São Paulo, sexta-feira, 19 de outubro de 2007

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Sem-terra liberam ferrovia da Vale no PA

MST ainda está acampado às margens da estrada de ferro; manifestantes continuam chegando à invasão

FELIPE BÄCHTOLD
DA AGÊNCIA FOLHA

MARIANA SALLES
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM PARAUAPEBAS (PA)

Integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) desocuparam ontem os trilhos da Estrada de Ferro Carajás, no sudeste do Pará. Os acampamentos montados às margens da ferrovia, porém, continuam recebendo mais manifestantes.
A ferrovia, da Companhia Vale do Rio Doce, foi invadida anteontem em trecho em Parauapebas (836 km de Belém).
Os trens voltaram a circular, com restrições, no fim da tarde de ontem. O tráfego havia sido interrompido na quarta-feira.
Movimentos de garimpeiros também se uniram aos sem-terra na ação. Os manifestantes protestam contra a atuação da mineradora e reivindicam a reestatização da companhia, privatizada há dez anos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou, durante sua viagem a Angola, sobre a invasão que não viu "nada que não possa ser resolvido".
Representantes do governo do Estado foram ao local para negociar a liberação. Lideranças do MST dizem que conseguiram marcar para a próxima semana reunião com representantes do governo federal em Brasília para discutir as reivindicações. Mas pretendem deixar o local somente após a realização desse encontro .
Maria Raimunda César, da direção estadual do MST, afirma que os acampados podem voltar a invadir os trilhos se a reunião com os representantes não for mantida.
De acordo com a Polícia Militar, havia cerca de 800 pessoas no local ontem. O MST diz que são 2.600 famílias.
Agentes e delegados da Polícia Federal foram enviados ao local. Segundo a assessoria da PF, os policiais vão primeiramente negociar a desocupação da área com os manifestantes.
Por ser uma concessão federal, só policiais federais podem intervir no impasse. A PM do Pará somente monitora. A assessoria da Vale diz que, com a permanência dos manifestantes nas proximidades da ferrovia, há riscos à segurança dos "empregados da companhia e dos próprios invasores".
A companhia afirma que uma usina da empresa no Maranhão ficou sem matéria-prima por causa da obstrução da ferrovia.
A empresa diz também que aguarda o cumprimento de liminar concedida pelo Justiça Federal anteontem determinando a reintegração de posse da área invadida.


Colaborou FÁBIO ZANINI, enviado especial a Luanda (Angola)


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