São Paulo, sábado, 19 de setembro de 1998

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PROTESTO
Manifestantes acampados querem receber R$ 120 milhões
Ex-garimpeiros cercam agência da CEF e fazem 10 reféns no PA


LUÍS INDRIUNAS
da Agência Folha, em Belém

Cerca de 1.800 ex-garimpeiros de Serra Pelada cercaram a agência da CEF (Caixa Econômica Federal) em Marabá e mantinham, até o início da noite de ontem, dez funcionários do banco estatal como reféns.
Há 49 dias acampados na frente da agência, os garimpeiros reivindicam o pagamento de R$ 120 milhões referentes ao paládio, conhecido como ouro branco, uma sobra de 911 quilos de metal que foi retirada durante os anos de produção na área.
Apoio
Anteontem, com o apoio de integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), os manifestantes decidiram radicalizar em seu protesto.
Após o fechamento dos bancos na praça Duque de Caxias, em Marabá, eles cercaram as agências do Banco do Brasil e da CEF, impedindo que os funcionários saíssem. Com o clima tenso, os comerciantes do local fecharam suas lojas.
Após negociações, os manifestantes liberaram os funcionários do Banco do Brasil e as mulheres que estavam na CEF.
Ontem, no final da tarde, o representante dos garimpeiros Luiz da Mata, que estava em Brasília, tentou convencer os manifestantes a libertar os reféns.
Mas, segundo o gerente-geral da CEF, Silvani César Navarro, os apelos dele não surtiram efeito.
Um oficial de Justiça tentou entregar aos garimpeiros, ontem pela manhã, o pedido de liberação dos reféns deferido pela Justiça, mas ninguém assinou.
De acordo com a decisão judicial, eles têm 24 horas para libertar os funcionários.
Cerca de 150 policiais militares foram destacados para o local. Não se sabe se há algum plano de intervenção por parte da PM.

Pagamento direto
A questão do repasse do dinheiro envolve também uma briga entre os próprios garimpeiros. O dinheiro teria de ser repassado para o Comigasp (Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada), mas os garimpeiros alegam que a decisão do repasse não é legítima e que o dinheiro deveria ser distribuído individualmente.
A Procuradoria Geral da República deu parecer favorável aos garimpeiros, mas, segundo o advogado Eupídio Amorim, que tem ajudado os manifestantes, a cooperativa pode recorrer.



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