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159 prefeitos têm mandato em risco, diz levantamento
Confederação Nacional de Municípios mapeia troca-troca partidário pelo país
Em 3% das cidades houve mudança após a decisão do TSE sobre o assunto, em
março; desde a eleição de 2004 foram 433 alterações
SIMONE IGLESIAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Dos 5.562 prefeitos do país,
159 (3%) trocaram de partido
depois de 27 de março e correm
o risco de perder o mandato
com base na decisão do TSE
(Tribunal Superior Eleitoral),
que, na última terça-feira, normatizou a fidelidade partidária.
Os dados constam de levantamento produzido entre quarta-feira e ontem pela CMN
(Confederação Nacional dos
Municípios), que localizou 156
prefeitos nessa situação -a Folha somou mais 3 à relação, já
que as assessorias dos prefeitos
de Florianópolis (Dario Berger,
que trocou o PSDB pelo
PMDB), de Boa Vista (Iradilson
Sampaio, que foi eleito pelo
PPS e está no PSB) e de Salvador (João Henrique, ex-PDT e
atual PMDB) confirmaram que
eles trocaram de partido depois
de 27 de março.
O presidente da CNM, Paulo
Ziulkoski, coordenou o trabalho, que foi realizado por telefone. Cerca de 60 pessoas telefonaram para todos os municípios brasileiros. Segundo ele, é
possível que exista "uma pequena distorção nos números",
já que pode ter acontecido troca de partido nos dias posteriores às ligações ou até mesmo erros na digitação dos dados.
De acordo com o levantamento, o Estado onde mais
ocorreu troca-troca foi Mato
Grosso, em decorrência da mudança do governador Blairo
Maggi, em janeiro, que deixou o
PPS para se filiar ao PR. Dos
159 "infiéis" em todo o país, 34
são prefeitos de cidades mato-grossenses, sendo que 29 deles
acabaram acompanhando
Maggi na ida para o PR.
Em Minas Gerais, 15 migraram desde 27 de março; em Tocantins, 12; e no Paraná, 10. Nos
demais Estados, as trocas são
inferiores a nove casos.
O partido que teve o maior
saldo de prefeitos perdidos foi o
PPS (34), seguido pelo DEM
(20). Os que, no saldo final entre prefeitos perdidos e acrescentados, mais ganharam foram o PR (31) e o PMDB (30).
Para comparação, desde 27
de março, 3% dos deputados
trocaram de sigla e 6% dos senadores fizeram o mesmo.
Desde 2004
O percentual de troca equivale a 3% do total de prefeituras
brasileiras. Mas esse índice aumenta para 7,7%, se consideradas as migrações desde a eleição de outubro de 2004. Em
três anos, 433 prefeitos deixaram os partidos pelos quais se
elegeram.
Mesmo nesse universo
maior, o Mato Grosso lidera
-65 dos 141 prefeitos (47%) do
Estado deixaram seus partidos.
A menor migração ocorreu
no Rio Grande do Sul: 12 dos
496 prefeitos (2%).
Desde 2004, o PPS vem perdendo seus eleitos. Naquele
ano, 306 venceram as disputas
municipais. Dos que se elegeram, 229 permaneceram filiados ao partido.
Em contrapartida, o PR elegeu há três anos 388 prefeitos e
hoje administra 444 cidades.
Já o PMDB elegeu 1.058 e
perdeu 29, mas filiou outros
136, aumentando para 1.165 o
número de prefeituras.
Ziulkoski afirmou que somente na semana que vem,
quando o TSE definir a partir
de que data de filiação vai valer
a regra de fidelidade, será possível avaliar o impacto desses
números.
"Todo mundo fala em 27 de
março, data da consulta feita
pelo DEM sobre os mandatos
dos cargos proporcionais, e em
16 de outubro, quando o TSE
decidiu a favor da fidelidade
partidária. Mas há ainda uma
terceira hipótese, de 2 de abril,
quando foi feita a consulta pelo
deputado federal Nilson Mourão [PT-AC] sobre os mandatos
majoritários", afirmou.
Colaboraram ANA PAULA BONI e FERNANDO BARROS DE MELLO, da Redação
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