São Paulo, terça-feira, 19 de setembro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ

"Vamos tirar esse dossiê do palanque", pede Mercadante

Senador diz que Lula está com eleição ganha e não se envolveria em episódio

Pela primeira vez desde o início da campanha, petista admite que pode assumir um ministério em caso de derrota na disputa em SP


MATHEUS PICHONELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Em meio à acusação de que um assessor especial da Presidência da República tentou comprar um dossiê "anti-Serra", o candidato do PT ao governo do Estado de São Paulo, Aloizio Mercadante, pediu ontem que o assunto seja retirado do palanque para não prejudicar as eleições.
Dizendo-se enojado com a possível compra de material contra rivais tucanos, o senador afirmou que, "em política, os fins não justificam os meios, nunca". "Temos que tirar isso do palanque. Vamos fazer campanha como estávamos fazendo, discutindo propostas."
Ontem, o assessor especial da Presidência Freud Godoy pediu demissão após ser apontado por Gedimar Pereira Passos -preso na última sexta-feira com R$ 1,7 milhão que seriam dados para obter o dossiê- como negociador da compra dos documentos que mostrariam envolvimento de José Serra com a máfia dos sanguessugas.
Durante visita à zona leste de São Paulo, o candidato petista tentou isentar o presidente Lula de participação no episódio, dizendo que ele "estava com a eleição ganha". Depois, corrigiu: "Está com a eleição ganha. Como é que ele ia permitir uma atitude que ele nunca fez nem quando perdia eleições?".
Na tentativa de despistar a desconfiança que pesa sobre ele -de que seria beneficiado com a divulgação desse dossiê-, Mercadante admitiu, pela primeira vez desde o início da campanha, que pode ocupar um ministério em um eventual segundo governo Lula, caso seja derrotado em São Paulo. "Participaria disso a troco de quê? Sou senador, posso ser ministro, tenho uma vida pública pela frente."
"Se tiver alguém do PT no episódio, participando de uma coisa tão irresponsável, que tenha pelo menos a coragem de vir a público e assumir o que fez", cobrou o senador, que evitou, entretanto, desclassificar as acusações contidas nos documentos apreendidos. "Há cheques que foram depositados, número de conta, vídeo, indícios. Agora, eu não faço pré-julgamento. Isso é muito sério e não vou levar ao palanque. A honra das pessoas está acima de uma disputa política. Popularidade você perde ou ganha, mas credibilidade só tem uma. Vou preservar a minha."
Mercadante disse que torce para que a Polícia Federal apure o caso antes das eleições.


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