São Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Pano rápido

A ampla vantagem sobre Geraldo Alckmin nas pesquisas reconduziu à agenda do Planalto a necessidade de elaborar um plano para tentar barrar o que os petistas chamam de "terceiro turno da eleição". Em caso de vitória de Lula, a idéia é criar fatos políticos que diluam a repercussão dos escândalos do dossiê e das cartilhas, já que a conclusão das investigações nos dois casos deve ficar só para depois da votação.
Dirigentes do PT falam numa composição rápida do eventual segundo governo, com foco na nomeação de ministros e na acomodação de aliados a partir de novembro. A tática, dizem, recomporia a base aliada no Congresso e evitaria que a CPI dos Sanguessugas se transformasse num posto avançado da oposição.

Adubo. Membros da oposição na CPI dos Sanguessugas tentam driblar o comando das investigações sobre o dossiê a fim de achar, na Polícia Federal, delegados e agentes dispostos a denunciar suposta pressão para abafar o caso. Dizem que a operação pode ter sucesso antes da eleição.

Como está. A perspectiva de que Paulo Lacerda possa deixar o comando da Polícia Federal já desencadeou uma disputa entre os grupos da corporação pelo seu lugar. Preocupado com o movimento, o ministro Márcio Thomaz Bastos trabalha pela permanência do diretor-geral.

Pista. A todo mundo que pergunta, Lula repete que não vai adiantar nomes da nova equipe caso seja reeleito. Mas o presidente tem sido tão pródigo em elogios a Celso Amorim que a permanência do ministro das Relações Exteriores é dada como certa.

Veja bem. Na sabatina com jornalistas da Folha, Lula se dirigiu ao governador eleito de Sergipe, Marcelo Déda (PT), para dizer que ele era contra a revitalização do rio São Francisco. O petista interrompeu: "Sou contra a transposição, presidente".

Sensação. Lula disse no avião, de volta a Brasília, que sua maior emoção na reunião com intelectuais no Rio, anteontem, foi ver Dercy Gonçalves. De bengala e sem conseguir falar, por conta de rouquidão, a veterana atriz foi ovacionada ao subir no palco para cumprimentar o petista.

No lucro. A coordenação de campanha de Lula comemora a "retirada de campo" de André Puccinelli (PMDB) logo após o fim do primeiro turno. O governador eleito do Mato Grosso do Sul era um dos apoiadores de Alckmin.

Anticlímax. O comitê de Geraldo Alckmin reagiu com desespero à sua declaração segundo a qual o governo terminará antes de começar se Lula vencer. Para aliados do tucano, ele deu corda às acusações de golpismo que o PT tenta colar na oposição.

Três frentes. Até o dia de votação, Alckmin, sua mulher, Lu, e o candidato a vice, José Jorge, se dividirão para cumprir agendas de campanha em diferentes Estados. Só nos últimos dois dias, o senador pefelista esteve em Goiás, Mato Grosso e Espírito Santo.

Professor. Em entrevista ontem, Cláudio Lembo (PFL) voltou à carga contra FHC. Ao ver uma repórter da rádio CBN, emissora para a qual o ex-presidente disse "não, sou contrário à privatização da Petrobras", o governador de São Paulo ironizou: "Eu coloco as vírgulas no lugar, verbalmente ou por escrito".

Visitas à Folha. Antonio Delfim Netto, deputado federal pelo PMDB de São Paulo, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço.

José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares e presidente da Afrobras (Sociedade Afro-Brasileira de Desenvolvimento Sociocultural), visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Francisca Rodrigues, diretora de comunicação.

Tiroteio

"A campanha de Lula está sentada sobre bombas-relógio. Todo o trabalho do governo é para que elas só estourem depois da eleição".
Do senador SÉRGIO GUERRA (PSDB-PE), coordenador da campanha de Geraldo Alckmin, sobre os casos do dossiê contra tucanos e das cartilhas encomendadas pela Secom.

Contraponto

Sem rodeios

Renan Calheiros (PMDB-AL) reuniu os líderes do Senado na terça para tentar um acordo a fim de desobstruir a pauta e votar medidas provisórias. De olho na resistência de Antonio Carlos Magalhães (BA), o presidente da Casa sugeriu uma visita de líderes ao gabinete do pefelista, que fica próximo à presidência. Seria, ainda, uma forma de afagar ACM, grande derrotado nas eleições da Bahia.
-Senador, o senhor está tão queimado! Andou pegando sol, foi para a praia? -disse Renan tão logo chegou com os colegas ao gabinete do pefelista.
ACM foi sincero:
-Nada disso. Eu estou vermelho é de raiva, mesmo!


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