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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
"Vamos tirar esse dossiê do palanque", pede Mercadante
Senador diz que Lula está com eleição ganha e não se envolveria em episódio
Pela primeira vez desde o início da campanha, petista admite que pode assumir um ministério em caso de derrota na disputa em SP
MATHEUS PICHONELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Em meio à acusação de que
um assessor especial da Presidência da República tentou
comprar um dossiê "anti-Serra", o candidato do PT ao governo do Estado de São Paulo,
Aloizio Mercadante, pediu ontem que o assunto seja retirado
do palanque para não prejudicar as eleições.
Dizendo-se enojado com a
possível compra de material
contra rivais tucanos, o senador afirmou que, "em política,
os fins não justificam os meios,
nunca". "Temos que tirar isso
do palanque. Vamos fazer campanha como estávamos fazendo, discutindo propostas."
Ontem, o assessor especial da
Presidência Freud Godoy pediu demissão após ser apontado por Gedimar Pereira Passos
-preso na última sexta-feira
com R$ 1,7 milhão que seriam
dados para obter o dossiê- como negociador da compra dos
documentos que mostrariam
envolvimento de José Serra
com a máfia dos sanguessugas.
Durante visita à zona leste de
São Paulo, o candidato petista
tentou isentar o presidente Lula de participação no episódio,
dizendo que ele "estava com a
eleição ganha". Depois, corrigiu: "Está com a eleição ganha.
Como é que ele ia permitir uma
atitude que ele nunca fez nem
quando perdia eleições?".
Na tentativa de despistar a
desconfiança que pesa sobre
ele -de que seria beneficiado
com a divulgação desse dossiê-, Mercadante admitiu, pela
primeira vez desde o início da
campanha, que pode ocupar
um ministério em um eventual
segundo governo Lula, caso seja derrotado em São Paulo.
"Participaria disso a troco de
quê? Sou senador, posso ser
ministro, tenho uma vida pública pela frente."
"Se tiver alguém do PT no
episódio, participando de uma
coisa tão irresponsável, que tenha pelo menos a coragem de
vir a público e assumir o que
fez", cobrou o senador, que evitou, entretanto, desclassificar
as acusações contidas nos documentos apreendidos. "Há
cheques que foram depositados, número de conta, vídeo,
indícios. Agora, eu não faço
pré-julgamento. Isso é muito
sério e não vou levar ao palanque. A honra das pessoas está
acima de uma disputa política.
Popularidade você perde ou ganha, mas credibilidade só tem
uma. Vou preservar a minha."
Mercadante disse que torce
para que a Polícia Federal apure o caso antes das eleições.
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