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SEGUNDO TURNO
Lázaro Brandão e Joseph Safra têm sido consultados pela direção; partido deve "terceirizar" cargos econômicos
PT sonda banqueiros sobre nome para BC
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
Nos últimos dias, os principais
dirigentes do PT têm feito constantes consultas a alguns dos
maiores banqueiros do país, entre
eles Lázaro Brandão, do Bradesco, e Joseph Safra, do Banco Safra.
Nessas conversas, a Folha apurou que os dirigentes petistas têm
deixado bastante claro que o presidente do Banco Central do próximo governo, no caso de uma vitória do candidato do partido,
Luiz Inácio Lula da Silva, na eleição do dia 27, não será um nome
do partido, mas um do mercado.
De acordo com o que a Folha
apurou, o objetivo do PT, nessas
conversas com os banqueiros, é o
de testar a reputação de alguns
nomes para o BC, além de procurar dar tranquilidade ao mercado
com relação à escolha dos integrantes da equipe econômica.
Antes do anúncio do nome escolhido para o BC, os banqueiros
deverão ser consultados.
As conversas com os banqueiros não se restringem à escolha da
presidência do Banco Central. Os
principais dirigentes do partido
também têm afirmado que o PT
irá cuidar basicamente das áreas
sociais do governo.
Os principais cargos da área
econômica deverão sofrer uma
espécie de terceirização. Segundo
a Folha apurou, caso vença as
eleições, o PT pretende convidar
também um industrial paulista de
peso para ocupar um importante
ministério econômico. O empresário Eugênio Staub, da Gradiente, é um dos nomes mais cotados.
Um dos nomes que gozam de
muita simpatia e respeito da cúpula do PT para a presidência do
Banco Central é o do economista
Paulo Leme, 47, do Goldman
Sachs. Leme, que já foi diversas
vezes sondado para ocupar um
cargo no BC durante governo Fernando Henrique Cardoso, teve
um encontro reservado, ontem,
com alguns dos dirigentes do PT.
Entre eles, Antônio Palocci, coordenador do programa de governo
do partido, e Aloizio Mercadante,
o campeão de votos do país para o
Senado.
Crescimento de 4%
Leme, que também esteve no
jantar promovido por Ivo Rosset,
da Valisère, para Lula com cerca
de 300 empresários na quinta-feira, afirmou à Folha que, no encontro com os dirigentes do PT,
não recebeu qualquer tipo de sondagem do partido. A conversa, segundo Leme, foi para discutir a
conjuntura econômica.
Leme sugeriu aos dirigentes do
PT que, caso Lula vença a eleição
presidencial do dia 27, ele anuncie
uma série de medidas para dar
um choque de credibilidade.
Entre essas medidas, Leme sugeriu a autonomia do Banco Central, a ampliação do ajuste fiscal e
a disposição de realizar as reformas da Previdência, tributária e
do funcionalismo público, além
da definição dos principais integrantes da equipe econômica.
Se todos esses passos forem seguidos, Leme diz que o Brasil poderá crescer a taxas de 4% ao ano
no último trimestre de 2003. Segundo ele, o pessimismo dos investidores, principalmente de fora, é tão grande que se o PT der esse choque de credibilidade, o humor do mercado poderá mudar
completamente.
Nos últimos dias, só com as declarações do PT de que o superávit primário poderia ser maior do
que o previsto em 2003, Leme observou que o mercado começou a
reagir de forma positiva. As bolsas subiram e o dólar estabilizou.
Além de Paulo Leme, outros nomes circulam na cúpula do PT para o Banco Central. Entre eles, os
dos economistas José Júlio Senna,
Jair Ribeiro (JP Morgan) e Ibrahim Eris.
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