São Paulo, quarta-feira, 19 de outubro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PALAVRA DE PRESIDENTE

Após uma semana no exterior, presidente declara que não teme voltar a enfrentar crise e nega decepção com renúncia de apenas um petista

Não acredito em país sem problema, diz Lula

Eduardo Knapp/Folha Imagem
Rússia, Lula e Marisa posam para foto na praça Vermelha, com a Catedral de São Basílio ao fundo


FÁBIO VICTOR
ENVIADO ESPECIAL A MOSCOU

Depois de um giro internacional de uma semana, no qual visitou Portugal, Espanha, Itália e Rússia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, em Moscou, última etapa da excursão, que não teme voltar a enfrentar a crise.
Questionado se temia o baque do contraste entre a calorosa recepção que teve de chefes de Estados e a realidade que o aguarda em Brasília, afirmou: "Pelo contrário. Os problemas fazem parte da política. Não acredito em nenhum país do mundo que não tenha problema. Se não tivesse problema, não tinha política, se resolveria tudo no convento".
Lula minimizou o fato de que apenas um dos seis petistas acusados de envolvimento no "mensalão", Paulo Rocha (PA), renunciou ao mandato para evitar a cassação no Conselho de Ética.
Extra-oficialmente, o Planalto esperava que outros parlamentares do partido tomassem a mesma atitude de Rocha, atenuando o desgaste político do processo. "Esperava que os deputados fizessem aquilo que achavam que deveriam fazer. Os deputados estão dentro do Congresso, eles sabem do clima que estão vivendo lá dentro", disse.
Lula acrescentou que aqueles que não optaram pela renúncia "resolveram fazer o debate político na Câmara" e voltou a criticar um suposto julgamento antecipado dos acusados. "Vivemos uma situação muito engraçada, em que se joga suspeição sobre todo mundo e se prova pouca coisa. E vai ter um tempo em que isso vai ter um veredicto final."
Lula passou boa parte do dia reunido com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Os países assinaram acordos de cooperação aeroespacial e trataram de temas comerciais. Os russos reiteraram apoio à aspiração brasileira a um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.
O petista disse a Putin ter realizado dois sonhos na passagem por Moscou. "Visitei a praça Vermelha e fui ver o corpo de Lênin", contou, após passar pelo mausoléu onde está embalsamado o líder da Revolução Bolchevique.
Lula e a primeira-dama, Marisa Letícia, ficaram hospedados na suíte presidencial do Kremlin, a sede do governo russo. Antes das reuniões oficiais, o casal passeou na praça, que foi isolada para a passagem da comitiva. Ambos posaram para fotos em frente à catedral de São Basílio.
Mais tarde, em encontro com empresários, Lula justificou o giro pela Europa. "O mundo globalizado exige de nós hoje muito mais articulação, muito mais conversa, coisa que o e-mail não resolve, que o fax não resolve, que o telefone não resolve. É o contato olho no olho, contato político, persuasão e muita conversa."


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