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Senado publica ata 29 dias após reunião
Primeiro-secretário, Heráclito Fortes disse que não tinha obrigação de divulgar a decisão que validou 36 atos secretos
Senador disse que havia prazo, mas não pressa; para procurador, só a ata não é suficiente, os atos devem ser publicados integralmente
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O primeiro-secretário do Senado, senador Heráclito Fortes
(DEM-PI), afirmou ontem que
não tinha obrigação de divulgar
a decisão da Mesa Diretora da
Casa que validou 36 atos administrativos secretos de criação
de cargos, diretorias e de reajuste da verba indenizatória, de
R$ 12 mil para R$ 15 mil.
A medida consta em ata de
uma reunião realizada no dia
20 de agosto, mas mantida sob
sigilo, como mostrou reportagem da Folha publicada ontem. No entanto, no final da
tarde, o Boletim Administrativo de Pessoal do Senado trouxe
a íntegra da ata assinada por
seis integrantes da Mesa Diretora da Casa.
Heráclito não soube explicar
por que a decisão não havia sido oficialmente informada
quase um mês após ter sido tomada. "Nós não temos obrigação de fazer anúncio. Temos de
cumprir a rotina administrativa. O anúncio não nos compete", afirmou.
O primeiro-secretário responsabilizou o diretor-geral do
Senado, Haroldo Tajra, pelo
atraso da publicação da ata.
"Não sei se foi falha ou o que
houve", disse. Sobre o prazo de
publicação, Heráclito disse que
"prazo tem. Não tem é pressa".
Responsável pela elaboração
das atas, Tajra foi escolhido em
junho para o cargo por Heráclito, no auge do escândalo dos
atos secretos. Ontem, ele não
quis dar entrevista.
Quando foi nomeado, o Senado informou que Tajra ocuparia a Diretoria Geral interinamente por 90 dias. Depois, o
seu nome teria de ser aprovado
em plenário.
O procurador do Ministério
Público junto ao TCU (Tribunal de Contas da União), Marinus Marsico, afirmou que apenas a publicação da ata da Mesa
não é suficiente. "Se o vício era
exatamente a publicidade dos
atos, então eles precisam ser
publicados integralmente",
afirmou.
O Ministério Público no Distrito Federal tem entendimento similar. Em 26 de junho deste ano (dois dias após a divulgação da sindicância que encontrou 663 atos secretos no Senado), seis procuradores encaminharam por escrito uma série
de medidas para sanar as irregularidades.
A primeira delas é que fossem anulados todos os atos não
publicados devidamente. Em
um primeiro momento, o presidente do Senado, José Sarney
(PMDB-AP), anulou todos,
mas, a pedido do diretor-geral,
voltou atrás em relação aos
atos da Mesa Diretora.
Esse atos são medidas administrativas de maior importância no Senado, pois tratam de
casos que geram aumento de
despesas. E, para o Ministério
Público, só podem entrar em
vigor se forem aprovadas como
projeto de resolução pelo plenário do Senado.
Ontem, o primeiro-secretário minimizou o uso de uma ata
para validar atos que estão relacionados a gastos orçamentários. "Ata diz que todos os atos
serão convalidados, mas não
foram", disse. Porém, o trecho
do documento no qual o assunto é tratado finaliza com a expressão "convalidado".
Há mais de um mês diferentes veículos de comunicação
tentam confirmar oficialmente
a decisão da Mesa que convalidou os atos da Mesa. No dia 20
de agosto, a "Agência Estado"
chegou a publicar a notícia,
mas acabou desmentida pela
assessoria de imprensa.
Sete dias depois, o Jornal Nacional, da TV Globo, informou
a convalidação dos 36 atos. No
entanto, a Casa não confirmou
a medida da Mesa Diretora.
No inicio desta semana, a
Folha questionou a Diretoria
Geral e a Primeira Secretaria.
Nenhuma das duas deu informação precisa. O caso só foi esclarecido depois que a assessoria de imprensa do presidente
José Sarney forneceu à reportagem uma cópia da ata.
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