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MEMÓRIA
Jornalista morreu sob tortura em outubro de 1975
DA REDAÇÃO
O jornalista Vladimir Herzog
foi morto em 25 de outubro de
1975 nas dependências do
DOI-Codi de São Paulo. Naquela época, Herzog era diretor
de jornalismo da TV Cultura.
Na noite do dia 24 de outubro, agentes dos serviços de inteligência foram à TV Cultura
convocar o jornalista para
prestar depoimento sobre suas
ligações com o PCB (Partido
Comunista Brasileiro). Ele prometeu comparecer, na manhã
do dia seguinte, ao quartel da
rua Tutóia. A proposta foi aceita. Seu depoimento foi uma
sessão de tortura. Dois jornalistas presos com ele confirmaram o espancamento. Herzog
morreu nesse mesmo dia.
Segundo a versão oficial,
Herzog se enforcou na cela
com um cinto do macacão de
presidiário. O médico-legista
Harry Shibata foi responsável
pelo laudo necroscópico que
sustentava a tese de suicídio. A
solução apresentada não era
muito original: segundo Elio
Gaspari ("A Ditadura Encurralada"), tratava-se do 38º suicida
do regime militar e o 18º a matar-se por enforcamento.
A Sociedade Cemitério Israelita rejeitou a versão apresentada pelos militares e decidiu não
enterrar o jornalista na ala destinada aos suicidas: "Vi o corpo
de Herzog. Não havia dúvidas
de que ele tinha sido torturado
e assassinado", declarou o rabino Henry Sobel. No dia 31 de
outubro de 1975, foi realizado
um culto ecumênico em memória de Herzog na Catedral
da Sé, do qual participaram
8.000 pessoas, num protesto silencioso contra o regime.
Três anos depois, em 1978, a
Justiça responsabilizou a
União por prisão ilegal, tortura
e morte do jornalista. Em 1996,
a Comissão Especial dos Desaparecidos Políticos reconheceu
que Herzog foi assassinado no
DOI-Codi de São Paulo e decidiu conceder uma indenização
para sua família.
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