São Paulo, terça-feira, 19 de setembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

No PT, preso pela PF "tratava informações"

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do PT e coordenador da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, Ricardo Berzoini, admitiu ontem que o ex-policial federal Gedimar Passos atua na área de inteligência da campanha, que ele chamou de "tratamento de informações".
Ele disse que só soube que Gedimar fazia parte da campanha de Lula no último sábado.
Berzoini negou que a campanha tenha pago por informações contra tucanos e afirmou que Gedimar não tinha autorização para montar ou procurar qualquer tipo de dossiê. Insinuou ainda que o partido poderia estar sendo vítima de "armação", sem citar a quem se referia.
"O PT não tem nenhuma atividade que envolva recursos financeiros para compra de informação. Não faria isso em hipótese alguma. Temos o princípio básico de que o tratamento de informações deve ser feito profissionalmente, de acordo com as leis do país", disse Berzoini, em uma entrevista tensa que veio ao final de um dia de reuniões ininterruptas no comitê central de Lula.
Vigiado por dois seguranças e um bombeiro, o presidente petista afirmou que Gedimar respondia diretamente a Jorge Lorenzetti, um antigo militante do PT catarinense que coordena a "área de inteligência" da campanha. Lorenzetti, por sua vez, responde diretamente a Berzoini.
"Lorenzetti era a pessoa que coordenava esse trabalho, mas nunca montagem de dossiês." Gedimar, de acordo com o petista, não tem "relação orgânica" com o PT, tendo sido apenas contratado para um serviço.
"Tratamento de informações", segundo a primeira explicação do petista, consistiria em "sistematizar informações que saem na imprensa, na internet, veiculadas nos meios de comunicação e que chegam à campanha e ao partido através de telefonemas, militantes e pessoas". Depois, acrescentou duas funções: rastrear os telefones do comitê e analisar informações contra adversários.
Segundo Berzoini, a utilização das informações reunidas seria uma "decisão política" da coordenação de campanha. "Essas pessoas evidentemente [Gedimar e Lorenzetti] não tinham alçada para fazer nenhum tipo de movimentação que incluísse viagens e busca de informações sem autorização."
Berzoini afirmou que não sabia da participação de Gedimar na campanha que ele coordena. "Tomei conhecimento somente no sábado que esse cidadão fazia parte de dispositivo que foi montado para fazer tratamento de informações. Era a única função que ele deveria ter."
Segundo a Folha apurou, no entanto, o advogado e ex-agente possui ligações com a área de inteligência do PT anteriores à campanha deste ano e foi promovido na PF após a eleição do presidente petista em 2002.


Colaborou a Reportagem Local

Texto Anterior: Eleições 2006/Crise do dossiê: Petista construiu ponte entre CUT e Dirceu
Próximo Texto: Notas de dólares para pagar dossiê eram novas, emitidas em abril, diz relatório
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.