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Provas de suborno vão virar pó, diz defesa
Advogados de Daniel Dantas vão sustentar hoje que as gravações são de má qualidade e que todo o processo está viciado
Defesa também pedirá ao juiz Fausto De Sanctis para que a produção de provas não seja encerrada e mais testemunhas sejam ouvidas
ANA FLOR
FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A defesa que os advogados de
Daniel Dantas apresentam hoje na audiência final do processo em que o banqueiro é acusado de corrupção insistirá que
não há provas para envolvê-lo
em suposta tentativa de suborno de delegados da PF.
Além disso, as alegações finais pedirão a anulação de todo
o processo, sob a justificativa
de que houve cerceamento de
defesa e a ação é obra de um
"triunvirato acusatório", em
que polícia, juiz e Ministério
Público agiram juntos para
condenar o banqueiro -já com
vistas a eventuais recursos aos
tribunais superiores.
O advogado Nélio Machado
pedirá ao juiz da 6ª Vara Criminal, Fausto De Sanctis, que a fase de produção de provas não
seja encerrada -a audiência de
hoje finalizaria esta parte do
processo-, para que mais testemunhas de defesa sejam ouvidas. Caso seja aceito, o prolongamento da ação em primeira instância protelaria a
possível condenação de Dantas. Machado havia afirmado o
receio de levá-lo à audiência
por considerar a hipótese de
prisão. "[Trata-se de] uma missa de corpo presente", disse.
De Sanctis pode apresentar
sentença na própria audiência.
Se não o fizer, tem prazo de dez
dias para decidir, segundo o
Código de Processo Penal.
Dentre as várias acusações
feitas pela PF contra Dantas, o
que está em jogo hoje é o suposto oferecimento de US$ 1 milhão por Humberto Braz e Hugo Chicaroni -acusados de serem emissários de Dantas- a
dois delegados da PF. O suborno serviria para livrar o nome
do banqueiro e de parentes dele
do inquérito da Satiagraha, segundo o Ministério Público.
Em depoimento, Chicaroni
afirmou que parte dos cerca de
R$ 1 milhão apreendido em sua
casa foi enviada por Braz para
pagar o suborno. Na Justiça, ele
mudou a versão. A negociação
com os policiais foi autorizada
pela Justiça e filmada pela PF.
"Vou fazer as provas virarem
pó", disse Machado. Segundo
ele, as gravações das conversas
são de má qualidade e provas
estão viciadas. A defesa diz ainda que o telefonema no qual,
segundo a PF, Dantas autorizaria a oferta de propina não contém detalhes incriminatórios.
A tarefa de desmontar de maneira detalhada o suposto pedido de propina ficará para os advogados de Braz e Chicaroni.
Contaminação
Outro enfoque da defesa de
Dantas é alegar que o processo
está "contaminado" por uma
série de irregularidades -e por
isso deveria ser anulado. Cerceamento de defesa, parcialidade do juiz e questionamento da
vara criminal em que é julgado
vão reforçar os habeas corpus e
outros pedidos feitos à Justiça.
Os advogados afirmam que
não houve oportunidade suficiente para que a defesa apresentasse suas provas. Dizem
também que o juiz não permitiu que duas testemunhas estrangeiras -um americano e
um italiano- fossem ouvidas.
Além disso, Machado diz que a
6ª Vara Criminal não é o foro
indicado para julgar a causa,
por ser especializada em crimes de lavagem de dinheiro -o
caso é de corrupção ativa.
Anteontem, o STJ (Superior
Tribunal de Justiça) negou um
pedido da defesa para evitar
que Dantas participasse da audiência de hoje. O habeas corpus havia sido apresentado
com a alegação de que De Sanctis seria incompetente para julgar o caso por ser especializado
em lavagem de dinheiro.
Entre os pedidos que Machado fará ao juiz De Sanctis, está o
de ter acesso ao inquérito sobre
vazamento de informações, na
Satiagraha, pela PF. O motivo
alegado pela defesa é provar
outro fato questionado pelos
advogados: a participação da
Abin (Agência Brasileira de Inteligência) na investigação, que
afirmam ser inconstitucional.
Chicaroni e Braz também foram convocados para a audiência, que terá início às 10h. A advogada de Chicaroni, Lízia Calado, disse que não se manifestaria porque o processo tramita
em sigilo de Justiça. O advogado de Braz não foi localizado.
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