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São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 2003

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CASO CC5

Pires Neto teria feito empréstimos por meio da agência das Ilhas Cayman que nunca foram pagos

PF prende ex-diretor do Banestado em Curitiba

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

O ex-diretor de câmbio e operações internacionais do Banestado (Banco do Estado do Paraná, privatizado em 2000) Gabriel Nunes Pires Neto foi preso preventivamente ontem por crime contra o sistema financeiro nacional, corrupção ativa e passiva.
Além de Pires Neto, o juiz Sérgio Fernando Moro, da 2ª Vara Federal Criminal de Curitiba, decretou, pelos mesmos crimes, a prisão preventiva do doleiro Alberto Youssef, que já está preso desde o dia 2 de novembro por lavagem de dinheiro.
Pires Neto foi preso ontem às 14h, em Curitiba, por agentes da Polícia Federal. Ele é acusado de fazer empréstimos fraudulentos a seis empresários em agosto de 1998, por meio da agência do Banestado das Ilhas Cayman. Os empréstimos somaram US$ 3,5 milhões e nunca foram pagos.
A força-tarefa que investiga remessas pelo Banestado através de contas CC5 (de não-residentes) descobriu as transações irregulares após checagem da movimentação de dinheiro das chamadas contas bondes (contas com mais de um correntista) administradas pelo doleiro Alberto Youssef.
Nas investigações, os procuradores da República Carlos Fernando dos Santos Lima, Vladimir Barros Aras, Luciana da Costa Pinto e Suzete Bragagnolo apontaram que o ex-diretor do Banestado -no período de 3 de novembro de 1997 a 19 de janeiro de 1999- recebeu um depósito da subconta Ibiza, da Beacon Hill Service (administrada por Youssef) no valor de US$ 500 mil.
O depósito feito na conta de Pires Neto, em agência do Citibank em Nova York, em 19 de outubro de 1998, seria um "pagamento" pelos empréstimos fraudulentos.

Fraude
Os empréstimos feitos por Pires Neto aconteceram após o acordo firmado em 30 de julho de 1998 entre o governo do Paraná e a União para privatizar o Banestado. O banco se comprometia a liquidar sua agência nas Ilhas Cayman em 5 de janeiro de 1999.
Em agosto, o então diretor fez empréstimos de US$ 1 milhão para a empresa Tucumann Engenharia e Empreendimentos, de US$ 1 milhão para a Redran Construtora de Obras e de US$ 1,5 milhão para a Jabur Toyopar Importação e Comércio de Veículos.
Esses empréstimos tinham data de vencimento posteriores à liquidação da agência nas Ilhas Cayman e nunca foram pagos, sendo transformados em prejuízo quando do saneamento do banco.


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