São Paulo, domingo, 19 de outubro de 2008

Próximo Texto | Índice

Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Beco sem saída

A mesma pesquisa, encomendada pelo Palácio dos Bandeirantes, que indicou rejeição à greve da Polícia Civil e ao protesto de quinta-feira mostrou também que, para a maioria dos entrevistados, o governo de José Serra deve, sim, negociar com a categoria.
Ocorre que, mesmo entre apoiadores do governador, cresce a percepção de que, ao longo de um mês de greve, a negociação foi mal conduzida, e a dimensão do movimento, claramente subestimada. Quem entende do riscado viu a cena em que o delegado-geral tentava pelo rádio, sem sucesso, retirar seus subordinados do confronto com a PM e concluiu que o governo está sentado sobre um barril de pólvora.




Xeque. Um conhecedor do modo Serra de funcionar acha improvável que o governador substitua o secretário da Segurança, Ronaldo Marzagão, no meio da crise. Mas acha também que Marzagão não reúne mais condições para permanecer no cargo.

Colou. Disseminou-se entre os grevistas a idéia de que o governo Serra "não gosta da Polícia Civil". E essa idéia está relacionada essencialmente a dois personagens: o próprio Marzagão e o secretário da Justiça, Luiz Antônio Marrey.

Saldo 1. Quem acompanha o processo de aproximação das duas polícias em São Paulo avalia que ele retrocedeu alguns anos com o confronto de quinta. E que a conta da PM, chamada a segurar a onda, vai ficar cara para o governo.

Saldo 2. Quanto à Polícia Civil, ninguém mais acredita que o problema possa ser resolvido apenas com reajuste.

Página virada. A defesa da reeleição feita por Lula em Moçambique não foi acidental. Há sinais claros de que o presidente se desinteressou da idéia de patrocinar o fim do mecanismo e a introdução do mandato de cinco anos.

Kassabinho. Com salgadinhos de campanha e tudo, Gilberto Kassab (DEM) conseguiu perder sete quilos. Sua marca se iguala à da ministra Dilma Rousseff, que afirma ter cortado apenas o chocolate. Já o segredo do prefeito é comer pouco à noite.

Relógio. Fernando Gabeira (PV-RJ) perde o voto, mas não a refeição. Deu meio-dia, contam assessores, ele começa a procurar um lugarzinho para almoçar. Ai de quem sugerir esticar a caminhada.

Migrações 1. Apesar de liderar em Salvador, João Henrique (PMDB) não consegue herdar todo o eleitorado de ACM Neto, que lhe declarou apoio. De acordo com o novo Datafolha, 31% dos que votaram no deputado do DEM no primeiro turno manifestam a intenção de optar agora pelo petista Walter Pinheiro.

Migrações 2. O levantamento também aponta que 27% dos que se declararm eleitores do PT na capital baiana pretendem votar em João Henrique (PMDB), e não no candidato do partido, no segundo turno.

De molho. Eliminada da disputa em Fortaleza, Patrícia Saboya (PDT-CE) pediu licença de 15 dias do Senado para recuperar a voz perdida nos comícios e fazer uma nova tentativa de largar o cigarro.

Ventilador 1. De olho da movimentação de Michel Temer (PMDB-SP), Ciro Nogueira (PP-PI), igualmente interessado na presidência da Câmara, estimula a multiplicação de candidaturas. Já conseguiu convencer Osmar Serraglio (PR), que disputará como dissidente do PMDB.

Ventilador 2. Em resposta a quem lhe sugere pleitear uma vaga na Esplanada e abdicar da eleição na Câmara, Nogueira provoca: "Que tal oferecer para o Temer a Integração Nacional? Ele seria um ótimo ministro". Nessa cadeira está sentado o peemedebista Geddel Vieira Lima.

Com SILVIO NAVARRO e ANDREZA MATAIS



Tiroteio

"Ele tentou dar um pé, escorregou e caiu. Cara que não sabe chutar cai de traseiro no chão."
Do deputado VIRGÍLIO GUIMARÃES (PT-MG), coordenador da campanha de Márcio Lacerda em Belo Horizonte, sobre o adversário Leonardo Quintão (PMDB), que, numa outra disputa, conclamou o eleitorado a "chutar a bunda" dos oponentes.



Contraponto

Disque-denúncia

Como em outras praças, o primeiro turno da eleição no Rio foi pontuado por dezenas de debates entre os candidatos. Fernando Gabeira raramente ficava até o final desses eventos, promovidos pelas mais diversas entidades.
Num deles, o deputado do PV polarizou a discussão com Eduardo Paes (PMDB), agora seu adversário na etapa final da disputa. Tão logo acabou de falar, Gabeira avisou que tinha de sair para outro compromisso.
-Já apresentei o essencial das minhas idéias, e sei de cor o que o Chico Alencar e o Alessandro Molon vão dizer. Adianto que concordo com tudo...
A platéia riu, e Gabeira emendou:
-Se falarem mal de mim vocês me telefonam?


Próximo Texto: PT e PMDB têm vantagem na maioria das grandes cidades
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.