São Paulo, terça-feira, 19 de setembro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ

PF fará acareação com quatro envolvidos

Transferidos para Cuiabá, Valdebran Padilha e Gedimar Passos serão confrontados com Luiz Antonio Vedoin e Paulo Trevisan

Polícia abre inquérito para investigar origem de R$ 1,7 milhão que seria usado para comprar documentos contra candidato tucano em SP


HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ (MT)

A prisão do empresário petista Valdebran Carlos Padilha da Silva e do advogado Gedimar Pereira Passos -que estavam com cerca de R$ 1,7 milhão em dinheiro (em dólares e reais)- foi decretada com base em suspeita de "crime de lavagem de dinheiro ou [de] outra origem ilícita", segundo despacho do juiz Cesar Augusto Bearsi, da 3ª Vara Federal de Cuiabá.
A Polícia Federal abriu ontem inquérito para apurar a origem do dinheiro e anunciou que deve fazer hoje em Cuiabá uma acareação com Valdebran e Gedimar, presos em São Paulo com a quantia. Eles foram transferidos ontem à noite de São Paulo para Cuiabá. Presos na mesma capital, o empresário Luiz Antonio Vedoin, chefe da máfia dos sanguessugas, e seu tio Paulo Roberto Trevisan, que levaria o dossiê a São Paulo, vão participar da acareação.
O dinheiro seria usado para comprar um dossiê contra o candidato do PSDB a governador paulista, José Serra, e pagar uma entrevista à imprensa contra o tucano. O material foi oferecido por Vedoin.
O juiz federal Marcos Tavares, de Cuiabá, assumiu o caso do dossiê ontem e determinou que o empresário Valdebran não fosse algemado nem apresentado à imprensa, assim que chegasse à capital de Mato Grosso. Às 22h50 de ontem, dois carros da PF partiram rumo ao aeroporto de Cuiabá, para pegar Valdebran e Passos e levá-los até o presídio Pascoal Ramos, onde ficarão detidos.
Valdebran, Passos, Vedoin e Trevisan foram presos no fim da semana passada durante operação da PF desencadeada pela apreensão, no aeroporto de Cuiabá, do dossiê, formado por uma fita de vídeo, um DVD e fotos. Esse material mostra Serra em Cuiabá numa solenidade de entrega de ambulâncias, fornecidas pela máfia dos sanguessugas. O evento ocorreu em maio de 2001, quando Serra era ministro da Saúde.
Em depoimento à PF, Passos afirmou que foi contratado pelo PT para negociar a compra do dossiê com Vedoin e que a quantia, de R$ 1,7 milhão, seria usada para pagar o empresário.
O juiz Bearsi afirmou que comprar provas judiciais que não estejam em sigilo não é crime. O delito, em tese, pode ser uma suposta origem ilícita do dinheiro usado na compra.
A Justiça Federal considera tecnicamente o dossiê contra Serra uma prova sobre a máfia dos sanguessugas, porque o material estava em poder de Vedoin, líder do esquema. O material é considerado público pelo superintendente da PF em Mato Grosso, Geraldo Pereira, pois as imagens foram mostradas pela imprensa em 2001, logo após a visita do ministro.


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