São Paulo, sexta-feira, 19 de outubro de 2007

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159 prefeitos têm mandato em risco, diz levantamento

Confederação Nacional de Municípios mapeia troca-troca partidário pelo país

Em 3% das cidades houve mudança após a decisão do TSE sobre o assunto, em março; desde a eleição de 2004 foram 433 alterações

SIMONE IGLESIAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Dos 5.562 prefeitos do país, 159 (3%) trocaram de partido depois de 27 de março e correm o risco de perder o mandato com base na decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que, na última terça-feira, normatizou a fidelidade partidária.
Os dados constam de levantamento produzido entre quarta-feira e ontem pela CMN (Confederação Nacional dos Municípios), que localizou 156 prefeitos nessa situação -a Folha somou mais 3 à relação, já que as assessorias dos prefeitos de Florianópolis (Dario Berger, que trocou o PSDB pelo PMDB), de Boa Vista (Iradilson Sampaio, que foi eleito pelo PPS e está no PSB) e de Salvador (João Henrique, ex-PDT e atual PMDB) confirmaram que eles trocaram de partido depois de 27 de março.
O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, coordenou o trabalho, que foi realizado por telefone. Cerca de 60 pessoas telefonaram para todos os municípios brasileiros. Segundo ele, é possível que exista "uma pequena distorção nos números", já que pode ter acontecido troca de partido nos dias posteriores às ligações ou até mesmo erros na digitação dos dados.
De acordo com o levantamento, o Estado onde mais ocorreu troca-troca foi Mato Grosso, em decorrência da mudança do governador Blairo Maggi, em janeiro, que deixou o PPS para se filiar ao PR. Dos 159 "infiéis" em todo o país, 34 são prefeitos de cidades mato-grossenses, sendo que 29 deles acabaram acompanhando Maggi na ida para o PR.
Em Minas Gerais, 15 migraram desde 27 de março; em Tocantins, 12; e no Paraná, 10. Nos demais Estados, as trocas são inferiores a nove casos.
O partido que teve o maior saldo de prefeitos perdidos foi o PPS (34), seguido pelo DEM (20). Os que, no saldo final entre prefeitos perdidos e acrescentados, mais ganharam foram o PR (31) e o PMDB (30).
Para comparação, desde 27 de março, 3% dos deputados trocaram de sigla e 6% dos senadores fizeram o mesmo.

Desde 2004
O percentual de troca equivale a 3% do total de prefeituras brasileiras. Mas esse índice aumenta para 7,7%, se consideradas as migrações desde a eleição de outubro de 2004. Em três anos, 433 prefeitos deixaram os partidos pelos quais se elegeram.
Mesmo nesse universo maior, o Mato Grosso lidera -65 dos 141 prefeitos (47%) do Estado deixaram seus partidos.
A menor migração ocorreu no Rio Grande do Sul: 12 dos 496 prefeitos (2%).
Desde 2004, o PPS vem perdendo seus eleitos. Naquele ano, 306 venceram as disputas municipais. Dos que se elegeram, 229 permaneceram filiados ao partido. Em contrapartida, o PR elegeu há três anos 388 prefeitos e hoje administra 444 cidades.
Já o PMDB elegeu 1.058 e perdeu 29, mas filiou outros 136, aumentando para 1.165 o número de prefeituras.
Ziulkoski afirmou que somente na semana que vem, quando o TSE definir a partir de que data de filiação vai valer a regra de fidelidade, será possível avaliar o impacto desses números.
"Todo mundo fala em 27 de março, data da consulta feita pelo DEM sobre os mandatos dos cargos proporcionais, e em 16 de outubro, quando o TSE decidiu a favor da fidelidade partidária. Mas há ainda uma terceira hipótese, de 2 de abril, quando foi feita a consulta pelo deputado federal Nilson Mourão [PT-AC] sobre os mandatos majoritários", afirmou.


Colaboraram ANA PAULA BONI e FERNANDO BARROS DE MELLO, da Redação

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