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LEGISLATIVO
Entre os parlamentares mais influentes, só José Sarney representa a geração anterior ao golpe de 1964
Eleição dos "10 mais" indica renovação da elite do Congresso
RAYMUNDO COSTA
DO PAINEL EM BRASÍLIA
A eleição dos dez deputados e
senadores mais influentes do
Congresso, em sua versão de
2004, indica a renovação de líderes tanto na Câmara dos Deputados como no Senado, um processo que começou no governo Lula,
mas pode diminuir de ritmo se a
emenda da reeleição das Mesas
do Congresso vier a ser aprovada.
Na lista dos "dez mais" de 2004,
só José Sarney (PMDB-AP), presidente do Senado. representa a geração anterior ao golpe de 1964.
A eleição da elite do Congresso
Nacional é feita pelo voto direto
de 100 parlamentares escolhidos
pelo Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) como os mais influentes. Desses 100, votaram 83.
No PFL, originário da antiga
Arena, partido de sustentação ao
regime militar, sumiram caciques
como Antonio Carlos Magalhães
(BA), que ficou com a 13ª posição,
e Jorge Bornhausen (SC), na 11ª. O
ex-vice-presidente Marco Maciel
(PE) só aparece na 31ª posição.
Os novos nomes pefelistas
apontados foram José Agripino
Maia (RN), líder no Senado, e José
Carlos Aleluia (BA), líder na Câmara. Os dois se caracterizam pela agressiva oposição que fazem
ao governo Lula no Congresso.
"É uma característica dessa eleição no governo do PT: é apontado
quem faz oposição e combate o
governo e quem defende enfaticamente o governo", diz Antonio
Augusto Queiróz, diretor de Documentação e consultor político
do Diap. Em 2003, por exemplo, o
senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) não apareceu entre os "dez
mais". Agora, ficou na 9ª posição,
com 22 votos. Entre um ano e outro, Tasso passou de discreto aliado a um ferrenho crítico do governo Lula em geral e do ministro
José Dirceu (Casa Civil) em particular. "Quanto mais ostensiva a
oposição, mais visibilidade ganha
o parlamentar", diz Queiróz.
A "politização" da lista no governo Lula, como diz Queiróz, é o
que explicaria a saída da lista da
elite do Congresso de nomes mais
"técnicos", como o deputado Delfim Netto (PP-SP), que ficou com
a 12ª posição, ou do senador Jefferson Péres (PDT-AM).
Partidos
Dos "dez mais" eleitos neste
ano, quatro são do PT, todos de
São Paulo -o que reforça a imagem de "partido paulista"- e três
deles do chamado campo majoritário da sigla: João Paulo Cunha,
presidente da Câmara, Aloizio
Mercadante, líder do governo no
Senado, e Professor Luizinho, líder de Lula na Câmara. Só Arlindo Chinaglia, líder do PT na Câmara, é da ala independente.
Da elite do ano passado, um virou líder do governo na Câmara
-Professor Luizinho - e dois
viraram ministros de Lula: Eunício Oliveira (CE), nas Comunicações, e Aldo Rebelo (PC do SP), na
Coordenação Política. Um era líder na Câmara do PMDB e outro
do governo, respectivamente.
O líder do PSDB, Jutahy Magalhães (BA) deixou a lista. Do partido, só restou o líder no Senado,
Arthur Virgílio (AM). Os tucanos
sumiram na Câmara: o mais votado, Alberto Goldman (SP), aparece na 16ª posição. Sorte idêntica
teve o PMDB. O líder José Borba
(PR) nem sequer aparece entre os
20. Já o líder no Senado, Renan
Calheiros (AL), que ficou de fora
da edição anterior, neste ano aparece na 7ª posição, com 29 votos.
Renan cresceu na avaliação dos
colegas ao se opor ao projeto que
permitiria a reeleição de Sarney e
de João Paulo. Ele ganhou a primeira batalha ao levar a grande
maioria do PMDB a votar contra
uma das versões do projeto.
Curiosamente, João Paulo e José
Sarney, mesmo derrotados no
primeiro embate, mantiveram a
primeira e a segunda posição entre os dez. João Paulo com 60 votos; José Sarney, com 57.
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