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SERRA PELADA
Sindicalista foi morto com 5 tiros; polícia identificou possível pistoleiro
Curió será ouvido sobre assassinato
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
A Polícia Civil do Pará vai ouvir
o prefeito de Curionópolis (PA),
Sebastião Curió (PMDB), no inquérito que apura o assassinato
do presidente do Sindicato dos
Garimpeiros de Serra Pelada, Antônio Clênio Cunha Lemos, morto a tiros anteontem na sede da
entidade por um pistoleiro.
Curió será ouvido pela polícia
porque o sindicalista havia alertado nos últimos dias que se alguma
coisa lhe acontecesse a responsabilidade seria do prefeito da cidade, que negou ontem, por meio de
sua assessoria, qualquer ligação
com a morte do sindicalista.
A polícia também já identificou
o possível autor dos disparos contra o sindicalista, que liderava um
grupo de garimpeiros dispostos a
retomar os trabalhos no garimpo
em uma área de cem hectares.
O nome do pistoleiro é mantido
em sigilo pela polícia. O sindicalista será enterrado hoje em Curionópolis. Os garimpeiros queriam que o corpo fosse levado a
Serra Pelada, mas desistiram da
idéia para evitar confronto.
Serra Pelada é um povoado com
cerca de 7.000 moradores e pertence ao município de Curionópolis, no sudeste do Pará.
Um adolescente que testemunhou o assassinato do sindicalista
está sob proteção da polícia.
O clima começou a ficar tenso
em Serra Pelada depois que o
Congresso Nacional aprovou, há
cerca de três meses, um decreto
legislativo que autoriza a reabertura do garimpo para exploração
de cem hectares.
O grupo liderado por Curió
controla a Coomigasp (Cooperativa dos Garimpeiros de Serra Pelada) e não quer que cerca de
4.000 garimpeiros, liderados pelo
ex-presidente da entidade, Luiz
da Mata, entrem no garimpo.
O sindicalista assassinado entregaria hoje à Comissão de Direitos Humanos da Câmara uma lista com os nomes de 41,2 mil garimpeiros que querem ser reintegrados à cooperativa.
Há um mês o grupo liderado
por Curió rachou no comando da
cooperativa. O atual presidente da
Coomigasp, João Lepos, foi expulso acusado de corrupção pela
diretoria ligada à Curió, mas voltou ao cargo na semana passada
por meio de decisão judicial.
Segundo estimativa dos garimpeiros, existem ainda pelo menos
500 toneladas de ouro a serem exploradas. Mas, para isso, será preciso mecanizar a extração em razão da profundidade em que está
o mineral -cerca de mil metros
abaixo da superfície.
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