|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
PF fará acareação com quatro envolvidos
Transferidos para Cuiabá, Valdebran Padilha e Gedimar Passos serão confrontados com Luiz Antonio Vedoin e Paulo Trevisan
Polícia abre inquérito para investigar origem de R$ 1,7 milhão que seria usado para comprar documentos contra candidato tucano em SP
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ (MT)
A prisão do empresário petista Valdebran Carlos Padilha da
Silva e do advogado Gedimar
Pereira Passos -que estavam
com cerca de R$ 1,7 milhão em
dinheiro (em dólares e reais)-
foi decretada com base em suspeita de "crime de lavagem de
dinheiro ou [de] outra origem
ilícita", segundo despacho do
juiz Cesar Augusto Bearsi, da 3ª
Vara Federal de Cuiabá.
A Polícia Federal abriu ontem inquérito para apurar a
origem do dinheiro e anunciou
que deve fazer hoje em Cuiabá
uma acareação com Valdebran
e Gedimar, presos em São Paulo com a quantia. Eles foram
transferidos ontem à noite de
São Paulo para Cuiabá. Presos
na mesma capital, o empresário Luiz Antonio Vedoin, chefe
da máfia dos sanguessugas, e
seu tio Paulo Roberto Trevisan,
que levaria o dossiê a São Paulo,
vão participar da acareação.
O dinheiro seria usado para
comprar um dossiê contra o
candidato do PSDB a governador paulista, José Serra, e pagar
uma entrevista à imprensa
contra o tucano. O material foi
oferecido por Vedoin.
O juiz federal Marcos Tavares, de Cuiabá, assumiu o caso
do dossiê ontem e determinou
que o empresário Valdebran
não fosse algemado nem apresentado à imprensa, assim que
chegasse à capital de Mato
Grosso. Às 22h50 de ontem,
dois carros da PF partiram rumo ao aeroporto de Cuiabá, para pegar Valdebran e Passos e
levá-los até o presídio Pascoal
Ramos, onde ficarão detidos.
Valdebran, Passos, Vedoin e
Trevisan foram presos no fim
da semana passada durante
operação da PF desencadeada
pela apreensão, no aeroporto
de Cuiabá, do dossiê, formado
por uma fita de vídeo, um DVD
e fotos. Esse material mostra
Serra em Cuiabá numa solenidade de entrega de ambulâncias, fornecidas pela máfia dos
sanguessugas. O evento ocorreu em maio de 2001, quando
Serra era ministro da Saúde.
Em depoimento à PF, Passos
afirmou que foi contratado pelo PT para negociar a compra
do dossiê com Vedoin e que a
quantia, de R$ 1,7 milhão, seria
usada para pagar o empresário.
O juiz Bearsi afirmou que
comprar provas judiciais que
não estejam em sigilo não é crime. O delito, em tese, pode ser
uma suposta origem ilícita do
dinheiro usado na compra.
A Justiça Federal considera
tecnicamente o dossiê contra
Serra uma prova sobre a máfia
dos sanguessugas, porque o
material estava em poder de
Vedoin, líder do esquema. O
material é considerado público
pelo superintendente da PF em
Mato Grosso, Geraldo Pereira,
pois as imagens foram mostradas pela imprensa em 2001, logo após a visita do ministro.
Texto Anterior: Foco: Em 54, assessor de Getúlio provocou crise que levou ao suicídio do presidente Próximo Texto: PF não pediu fitas nem cadastro de clientes a hotel Índice
|