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Relatório da PF indicia 36 por valerioduto de Minas
Walfrido, vice de Azeredo na época, diz que seu nome aparece em "projeção de custo"
Com base no inquérito, os investigados poderão ser denunciados ao Supremo pelo procurador-geral Antonio Fernando de Souza
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O relatório final do inquérito
da Polícia Federal que investigou o suposto esquema do valerioduto em Minas em 1998,
concluído em julho, citou o ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia
(PTB), o ex-governador e atual
senador Eduardo Azeredo
(PSDB-MG) e indiciou 36 pessoas sob suspeitas diversas.
O documento também reproduz lista, considerada autêntica pela PF, que descreve o
envio de R$ 110 mil do esquema
para a campanha do então candidato a deputado e atual governador de Minas, Aécio Neves (PSDB). Com base no inquérito, os investigados poderão ser denunciados ao Supremo Tribunal Federal pelo procurador-geral da República,
Antonio Fernando de Souza.
A investigação é desdobramento do escândalo do mensalão, que atingiu o governo Lula,
o PT e partidos da base aliada.
Por ordem do STF, a PF passou
a investigar se esquema semelhante, também operado por
Marcos Valério Fernandes de
Souza, funcionou durante a
campanha de Azeredo.
A origem da investigação em
Minas foram cópias de operações bancárias e lista vazados
em 2005 pelo lobista Nilton
Monteiro. A lista faz descrição
de origem e destino de supostos recursos de caixa 2 e diz que
o captado chegou a R$ 100 milhões. O candidato declarou R$
8,5 milhões à Justiça Eleitoral.
O papel foi assinado pelo tesoureiro da campanha de Azeredo, Cláudio Mourão, e teve
sua autenticidade atestada pela
PF. Mourão assumiu a autoria
da assinatura, mas não naquele
papel. Os peritos concluíram
ser impossível que a assinatura
tenha sido plantada no papel.
Segundo a PF, o esquema
funcionou da seguinte forma: 1)
empresas de Valério obtiveram
R$ 28,5 milhões em empréstimos de bancos em 1998 com o
objetivo de usar na campanha;
2) vindo dos bancos, o dinheiro
saiu do caixa das agências por
meio de saques em espécie ou
transferências bancárias para
chefes de campanhas, candidatos ou fornecedores de materiais; 3) os empréstimos foram
pagos por meio de outros empréstimos e por depósitos em
dinheiro, "de origem não identificada"; 4) o publicitário era
remunerado por meio de contratos com órgãos públicos e
estatais, e a PF aponta desvios
de recursos de campanhas publicitárias.
A suposta participação de
Walfrido, na época vice de Azeredo e candidato a deputado, é
referida diversas vezes no relatório. Ele foi coordenador de
campanha de Azeredo em 1994.
A "lista de Mourão" indica recebimento de R$ 24 milhões no
nome do ministro em 1998.
Folhas escritas pelo ministro
indicam, segundo a PF, movimentação de caixa 2. Walfrido
alega, desde que o papel veio a
público, que era apenas uma
projeção de custos. Em 2002,
Walfrido pagou R$ 507 mil de
uma dívida cobrada por Mourão de Azeredo. O valor nunca
foi devolvido ao ministro pelo
senador, e o ministro também
nunca cobrou-o, pelo fato, segundo a assessoria de Walfrido,
de serem amigos.
Na lista estão nomes de candidatos a cargos proporcionais
que teriam recebido dinheiro
da campanha de Azeredo. A lista cita candidatos a deputados
do PSDB e de partidos coligados. Há referências a 17 partidos e 130 nomes de políticos.
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