São Paulo, terça-feira, 19 de setembro de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Conexão Baltazar

O advogado e ex-policial Gedimar Pereira Passos, que declarou ter negociado para o PT a compra de informações contra os tucanos, foi segurança da campanha de Lula em 2002 assim como Freud Godoy, assessor pessoal do petista que, segundo Gedimar, mandou pagar por um pacote que incluía entrevista e dossiê.
Freud -que diz ter se encontrado com seu acusador apenas quatro vezes- e Gedimar são unidos por um personagem, além do próprio presidente: Francisco Baltazar da Silva, delegado que coordenou a segurança de Lula em quatro eleições, virou superintendente da PF em 2003 e caiu em setembro do ano seguinte por envolvimento com o doleiro Toninho da Barcelona. Gedimar é muito próximo de Baltazar, por sua vez amigo de Freud desde a campanha de 1989.

Oh, azar! Na cela da PF onde está preso em São Paulo, Gedimar tem dito que foi chamado somente para "fazer a segurança" da entrega do pagamento ao representante dos Vedoin, e que haviam lhe garantido que o dinheiro "tinha origem". Alega ter sido enganado pelo PT.

O especialista. Quando abandonou a carreira policial e se aproximou do PT, Gedimar passou a oferecer ao partido os serviços que conhecia melhor, a saber: segurança propriamente dita e arapongagem em geral.

Who... Antes de se tornar o churrasqueiro oficial da Granja do Torto, Jorge Lorenzetti, que teria sido um dos responsáveis pela aproximação entre Gedimar e Freud Godoy, costumava ser anfitrião de Lula em Réveillons passados em Santa Catarina.

...is who. Lorenzetti, fundador do PT e da CUT, é também muito próximo à líder do PT no Senado, Ideli Salvatti.

Em SP 1. Freud foi funcionário da Prodan do início da gestão Marta Suplicy (2001) até janeiro de 2003, quando seguiu para Brasília com Lula. De maio a dezembro de 2002, permaneceu licenciado para acompanhar o petista na campanha e na transição.

Em SP 2. Foi a segunda passagem de Freud pela prefeitura paulistana. Ele já havia trabalhado na segurança da CMTC durante a gestão de Luiza Erundina (1989-1992).

Meia volta. O ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) cancelou compromissos que teria hoje no Rio Grande do Sul e antecipou sua volta a Brasília em conseqüência da crise aberta com o caso da compra de informações contra os tucanos.

Barba e cabelo. De um petista desolado com a encrenca gerada pela operação de compra do pacote dos Vedoin: "Parece que havia gente inconformada em ganhar só a eleição presidencial. Precisava vencer em SP também".

Carga máxima. As áreas política, jurídica e de marketing da campanha de Alckmin se reuniram no fim de semana para traçar a estratégia a ser seguida diante do episódio. A ordem é explorar, inclusive no programa eleitoral do tucano, a ligação Lula-Freud.

Para ontem. Os tucanos acompanham a apuração do caso de olho no calendário. "A PF tem a obrigação de dar uma resposta sobre a origem do dinheiro antes das eleições, sob pena de perder credibilidade", diz Bismarck Maia (CE), vice-líder da bancada do PSDB na Câmara.

Enquanto isso. Afastado de campanhas eleitorais após o escândalo do mensalão, Duda Mendonça curtia anônimo uma vaquejada na saída de Brasília para Goiânia, no fim de semana. Com direito a uísque em copo de plástico.

Visita à Folha. Aécio Neves, candidato à reeleição ao governo de Minas Gerais pelo PSDB, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Antonio Augusto Anastasia, candidato a vice, e de Heloisa Neves, assessora de imprensa.

Tiroteio

"Com Lula e o PT, o jogo do poder passou a ser jogado na delegacia."
Do deputado cassado ROBERTO JEFFERSON (PTB), sobre o a tentativa de compra de informações da família Vedoin contra os tucanos.

Contraponto

Homem do tempo

O comício do presidente Lula em Criciúma, no dia 9 passado, foi cercado de cuidados, pois o mau tempo atrapalhara visitas anteriores. O Exército chegou a aventar a possibilidade de tempestade tropical, mas o PT local bateu o pé, baseado em prognóstico mais otimista do meteorologista catarinense Ronaldo Coutinho.
No palanque, diante de Lula, com o dia claro, a senadora Ideli Salvatti (SC) gabou-se da aposta do cientista:
-Duvidavam de que faria bom tempo? Por favor, que nas próximas vindas do presidente o cerimonial consulte antes o Coutinho. Não é à toa que ele é uma das únicas unanimidades entre adversários em Santa Catarina.


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