São Paulo, segunda-feira, 19 de novembro de 2007

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Painel

VERA MAGALHÃES (interina) - painel@uol.com.br

Dúvida cruel

O documento-base para o novo programa do PSDB, a ser lançado nesta semana, busca desvincular a imagem de "privatista" pregada por Lula na sigla na campanha de 2006 com uma slogan que reflete a crise de identidade dos tucanos: "Mais Estado, mais mercado". É o primeiro documento oficial com diretrizes partidárias desde o manifesto que selou a saída do PMDB, em 1988, do grupo liderado por Mário Covas, Franco Montoro, José Serra, Sérgio Motta e FHC.
O desafio que os tucanos pretendem discutir no divã, após 11 seminários, é como se "reconectar" com a população. Boa parte do documento, que vai hoje para o site da legenda, é dedicada a autocríticas. Não é à toa que a ordem é reforçar os gastos com comunicação.

Alinhamento. Aécio Neves (MG) não precisou se expor publicamente para emplacar o deputado Rodrigo de Castro na Secretaria Geral da nova Executiva do PSDB. Quem bancou o nome do mineiro foi o atual presidente tucano, Tasso Jereissati, o que foi lido internamente como um sinal inequívoco sobre de que lado o cearense joga na batalha silenciosa por 2010.

Vazou. Documento apreendido pela Polícia Federal na casa de José Roberto Pernomian, um dos suspeitos do esquema de corrupção envolvendo a Cisco, revela que ele tinha conhecimento prévio até mesmo do nome da Operação Persona, que investiga as fraudes em importações.

Nem aí. Os candidatos ao comando do PT já notaram: o entusiasmo de Lula com a sucessão na direção do partido, em dezembro, é quase zero. O desinteresse vem ganhando corpo desde que o nome sua preferência, o assessor do Planalto Marco Aurélio Garcia, foi rifado pelo antigo Campo Majoritário para que Ricardo Berzoini tentasse a reeleição.

Chancela. Além de PT e PSDB, o DEM também enfrenta convenção, em 12 de dezembro. No caso do ex-PFL, trata-se de formalidade para converter a atual direção de provisória em permanente. Rodrigo Maia (RJ) será confirmado na presidência para mandato de quatro anos. Na ocasião será lançada a logomarca oficial do partido.

Sem sinal. A bancada do DEM na Câmara fechou questão contra a MP que cria a TV Brasil, a rede pública do governo. Foram 40 votos contra 2 favoráveis à criação da emissora na bancada. Uma vez tirada a diretriz, quem divergir do partido na votação em plenário poderá sofrer punição.

Remédio amargo O deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE), diz que o governo deveria ser mais duro com os senadores da base na negociação da emenda da CPMF. "Eu, se fosse o presidente, baixaria um aviso de que, se não passar a CPMF, o primeiro corte será nas emendas dos parlamentares. Integral", diz o deputado.

Torneira. Além do leilão da folha de pagamento, Tião Viana (PT-AC) prepara medidas de economia para construir o terceiro anexo do Senado. Um estudo aponta como poupar R$ 40 milhões, incluindo uma tesourada nas horas extras.

Azedou. As relações entre PT e PMDB na Bahia estão tensas. O partido de Geddel Vieira Lima (Integração) reagiu aos acenos de Jaques Wagner ao tucano Antonio Imbassahy. O governador ensaiaria um "gelo" no PMDB e trabalharia para o PT não apoiar a reeleição do prefeito de Salvador, João Henrique.

Teatro. Petistas próximos à ministra Marta Suplicy (Turismo) crêem que Geraldo Alckmin não será candidato em 2008, e sim a governador em 2010. Acham que o tucano manterá o suspense, para inibir a entrada dela na disputa.

3 em 1. Partidos da base de José Serra formam blocos, uma brecha no novo regimento da Assembléia, para pressionar o governador. O primeiro unirá PPS, PSB e PDT.

Tiroteio

"A cada descoberta como esta, pode-se compreender por que o PT não deseja mais a reforma política nem o financiamento público de campanha, que eram bandeiras do partido quando estava na oposição".
Do deputado JOSÉ CARLOS ALELUIA (DEM-BA) sobre as suspeitas de que a Cisco utilizou laranjas para doar R$ 500 mil ao PT.

Contraponto

Cargo vitalício

Durante a votação, na CCJ do Senado, da emenda que prorroga o imposto do cheque, o tucano Flexa Ribeiro (PA) reclamava do descumprimento de acordos por parte do Planalto quando o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), precisou atender ligação no celular.
-Quando o senhor terminar, eu continuo!
Jucá tentou explicar que estava cobrando resposta às demandas dos tucanos, mas Flexa o interrompeu.
-Tenho a maior admiração por Vossa Excelência!
-Imagine se não tivesse...-, desabafou o governista.
-Lula não poderia ter um líder melhor. Era líder no governo FHC e seguirá líder no próximo governo do PSDB!


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