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RIO DE JANEIRO
Em 4 de janeiro, empresas enviaram propostas à fundação que participa do "Delegacia Legal"
Projeto começou no 1º dia de Garotinho
SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio
Em 4 de janeiro, primeiro dia
útil de Anthony Garotinho (PDT)
no governo do Rio, as empresas
de informática ITC e JPM enviaram à Fundação Coppetec proposta de instalação de um software, no valor de R$ 1.818.600, para o
"Projeto Delegacia Legal".
A proposta das empresas está
documentada na Secretaria Estadual da Segurança Pública pela
senha E-09/151/0004/99.
A assessoria de Garotinho informou que ele e o secretário da
Segurança, Josias Quintal, não comentariam o caso. A Coppetec
também não quis falar sobre a
proposta.
Garotinho tomou posse como
governador em 1º de janeiro, uma
sexta-feira. No fim-de-semana seguinte não houve expediente.
Na segunda-feira (dia 4), a Coppetec começou a receber propostas de empresas privadas interessadas em atuar no projeto.
Naquela data, não havia vínculo
oficial entre governo e Coppetec,
braço privado da Coordenação
dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da UFRJ
(Universidade Federal do Rio de
Janeiro).
O contrato entre Secretaria da
Segurança e Coppetec só foi assinado em 15 de março.
Mesmo sem contrato, as obras
da primeira Delegacia Legal começaram em 28 de janeiro. A
compra de equipamentos, em 14
de fevereiro.
A proposta da ITC e da JPM
consta da página 96 do processo
administrativo 151, da secretaria.
Ela é assinada pelo engenheiro
Sérgio Monteiro, da ITC, e por Júlio César da Hora, da JPM.
Comissões
A suspeita de irregularidades
no projeto levou o secretário da
Segurança, Josias Quintal, a nomear, em 28 de junho, uma comissão para examinar a questão.
Ao fim de 36 dias de trabalho, a
comissão concluiu que havia superfaturamento na compra de
equipamentos de informática e
em obras.
Insatisfeito com a conclusão, o
governo do Rio de Janeiro nomeou uma segunda comissão, em
19 de agosto (quinta-feira), para
realizar o mesmo trabalho da primeira.
Essa comissão concluiu em cinco dias (incluindo um sábado e
um domingo) que não houve superfaturamento.
No mesmo dia 23 em que a segunda comissão apresentou seu
relatório ao subsecretário de Pesquisa e Cidadania da Secretaria da
Segurança, Luiz Eduardo Soares,
a Coppetec apresentava sua defesa, com parecer do advogado Técio Lins e Silva.
Demissão
Coordenador da primeira comissão, o subsecretário administrativo da secretaria, Edmar Ferreira, foi demitido pelo governador depois que a Folha noticiou o
caso, no último dia 10. Passaram-se cinco meses entre o fim do trabalho da comissão e a demissão.
"Atuei em defesa do Estado, denunciando um comprovado ilícito administrativo. De acusador
em defesa do Estado, passei a acusado pelo governo, sem direito a
defesa", disse Ferreira.
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