São Paulo, terça-feira, 19 de outubro de 2004

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RODA DA FORTUNA

Aposta teria RG ou CPF; objetivo é coibir lavagem de dinheiro

Procuradoria pede na Justiça identificação de apostadores

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público Federal entrou com uma ação civil pública na Justiça Federal para tentar obrigar a CEF (Caixa Econômica Federal) a adotar medidas que impeçam o uso de bilhetes lotéricos em supostos esquemas de lavagem de dinheiro.
A medida foi proposta pelo procurador da República em Sorocaba (SP) Vinicius Marajó Dal Secchi, que pede à Caixa que faça a identificação do apostador em cada bilhete pelo RG, CPF ou combinação desses e de outros dados. Isso, para o procurador, coibiria a venda de bilhetes premiados para pessoas interessadas em ocultar dinheiro de caixa dois de empresa, corrupção e outros ilícitos.
Em 12 de setembro último, a Folha revelou que um grupo de 200 pessoas venceu 9.095 vezes entre março de 1996 e fevereiro de 2002.
Desde 2002, o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) do Ministério da Fazenda enviou à Procuradoria Geral da República, em Brasília, pelo menos 50 comunicações de casos suspeitos de lavagem de dinheiro por meio de loterias da Caixa.
"É inconteste que ocorre lavagem de dinheiro por meio dos prêmios das loterias e que essa manobra só se torna possível em virtude de não se identificar a pessoa do apostados", escreveu o procurador.
A suspeita investigada nos inquéritos policiais em andamento é que a pessoa que objetiva a lavagem consegue, por meio de informação privilegiada, chegar ao verdadeiro ganhador antes que ele receba o dinheiro no banco.
A Caixa alegou, em nota divulgada à Folha em setembro e em dois ofícios enviados ao Ministério Público, que a identificação do apostador acarretaria "prejuízos", filas e outros contratempos.
De acordo com o banco, a novidade iria provocar "grande insatisfação junto aos milhões de usuários dos serviços disponíveis nas casas lotéricas".


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