São Paulo, Domingo, 19 de Dezembro de 1999


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RIO DE JANEIRO
Em 4 de janeiro, empresas enviaram propostas à fundação que participa do "Delegacia Legal"
Projeto começou no 1º dia de Garotinho

SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio

Em 4 de janeiro, primeiro dia útil de Anthony Garotinho (PDT) no governo do Rio, as empresas de informática ITC e JPM enviaram à Fundação Coppetec proposta de instalação de um software, no valor de R$ 1.818.600, para o "Projeto Delegacia Legal".
A proposta das empresas está documentada na Secretaria Estadual da Segurança Pública pela senha E-09/151/0004/99.
A assessoria de Garotinho informou que ele e o secretário da Segurança, Josias Quintal, não comentariam o caso. A Coppetec também não quis falar sobre a proposta.
Garotinho tomou posse como governador em 1º de janeiro, uma sexta-feira. No fim-de-semana seguinte não houve expediente.
Na segunda-feira (dia 4), a Coppetec começou a receber propostas de empresas privadas interessadas em atuar no projeto.
Naquela data, não havia vínculo oficial entre governo e Coppetec, braço privado da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
O contrato entre Secretaria da Segurança e Coppetec só foi assinado em 15 de março.
Mesmo sem contrato, as obras da primeira Delegacia Legal começaram em 28 de janeiro. A compra de equipamentos, em 14 de fevereiro.
A proposta da ITC e da JPM consta da página 96 do processo administrativo 151, da secretaria. Ela é assinada pelo engenheiro Sérgio Monteiro, da ITC, e por Júlio César da Hora, da JPM.

Comissões
A suspeita de irregularidades no projeto levou o secretário da Segurança, Josias Quintal, a nomear, em 28 de junho, uma comissão para examinar a questão.
Ao fim de 36 dias de trabalho, a comissão concluiu que havia superfaturamento na compra de equipamentos de informática e em obras.
Insatisfeito com a conclusão, o governo do Rio de Janeiro nomeou uma segunda comissão, em 19 de agosto (quinta-feira), para realizar o mesmo trabalho da primeira.
Essa comissão concluiu em cinco dias (incluindo um sábado e um domingo) que não houve superfaturamento.
No mesmo dia 23 em que a segunda comissão apresentou seu relatório ao subsecretário de Pesquisa e Cidadania da Secretaria da Segurança, Luiz Eduardo Soares, a Coppetec apresentava sua defesa, com parecer do advogado Técio Lins e Silva.

Demissão
Coordenador da primeira comissão, o subsecretário administrativo da secretaria, Edmar Ferreira, foi demitido pelo governador depois que a Folha noticiou o caso, no último dia 10. Passaram-se cinco meses entre o fim do trabalho da comissão e a demissão.
"Atuei em defesa do Estado, denunciando um comprovado ilícito administrativo. De acusador em defesa do Estado, passei a acusado pelo governo, sem direito a defesa", disse Ferreira.


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