São Paulo, domingo, 19 de dezembro de 2004

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RUMO A 2006

Em evento do presidente da Câmara, ministro diz que deputado está apto a representar o PT em qualquer eleição

Dirceu apóia pré-candidatura de João Paulo

CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Num evento de prestação de contas do mandato do presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), que, segundo a coordenação, reuniu mais de 2 mil pessoas e representantes de 202 cidades paulistas, além de lideranças políticas, como o ministro Antonio Palocci (Fazenda), o ministro José Dirceu (Casa Civil) declarou apoio à pré-candidatura do deputado ao governo do Estado.
"João Paulo está capacitado para nos representar em qualquer eleição e para qualquer cargo", discursou Dirceu, arrancando aplausos da platéia. "Temos de ter transparência entre nós", declarou, para, logo em seguida, minimizar a discussão sobre as eleições. "Nosso objetivo para 2006 não está, e não deve estar, na agenda do governo neste ano [em 2005], mas é evidente que está na hora de o PT governar São Paulo."
O ministro da Casa Civil avaliou que "a eleição de 2006 está longe e perto". Para Dirceu, o partido e o governo "passaram no teste eleitoral de 2004". O objetivo, agora, é "pensar em longo prazo e cuidar do partido".
Dirceu também adiantou que, a partir do próximo ano, deverá se dedicar à articulação política do PT no Estado. Ele disse que já avisou o presidente nacional do partido, José Genoino, sobre sua intenção. "Quero participar mais do PT e vou percorrer o Estado de São Paulo [com essa intenção]".
As declarações simpáticas de José Dirceu a João Paulo Cunha ocorrem depois de o ministro já ter declarado apoio ao senador Aloizio Mercadante (PT-SP), outro pré-candidato do partido ao governo do Estado. Mercadante, que participou da plenária de João Paulo, deixou o Anhembi, onde se realizava o evento, antes de Dirceu começar a discursar. Logo que chegou, o ministro falou rapidamente, no palco, com Mercadante.
O senador afirmou, ao chegar, que "o partido não vai antecipar o processo eleitoral". Essa também foi a tônica adotada por José Genoino.
João Paulo, em entrevista concedida antes do discurso de José Dirceu, afirmou que o momento para o partido "não é de discutir nomes, mas perfil, que é mais importante que o nome". Ele avaliou que o PSDB "está se exaurindo no Estado, após três mandatos, e o PT tem todas as condições de eleger o governador".
Sobre sua pré-candidatura, procurou demonstrar humildade. "Tem muita gente que lembra do meu nome e fico orgulhoso. Vou aceitar o desafio de discutir isso na hora certa".
O prefeito eleito de Osasco, Emídio de Souza, apesar de considerar que é "um pouco cedo" para iniciar uma discussão sobre as eleições de 2006, considerou que a candidatura de João Paulo "começou a ser gestada" no evento de ontem. O deputado federal Wagner Rubinelli (PT-SP), de Mauá, também mostrou-se entusiasta da candidatura de João Paulo. "Ele tem meu apoio."

Avaliação
Em seu discurso, o presidente da Câmara citou ações que realizou à frente do cargo e que considera importantes. E pediu para que os militantes defendam, "sem vergonha", o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e se engajem na política.
"Quando as pessoas do bem se afastam da política, as do mal ocupam espaço", afirmou. Ele também mencionou várias vezes o nome da prefeita Marta Suplicy, considerada uma das pré-candidatas do partido ao governo do Estado. "Na política, muitas vezes a sinceridade não é valorizada. A Marta é sincera e pagou o preço por isso."
Marta, que no encontro do Diretório Nacional do PT, no mês passado, leu uma carta na qual culpava, entre outros motivos, a política econômica do governo federal por sua derrota, ontem era todo elogios para Lula. "São Paulo só tem a agradecer a presença do presidente e seu apoio em todos os momentos de nosso mandato", discursou.
Na reunião do PT, Marta havia dito que "repercutiu nas eleições o desgaste do governo federal por conta dos fatores políticos, midiáticos e sociais próprios à conjuntura nacional". Ontem, porém, afirmou que apoiou a política econômica do presidente, "que agora começa a vingar".


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