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RODA DA FORTUNA
Aposta teria RG ou CPF; objetivo é coibir lavagem de dinheiro
Procuradoria pede na Justiça identificação de apostadores
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Federal
entrou com uma ação civil pública na Justiça Federal para tentar
obrigar a CEF (Caixa Econômica
Federal) a adotar medidas que
impeçam o uso de bilhetes lotéricos em supostos esquemas de lavagem de dinheiro.
A medida foi proposta pelo procurador da República em Sorocaba (SP) Vinicius Marajó Dal Secchi, que pede à Caixa que faça a
identificação do apostador em cada bilhete pelo RG, CPF ou combinação desses e de outros dados.
Isso, para o procurador, coibiria a
venda de bilhetes premiados para
pessoas interessadas em ocultar
dinheiro de caixa dois de empresa, corrupção e outros ilícitos.
Em 12 de setembro último, a Folha revelou que um grupo de 200
pessoas venceu 9.095 vezes entre
março de 1996 e fevereiro de 2002.
Desde 2002, o Coaf (Conselho
de Controle de Atividades Financeiras) do Ministério da Fazenda
enviou à Procuradoria Geral da
República, em Brasília, pelo menos 50 comunicações de casos
suspeitos de lavagem de dinheiro
por meio de loterias da Caixa.
"É inconteste que ocorre lavagem de dinheiro por meio dos
prêmios das loterias e que essa
manobra só se torna possível em
virtude de não se identificar a pessoa do apostados", escreveu o
procurador.
A suspeita investigada nos inquéritos policiais em andamento
é que a pessoa que objetiva a lavagem consegue, por meio de informação privilegiada, chegar ao
verdadeiro ganhador antes que
ele receba o dinheiro no banco.
A Caixa alegou, em nota divulgada à Folha em setembro e em
dois ofícios enviados ao Ministério Público, que a identificação do
apostador acarretaria "prejuízos", filas e outros contratempos.
De acordo com o banco, a novidade iria provocar "grande insatisfação junto aos milhões de
usuários dos serviços disponíveis
nas casas lotéricas".
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