FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso entregou anteontem uma carta ao líder do PMDB na Câmara, o deputado Geddel Vieira Lima (BA), na qual defende o peemedebista de ataques do ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Com nove linhas, datada de 12 de setembro e escrita em um papel timbrado com um brasão dourado da Presidência da República, a correspondência de FHC surpreende pela defesa aberta que faz de Geddel, a quem o presidente trata por "você".
A discussão teve início com um fax enviado em 22 de agosto de ACM para FHC. Nessa carta o baiano se mostrava indignado com fato de o presidente aparecer no horário eleitoral da Bahia ao lado de Geddel.
ACM dizia em seu fax ter ouvido do presidente, no passado, ataques a Geddel. "Recordo-me quando o senhor o chamou de ladrão e salientou que os jornalistas pensavam que era do senhor uma BMW na porta do Palácio da Alvorada. Verdade ou mentira?".
Agora, em sua carta a Geddel, FHC responde: "Recebi há semanas fax do senador Antonio Carlos Magalhães com afirmações atribuídas por mim a você, mas que, na verdade, foram-me ditas por ele próprio". De forma indireta, portanto, FHC disse que eram mentiras as afirmações de ACM.
Ao final, antes de se despedir de Geddel com "um abraço cordial", FHC faz outro ataque a ACM: "O resto é prática habitual de quem envelhece sem aprender que a intriga só desmerece a quem a faz".
Geddel não quis comentar a correspondência. "A carta do presidente é auto-explicativa. Sobretudo o último parágrafo quando ele escreve sobre quem envelhece sem aprender", disse.
Informado sobre o teor da carta presidencial, ACM declarou: "A que ponto chegou o Brasil. Uma carta do presidente mentindo, e os seus auxiliares sabem disso, para defender uma figura de quem ele conhece os pecados e, talvez, por leniência ou conivência, tenta agora absolver".


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