São Paulo, sexta-feira, 19 de outubro de 2007

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Renan tenta evitar cassação e fazer sucessor

Licenciado da presidência, senador iniciou articulações para preservar mandato e emplacar José Maranhão no cargo

Peemedebista alinhado ao alagoano e a José Sarney é visto como um nome de confiança para o Planalto e sem rejeições no PT

SILVIO NAVARRO
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Recluso na residência oficial da presidência do Senado desde que se licenciou do cargo, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) intensificou ontem as articulações para tentar enterrar, no Conselho de Ética, o maior número possível de processos contra ele e tentar emplacar José Maranhão (PMDB-PB) como sucessor. Se fracassar a tentativa de acordo para preservar seu mandato, Renan cogita reassumir a presidência após a aprovação da emenda que prorroga a CPMF. Nesse cenário, no qual oposição e aliados não se comprometeriam a não cassá-lo, Renan retomaria a presidência para endurecer o jogo político. A Folha apurou ainda que o peemedebista pretende voltar ao Senado na próxima terça. Por ora, não está em seus planos sair da residência oficial -por avaliar que passaria a imagem de que abriu mão de vez presidência, o que prejudicaria a sua tática no momento. Ontem, Renan teve duas reuniões estratégicas no horário do almoço, primeiro com o senador José Sarney (PMDB-AP), seu principal conselheiro, depois com o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR). No primeiro encontro, além de traçar cenários, Renan e Sarney avaliaram o nome de José Maranhão (PMDB-PB) para ocupar a cadeira de presidente da Casa. A sugestão será levada à bancada. Além de ser um "nome de confiança" para o governo, Maranhão é alinhado com Sarney e Renan, o que manteria ambos conectados às decisões, inclusive sobre o próprio futuro político do alagoano. Maranhão também seria uma alternativa para driblar a resistência da oposição e do PT ao nome do próprio Sarney para o cargo. Pesa contra Maranhão, entretanto, a possibilidade de assumir o governo da Paraíba caso o governador Cássio Cunha Lima (PSDB) perca o mandato -Maranhão perdeu a disputa para ele no ano passado.
Sucessão
Os peemedebistas costuram a sucessão com cautela. Avaliam ser preciso aliviar o clima para não contaminar a votação da CPMF. Oficialmente, a volta de Renan está marcada para o dia 26 de novembro, quando termina sua licença de 45 dias. Na conversa com Jucá foram discutidas estratégias para arquivar alguns processos no Conselho de Ética e, no caso dos que avançarem, votá-los em bloco no plenário, no mesmo dia. A avaliação dos aliados de Renan é que somente o terceiro processo, que trata do uso de laranjas na compra de rádios, deve chegar ao plenário com parecer pela perda do mandato. O relator é Jefferson Péres (PDT-AM). No total, Renan ainda enfrenta quatro processos por quebra de decoro e, ontem, foi protocolado mais um pelo PSOL. Nesse cenário, aliados de Renan defendem que ele renuncie ao cargo na véspera da votação no plenário, numa estratégia para conquistar votos na oposição a seu favor. Se ele ameaçar voltar, dificilmente será absolvido no plenário.


Colaborou KENNEDY ALENCAR, da Sucursal de Brasília

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