São Paulo, sábado, 19 de outubro de 2002

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SEGUNDO TURNO

Lázaro Brandão e Joseph Safra têm sido consultados pela direção; partido deve "terceirizar" cargos econômicos

PT sonda banqueiros sobre nome para BC

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

Nos últimos dias, os principais dirigentes do PT têm feito constantes consultas a alguns dos maiores banqueiros do país, entre eles Lázaro Brandão, do Bradesco, e Joseph Safra, do Banco Safra.
Nessas conversas, a Folha apurou que os dirigentes petistas têm deixado bastante claro que o presidente do Banco Central do próximo governo, no caso de uma vitória do candidato do partido, Luiz Inácio Lula da Silva, na eleição do dia 27, não será um nome do partido, mas um do mercado.
De acordo com o que a Folha apurou, o objetivo do PT, nessas conversas com os banqueiros, é o de testar a reputação de alguns nomes para o BC, além de procurar dar tranquilidade ao mercado com relação à escolha dos integrantes da equipe econômica.
Antes do anúncio do nome escolhido para o BC, os banqueiros deverão ser consultados.
As conversas com os banqueiros não se restringem à escolha da presidência do Banco Central. Os principais dirigentes do partido também têm afirmado que o PT irá cuidar basicamente das áreas sociais do governo.
Os principais cargos da área econômica deverão sofrer uma espécie de terceirização. Segundo a Folha apurou, caso vença as eleições, o PT pretende convidar também um industrial paulista de peso para ocupar um importante ministério econômico. O empresário Eugênio Staub, da Gradiente, é um dos nomes mais cotados.
Um dos nomes que gozam de muita simpatia e respeito da cúpula do PT para a presidência do Banco Central é o do economista Paulo Leme, 47, do Goldman Sachs. Leme, que já foi diversas vezes sondado para ocupar um cargo no BC durante governo Fernando Henrique Cardoso, teve um encontro reservado, ontem, com alguns dos dirigentes do PT. Entre eles, Antônio Palocci, coordenador do programa de governo do partido, e Aloizio Mercadante, o campeão de votos do país para o Senado.

Crescimento de 4%
Leme, que também esteve no jantar promovido por Ivo Rosset, da Valisère, para Lula com cerca de 300 empresários na quinta-feira, afirmou à Folha que, no encontro com os dirigentes do PT, não recebeu qualquer tipo de sondagem do partido. A conversa, segundo Leme, foi para discutir a conjuntura econômica.
Leme sugeriu aos dirigentes do PT que, caso Lula vença a eleição presidencial do dia 27, ele anuncie uma série de medidas para dar um choque de credibilidade.
Entre essas medidas, Leme sugeriu a autonomia do Banco Central, a ampliação do ajuste fiscal e a disposição de realizar as reformas da Previdência, tributária e do funcionalismo público, além da definição dos principais integrantes da equipe econômica.
Se todos esses passos forem seguidos, Leme diz que o Brasil poderá crescer a taxas de 4% ao ano no último trimestre de 2003. Segundo ele, o pessimismo dos investidores, principalmente de fora, é tão grande que se o PT der esse choque de credibilidade, o humor do mercado poderá mudar completamente.
Nos últimos dias, só com as declarações do PT de que o superávit primário poderia ser maior do que o previsto em 2003, Leme observou que o mercado começou a reagir de forma positiva. As bolsas subiram e o dólar estabilizou.
Além de Paulo Leme, outros nomes circulam na cúpula do PT para o Banco Central. Entre eles, os dos economistas José Júlio Senna, Jair Ribeiro (JP Morgan) e Ibrahim Eris.



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