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No PT, preso pela PF "tratava informações"
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do PT e
coordenador da candidatura de Luiz Inácio Lula da
Silva, Ricardo Berzoini,
admitiu ontem que o ex-policial federal Gedimar
Passos atua na área de inteligência da campanha,
que ele chamou de "tratamento de informações".
Ele disse que só soube
que Gedimar fazia parte
da campanha de Lula no
último sábado.
Berzoini negou que a
campanha tenha pago por
informações contra tucanos e afirmou que Gedimar não tinha autorização
para montar ou procurar
qualquer tipo de dossiê.
Insinuou ainda que o partido poderia estar sendo
vítima de "armação", sem
citar a quem se referia.
"O PT não tem nenhuma atividade que envolva
recursos financeiros para
compra de informação.
Não faria isso em hipótese
alguma. Temos o princípio
básico de que o tratamento de informações deve ser
feito profissionalmente,
de acordo com as leis do
país", disse Berzoini, em
uma entrevista tensa que
veio ao final de um dia de
reuniões ininterruptas no
comitê central de Lula.
Vigiado por dois seguranças e um bombeiro, o
presidente petista afirmou que Gedimar respondia diretamente a Jorge
Lorenzetti, um antigo militante do PT catarinense
que coordena a "área de
inteligência" da campanha. Lorenzetti, por sua
vez, responde diretamente
a Berzoini.
"Lorenzetti era a pessoa
que coordenava esse trabalho, mas nunca montagem de dossiês." Gedimar,
de acordo com o petista,
não tem "relação orgânica" com o PT, tendo sido
apenas contratado para
um serviço.
"Tratamento de informações", segundo a primeira explicação do petista, consistiria em "sistematizar informações que
saem na imprensa, na internet, veiculadas nos
meios de comunicação e
que chegam à campanha e
ao partido através de telefonemas, militantes e pessoas". Depois, acrescentou
duas funções: rastrear os
telefones do comitê e analisar informações contra
adversários.
Segundo Berzoini, a utilização das informações
reunidas seria uma "decisão política" da coordenação de campanha. "Essas
pessoas evidentemente
[Gedimar e Lorenzetti]
não tinham alçada para fazer nenhum tipo de movimentação que incluísse
viagens e busca de informações sem autorização."
Berzoini afirmou que
não sabia da participação
de Gedimar na campanha
que ele coordena. "Tomei
conhecimento somente
no sábado que esse cidadão fazia parte de dispositivo que foi montado para
fazer tratamento de informações. Era a única função que ele deveria ter."
Segundo a Folha apurou, no entanto, o advogado e ex-agente possui ligações com a área de inteligência do PT anteriores à
campanha deste ano e foi
promovido na PF após a
eleição do presidente petista em 2002.
Colaborou a Reportagem Local
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