sua filha, na sucessão de Fernando Henrique Cardoso.
No Senado, o argumento dos petistas era outro. ""Achamos que o PMDB deveria escolher um nome neutro, que não represente mais um round na guerra entre Jader e o ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA)", afirmou o líder do PT, José Eduardo Dutra (SE).
Segundo o líder do PT, Sarney representaria uma vitória de ACM, já que o ex-presidente era o candidato dele na época em que Jader foi eleito. O petista disse que a ""preferência" da oposição é por Alencar, cuja posição é totalmente independente no PMDB. Empresário rico, o mineiro chegou a ser cotado para ser candidato a vice-presidente na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República.

"Preferências"
"Não há vetos, até porque o PT não tem poder de veto. Temos preferências. O problema do Sarney é no Palácio do Planalto e estão querendo jogar a responsabilidade em cima da oposição", disse Dutra. Os governistas negam que haja qualquer veto do presidente FHC a Sarney.
Para o gaúcho Fogaça, que mantém uma posição de independência em relação à cúpula do partido, tudo não passou de um ""truque" da cúpula do PMDB, que é governista, para impedir sua candidatura.
Fogaça havia anunciado na véspera que só abriria mão da disputa pela presidência do Senado se Sarney fosse candidato. O gaúcho pode não ter maioria dos votos no PMDB, mas teria apoio do PFL e do PSDB. Ontem, Fogaça mudou de idéia. Já que Sarney mantinha posição dúbia, negando para uns ser candidato em qualquer hipótese, e, para outros, admitindo a possibilidade, Fogaça decidiu disputar de qualquer jeito.
Pela manhã, Renan teve uma reunião com Sarney, o primeiro secretário do Senado, Carlos Wilson (PPS-PE), e o líder do PPS, Paulo Hartung (ES).
"Nesse momento de crise mundial, nem Deus é unanimidade. Sarney não pode querer unanimidade", disse Renan.




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