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BASTIDORES
Planalto visa proteger reformas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva adiou o anúncio oficial da
unificação dos programas sociais
por temer desagradar aos governadores e, assim, contaminar a
aprovação das reformas previdenciária e tributária -o apoio
dos Estados é fundamental.
Também pesou uma questão
relacionada à reforma ministerial:
o que fazer com ministros da área
social, especialmente Benedita da
Silva (Assistência e Promoção Social) e José Graziano (Segurança
Alimentar)?
Ambos perderão poder com a
oficialização da unificação dos
programas sociais sob a coordenação da socióloga Ana Fonseca,
numa supersecretaria subordinada diretamente à Presidência.
Numa reunião ontem com o
ministro Luiz Gushiken (Comunicação de Governo e Gestão Estratégica), o presidente se deu
conta de que os governadores e os
prefeitos de capitais não apareciam na campanha publicitária
do Bolsa-Família, nome oficial da
unificação dos programas sociais.
Lula julgou que seria uma descortesia, já que se reuniu com os
governadores no dia em que enviou ao Congresso as duas reformas, para que juntos elaborassem
a unificação dos programas.
Num momento em que aumentam as resistências às reformas e
em que a discussão passa para o
Senado, a Casa que representa os
Estados, seria inabilidade política,
na avaliação de Lula, tentar faturar sozinho a unificação social.
A campanha publicitária já está
pronta e tem como slogan "A
Evolução dos Programas de Distribuição de Renda no Brasil". As
propagandas, porém, deverão receber ajustes do publicitário Duda Mendonça para incorporar governadores e prefeitos de capitais.
Lula crê que a unificação pode
ser vendida como "boa notícia".
Por isso, pretende dividir esse
"bônus", segundo um ministro,
com governadores e prefeitos de
capitais. Daí já ter marcado uma
reunião com eles no dia 30.
Há também um problema técnico. O governo ainda precisa
acertar com Estados e municípios
como será a distribuição do dinheiro, com cadastros unificados.
Brigas
Apesar de ter havido muita divergência interna até a reunião de
anteontem, na qual Lula bateu o
martelo em relação ao formato da
unificação, as brigas não foram as
responsáveis pelo adiamento.
Ministros como Benedita, Graziano e Cristovam Buarque (Educação) lutaram até o último momento para manter algum controle sobre a secretaria de Ana
Fonseca. Lula não cedeu.
Graziano chegou a defender que
a unificação fosse batizada de Fome Zero. A marca foi vista como
muito ligada à miséria e deu lugar
ao nome de Bolsa-Família, parecido com Bolsa-Escola, o que acabou agradando a Cristovam.
Benedita quis que a secretaria ficasse subordinada a seu ministério. Ganhou a promessa de que
seu secretário-executivo, Ricardo
Henriques, atuará em coordenação com Ana Fonseca.
O fato, porém, é que são esvaziadas as pastas de Benedita e de
Graziano. Isso pode levá-los a
perder o status de ministro ou até
mesmo a sair do governo.
(KENNEDY ALENCAR)
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